O uso de algoritmos para estabelecer estratégias de revenue management na hotelaria tem gerado uma discussão acalorada nos Estados Unidos, conforme reportado pelo Phocuswire. Isso porque a legalidade da utilização deste tipo de solução tem enfrentado um número crescente de controvérsias legais.

Recentemente, uma série de ações judiciais coletivas foram movidas contra plataformas de gestão de receitas hoteleiras — exemplos disso são a antiga Rainmaker, agora conhecida como Cendyn Revenue Cloud, e a RealPage, que oferecem insights para a formação de preços baseados através de algoritmos.

As ações argumentam que o simples acesso a essas informações configura uma conspiração ilegal entre concorrentes, sugerindo que haveria uma fixação de preços em detrimento de uma competição saudável. Os resultados dessas medidas nos tribunais têm sido mistos, mas o que chama a atenção são os sinais vindos da FTC (Federal Trades Comission) e do DOJ (Departament of Justice) em sua divisão Antitruste.

Ambos alertaram que a consulta a tais plataformas poderia violar diretamente o Sherman Antitrust Act de 1860, mesmo sem evidências de acordo entre os concorrentes. Tal violação, se comprovada, poderia resultar em consequências severas, incluindo até mesmo tempo de prisão.

O Sherman Antitrust Act foi promulgado com o objetivo de impedir o aumento artificial de preços por meio da restrição do comércio ou da oferta e autoriza a intervenção por parte do DOJ. Além disso, a lei permite que partes lesadas pelas condutas em questão obtenham uma compensação monetária três vezes maior do que o prejuízo sofrido.

A preocupação das autoridades é que a disponibilidade de soluções de precificação algorítmica possa ser interpretada como um convite à formação de um cartel de preços, e a assinatura dessas soluções, uma espécie de acordo implícito para impedir a livre movimentação das tarifas.

Essa situação coloca em xeque milhares de usuários comuns de softwares de gestão de receitas, que se valem de algoritmos para estabelecer o preço da diária. O DOJ descreveu a situação como “algoritmos são a nova fronteira”, indicando uma possível nova direção na aplicação das leis antitruste.

O que diz um dos líderes do segmento de revenue management

A Cloudbeds defende a competição saudável e a prerrogativa dos hotéis de compartilhar ou reter seus dados proprietários de ferramentas algorítmicas.

A empresa argumenta que suas soluções são usadas justamente para competir no mercado de hospedagem e que a ideia de conluio é teoricamente possível em qualquer indústria, mas não reflete a realidade do setor hoteleiro, onde grandes variações de preços são comuns.

A discussão em torno da legalidade das ferramentas de revenue management por algoritmos acende um sinal de alerta para todas as empresas de tecnologia da hospitalidade. A Cloudbeds afirma conhecer profundamente seus clientes e garante que o que é melhor para o hóspede sempre será a direção que eles seguirão em seus negócios, reforçando seu compromisso com a arte da hospitalidade, e não apenas com transações.

(*)Crédito da imagem: freepik