Seguindo uma tendência global, as viagens corporativas começaram o ano de 2023 apresentando crescimento significativo. De acordo com os dados da Abracorp, divulgados hoje (14), o setor registrou faturamento de R$ 982 milhões no mês, alta de 17% frente a janeiro de 2019 (R$ 835 milhões). Além do segmento aéreo, a hotelaria é destaque, com receita de R$ 248 milhões, aumento de 25% em relaçao ao mesmo período pré-pandemia (R$ 197 milhões).

“Interessante perceber que o comportamento em janeiro de 2023 também começa a voltar aos patamares de 2019, pois o pernoite de apenas uma noite, que em 2022 foi de 37% do total das hospedagens, avançou em 2023 para 42%”, revela Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorpo. “Como a hotelaria nacional teve crescimento de 8% nas diárias enquanto no aéreo houve redução? Tudo aponta para uma conclusão de que o modal de viagens e o comportamento do viajante corporativo mudaram de fato”, complementa.

Os resultados do setor de viagens corporativas apresentam aquecimento ainda mais surpreendente se comparados com janeiro de 2022, se aproximando dos 100%. Entretanto, é importante ponderar que o período foi fortemente impactado pela Ômicron. O baixo desempenho faz a comparação anual dar índices de crescimento muito altos, o que não representa, necessariamente, uma visão exata do momento do mercado. Por esse motivo, é provável que os expressivos incrementos não devem se repetir ao longo do ano.

Outros setores

Faturando R$ 642 milhões em janeiro, o setor aéreo responde por quase 60% de todo o volume dos onze setores analisados. “Embora o aéreo doméstico tenha apresentado queda de 22% no número de tíquetes corporativos, houve um aumento no valor na passagem de 27,8%”, infere Tanabe. “Por outro lado, há uma diferença muito grande entre tarifa corporativa e lazer, o que nos preocupa. As tarifas altas fazem com que as empresas revisem suas programações de viagens e o mercado corporativo é fundamental no mix de viajantes”, pondera.

Para compreender a gravidade do problema, Tanabe faz um exercício. Para uma reserva São Paulo-Rio-São Paulo, a chamada “ponte aérea”, com viagem marcada para junho, o custo seria de cerca R$ 450,00. Se uma empresa fizer a mesma reserva para a próxima semana, o custo da passagem será dez vezes maior. “O corporativo está subsidiando o lazer. Isso faz algum sentido, mas a diferença assusta o viajante”, afirma. “Esse viajante enquanto pessoa jurídica, que se desloca para trabalhos, é o mesmo viajante pessoa física nas férias”, complementa.

Contribuindo para a avaliação de Tanabe sobre a mudança de comportamento do viajante corporativo e do modal de viagens, os setores de locação de veículos e serviços rodoviários também apresentaram variação positiva. O destaque fica para o último item, que ao faturar R$ 2,5 milhões, conquistou alta de 303,1% frente a janeiro de 2019 (R$ 628 mil). A locação de veículos, por sua vez, encerrou o primeiro mês do ano faturando R$ 29,4 milhões, aumento de 98% na mesma base comparativa (R$14,8 milhões).

(*) Crédito da foto: Artem Zhukov/Unsplash