O ano de 2021 foi movimentado para a Atlantica Hospitality International. No período, a operadora entrou de cabeça no segmento de short-term rental, firmou parcerias de benefícios e ainda absorveu a operação de 24 empreendimentos do THG (Transamerica Hospitality Group). Tudo isso sem contar inúmeras aberturas pelo país. Com o aquecimento iminente do mercado, a rede espera crescer mais de 50% em receita frente ao alcançado no ano passado.

“Parte disso é crescimento de RevPar, parte é crescimento de volumetria. O importante é voltarmos a operar com um nível de lucro operacional bruto dos hotéis acima do patamar de 30%”, declara Eduardo Giestas, CEO da operadora, em entrevista ao Hotelier News.

Para conseguir tal objetivo, a operadora aposta na retomada do corporativo e na recuperação das diárias médias — principal foco no momento. E muito além das tarifas, um dos grandes desafios para 2022 é a reposição salarial do quadro de funcionários, também afetado pela pandemia.

“Também somos bastante impactados pela crise hídrica, gerando uma pressão nos custos de energia, que é um grande insumo do nosso produto, além da inflação de alimentos, com toda a nossa operação de A&B (Alimentos & Bebidas)”, acrescenta o executivo.

O contexto nos leva, novamente, a importância de retomar as tarifas este ano. Giestas destaca que as diárias são a peça fundamental para que as unidades voltem a ter uma boa rentabilidade. Para somar ao conjunto de preocupações, a instabilidade cambial, a não recuperação de empregos e a pressão inflacionária são elementos que também acompanharão o setor nos próximos meses.

“De um modo geral, se a economia não cresce, as empresas seguram eventos, viagens, que são custos compressíveis, e nós somos diretamente impactados pela volatilidade do segmento corporativo”, pontua o CEO.

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Temos uma ótima perspectiva para 2022, diz Giestas

Resultados dentro do previsto

Mesmo com a nova onda gerada pela Ômicron, a Atlantica conseguiu bons resultados em janeiro. A ocupação média dos hotéis da rede ficou acima dos 50%, com previsão de fechamento positivo para fevereiro e março, de 54% e 55%, respectivamente. Apesar dos números além do esperado, o indicador ainda ficou abaixo dos patamares de 2019 para o período.

“Nesse primeiro trimestre, verificamos que a aceleração da recuperação das diárias ficou bem acima do previsto. A diária de dezembro também foi bastante alta: aproximadamente 4% melhor do que no período pré-pandemia. Também quero destacar que, pelo perfil dos nossos hotéis, em dezembro, historicamente temos uma ocupação abaixo de 60%, porém fechamos dezembro de 2021 com uma ocupação acima de 57%, quando o histórico pré-pandemia era próximo a 54%”, comemora Giestas.

A nova cepa pode ter surpreendido a todos, mas os resultados da Atlantica ficaram dentro do previsto. Mesmo com picos de cancelamentos, o baque não chegou nem perto do vivido na primeira e segunda ondas. “Chegamos a ter 27% de cancelamentos na segunda onda e por volta de 18% com a Ômicron, concentrados em um período de tempo muito mais curto, além da recuperação do pick-up que aconteceu de maneira bem mais rápida”, revela o executivo.

Os cancelamentos e adiamentos foram mais visíveis no corporativo, com grandes empresas suspendendo viagens e eventos como resposta ao aumento de casos no primeiro mês do ano. “Porém, com o declínio da Ômicron, temos uma ótima perspectiva para 2022, principalmente com a aceleração de preço da diária média e a melhoria da margem do lucro operacional bruto, muito em função de estarmos conseguindo manter os ganhos de eficiência operacional que foram capturados durante os últimos dois anos”, complementa.

O protagonismo do offshore

Enquanto destinos de lazer ganham destaque na retomada, a Atlantica aponta locais improváveis como suas praças mais bem posicionadas. Vitória (ES), Campos dos Goytacazes (RJ) e Macaé (RJ), impulsionadas por atividades do offshore, vem apresentando os melhores desempenhos do portfólio em 2021.

Para o primeiro trimestre de 2022, a expectativa é que o setor continue dando força aos resultados nas respectivas praças. “Porém, para esse período, Recife surge com maior crescimento se comparado à Macaé. Para março, esse comportamento deverá se manter”, diz Giestas.

Maior mercado do país, São Paulo vem se recuperando a duras penas. Dependendo de grandes eventos, a cidade viu o cenário ganhar novas cores no último trimestre de 2021. “Tivemos sinais de recuperação com 81% do atingimento da receita de hospedagem proposta e o equilíbrio da diária média”, explica o CEO.

Previsão de aberturas

Em 2022, o portfólio da Atlantica deve ganhar mais 22 hotéis – cerca de 3 mil UHs. Em fevereiro, a operadora anunciou a abertura do e/joy Butantã, em São Paulo, com studios que ampliam a oferta de residencial com serviços.

A parceria entre a rede e o THG também é motivo de grandes expectativas este ano. Além das 24 unidades em operação, mais três serão abertas nos próximos 18 meses. “Neste mês de fevereiro, anunciamos a primeira conversão de hotel para a bandeira Transamerica Executive. Essa aliança foi uma decisão acertada e a força da marca tem superado as nossas expectativas, o que pôde ser visto, por exemplo, pela procura dos hotéis Transamerica na última Black Friday, que foi 93% a mais do que em 2020. Então, estamos bastante satisfeitos com os resultados até aqui”, finaliza Giestas.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Atlantica Hospitality International