Com a área de desenvolvimento hoteleiro em compasso de espera no Brasil, a Wyndham Hotels & Resorts direciona sua mira para o único lugar possível neste momento. Sim, com as conversões dificultadas pelo Perse e os empreendimentos greenfield praticamente paralisados diante dos custos de obra e os juros mais altos, a multipropriedade é o único vetor de expansão mais robusto da indústria de hospitalidade brasileira atualmente. Então, a rede norte-americana faz como naquela frase: se o crescimento está ali, é para lá que eu vou!

Segundo o relatório Cenário de Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil 2022, 28 novos projetos de multipropriedade tiveram início de comercialização de 2021 para 2022, totalizando 6,5 mil apartamentos e mais de 185 mil frações colocadas no mercado. Produzido pela Caio Calfat Real Estate Consulting, o estudo informa ainda que o VGV (Valor Geral de Vendas) do segmento cresceu 45,5% frente ao ano anterior, somando R$ 41,2 bilhões. Então, diante da desaceleração do pipeline de hotéis no país, como aponta recente estudo da HotelInvest e FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), o movimento de expansão da Wyndham faz todo o sentido.

E, neste campo de atuação, a cadeia norte-americana realmente se sente em casa, e por diferentes razões. Primeiro, não dá para esquecer as íntimas relações da empresa com o segmento de timeshare. Outro fator preponderante, principalmente para os desenvolvedores imobiliários, é a expertise do time de Desenvolvimento de Negócios, liderado por Maria Carolina Pinheiro e que conta com profissionais que atuaram anos na RCI, casos de Luciana Kuzuhara e Armando Ramirez.

WYNDHAM - Luciana Kuzuhara

Rede possui a expertise necessária, diz Luciana

“Estamos um passo à frente para auxiliar os proprietários que desejam entrar no segmento. Conhecemos os principais comercializadores e fornecedores do mercado. É um know how importante para suportar o desenvolvedor imobiliário, entregando ainda processos que ajudam na viabilidade do projeto. Ou seja, já passamos por toda curva de aprendizado que o segmento demanda”, afirma Luciana, gerente sênior de Desenvolvimento de Negócios da Wyndham desde março de 2020.

E, de fato, a multipropriedade é um mercado complexo, que aparentemente tem uma barreira de entrada baixa, mas que passa por um processo de amadurecimento e um movimento de consolidação recente. Ainda assim, sobram projetos para operar longe dos grupos mais consolidados, e são esses empreendimentos (em planejamento e em comercialização) que a rede norte-americana direciona suas atenções. “Existe um gap entre o projeto, a comercialização das frações e a operação do resort quando é entregue, o que exige conhecimento”, comenta Ramirez, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Wyndham na América Latina.

“A piscina do restaurante vai suportar o público? As atrações de entretenimento serão suficientes para a demanda potencial? O consumidor está pagando a incorporação, mas compra sobretudo a experiência. São muitas nuances para garantir o sucesso do projeto e, com nossa expertise, podemos ajudar os desenvolvedores em cada um desses passos. Veja um exemplo: fazemos uma análise do valor que deve ser cobrado de condomínio. Orientarmos que isso seja falado já na sala de vendas, pois ajuda a mitigar os distratos”, completa o executivo, em entrevista exclusiva durante a Conferência Regional LATAMC da Wyndham, realizada semana passada, no México.

WYNDHAM - Armando Ramirez 3

Sucesso do projeto tem muitas nuances, afirma Ramirez

Operação ou não?

Em 2022, a Wyndham assinou 49 novos contratos na América Latina, sendo nove no Brasil. Destes, praticamente a metade foi de multipropriedade, revela a dupla. “Quando começamos a negociar, uma das nossas maiores preocupações é saber quem são os parceiros, quem vai comercializar… O VGV dos projetos é atrativo, salta aos olhos, mas tem vários passos antes até a incorporação”, explica Ramirez. “Analisamos a fundo cada projeto. E, veja, este acompanhamento tão próximo nem é nosso papel, mas entregamos isso aos desenvolvedores. No fim da linha, estamos prezando pela sustentabilidade do mercado”, complementa Luciana.

Embora opere alguns dos resorts de multipropriedade que usam bandeiras da Wyndham no país, Luciana e Ramirez contam que a rede analisa caso a caso se vai ou não administrar esses empreendimentos. “Até porque temos parceiros que fazem isso muito bem, casos da Hotelaria Brasil e Trul Hotéis”, acrescenta a gerente. Vale destacar que, hoje, a rede norte-americana tem dois grandes cases para mostrar aos desenvolvedores imobiliários no país: Wyndham Gramado Termas Resort & Spa (veja Hotel In Loco) e o Wyndham Olímpia (veja Hotel In Loco).

“Multipropriedade demanda uma gestão muito complexa operacionalmente e financeiramente. Administrando ou não, assessoramos nossos parceiros em todos os passos do projeto, indicando os parceiros certos para garantir a viabilidade e o sucesso do projeto. Certo que a Wyndham é uma chancela que vai além da expertise do nosso time de Desenvolvimento. Nossas marcas, associadas ao poder de distribuição e programa de fidelidade do nosso sistema de vendas, faz o resto”, explica Ramirez, que encerrou a entrevista para fazer uma call com um prospect potencial no Brasil. Sem problemas, a expansão não pode parar!

(*) Crédito da capa: Arquivo HN
(**) Crédito das fotos: Divulgação/Wyndham Hotels & Resorts