Cada vez mais investidores do segmento da hotelaria na América Latina e no Caribe procuram grandes redes como maneira de fortalecer sua marca. Nesse contexto, o Brasil tem se destacado, pelo menos é o que revelou a cobertura do CoStar da HOLA (Hotel Opportunities Latin America).

Ricardo Mader, CEO da Colliers Market Intelligence and Advisory e co-presidente da HOLA para a América do Sul, revelou algumas de suas percepções sobre o tema. “Pela primeira vez, estamos vendo um aumento nas transações. Muitos hotéis estão sendo vendidos, principalmente no Brasil, mas também em outros países como Chile e Colômbia”.

“Isso se deve à pressão atual. Antes, os hotéis da região não eram muito alavancados. Com as altas taxas de juros, agora há pressão para vender e se livrar da dívida”, completa Mader.

A conferência destacou uma mudança significativa na percepção dos investidores locais sobre a importância das parcerias com bandeiras internacionais no segmento da hotelaria. No passado, esse tipo de negócio não era prioridade. Entretanto, no período que sucedeu a pandemia da Covid-19, mais proprietários passaram a procurar marcas fortes.

“Investidores com 30 ou 35 hotéis sempre pensaram que sua marca era mais importante do que uma bandeira  internacional”, disse Mader. “Agora, eles veem a diferença que uma marca forte e todos os benefícios que ela traz”.

Jorge Apaez, diretor de Operações para o México, América Latina e Caribe da IHG Hotels & Resorts, observou que tanto investidores novos quanto estabelecidos estão convertendo seus ativos existentes para capturar a demanda por hotéis de luxo, estilo de vida e experiência.

Thomas Dubaere, CEO das Américas da Accor, também comentou o assunto e mencionou que há oportunidades para converter espaços de escritórios não utilizados em hotéis.

“Em 2023, 19% dos nossos investidores [na Accor] estavam no setor hospitalidade pela primeira vez. Principalmente, são investidores que vêm do setor imobiliário tradicional — apartamentos, residências e escritórios. Estamos vendo que esses escritórios estão enfrentando algumas dificuldades; há oportunidades de conversões ali”, disse o executivo.

Marco Roca Sr., CEO da Reveille Hospitality, também marcou presença no evento e alertou que alguns proprietários subestimam o custo de executar essas conversões, citando desafios físicos como elevação vertical, altura do teto e encanamento.

As falas dos executivos reverberam uma tendência já observada há algum tempo no mercado da hotelaria brasileira, exemplo disso é que gigantes do segmento, como Hilton, Marriott e Wyndham têm intensificado seus investimentos na região.

Marriott, Hilton e Wyndham

Em 2023, a Marriott adicionou mais de 170 propriedades na América Latina e Caribe, tornando-se a maior empresa hoteleira nos destinos, dando um sinal claro de seus planos para a região. A rede ainda prevê a chegada da City Express no mercado brasileiro em breve.

Já a Hilton triplicou o portfólio nas duas regiões durante a última década. O crescimento, segundo Paulo Maturana, vice-presidente de Desenvolvimento para a América Latina e Caribe, é creditado à equipe de especialistas no mercado com foco em crescimento orgânico, que buscam novas oportunidades de construção e conversão.

Outro exemplo desse movimento — a Wyndham — fechou, no ano passado, 13 contratos de conversão no Brasil. Para 2024, a expectativa é de que a rede chegue aos 50 contratos assinados na região como um todo, dos quais pelo menos 10 seriam em destinos brasileiros.

(*) Crédito da imagem: Unsplash