* O jornalista viaja a convite da SAHIC Latin America & The Caribbean

** De Cartagena, na Colômbia

Que mercados as grandes redes estão de olho?

A resposta para o título da reportagem praticamente pautou o primeiro painel do segundo dia da programação da SAHIC Latin America & Caribbean. O evento, que reúne executivos das principais redes hoteleiras internacionais, além de outros players da cadeia de negócio hoteleiro, encerra-se hoje (28), no Hilton Cartagena, em Cartagena, na Colômbia.

Mediado por Stephanie Ricca, editor diretor da Hotel News Now, o painel do SAHIC teve participação de executivos de desenvolvimento de redes como Hilton, Hyatt Hotel, Marriott e IHG (InterContinental Hotel Group) na região. Na lista estão Juan Corvinos, Paul Adan, Camilo Bolaños e Bojan Kumer.

Questionados por Stephanie quais mercados e segmentos de negócios estão interessando suas empresas na região, apenas Kumer e Corvinos citaram nominalmente o Brasil. E, de fato, apenas Marriott e Hilton, respectivamente, têm projetos anunciados ou com aberturas recentes previstas no país no curto prazo – à exceção da Accor, é claro.

Corvinos, por exemplo, comentou sobre o potencial da marca Tru by Hilton, que tem projetos já inaugurados e no pipeline dentro do mercado brasileiro, mas que o executivo entende haver sintonia com outros países da região, onde há pouco tempo fez sua estreia. “Estamos há bastante tempo na América Latina e, nos últimos anos, nosso crescimento está estável”, disse.

Em sua fala, Kumer basicamente repetiu o que disse a nossa reportagem recentemente: México e República Dominicana são os mercados prioritários, mas Brasil está no radar, principalmente após a aquisição da marca City Hotels, que atua no segmento econômico. “Ao todo, são 44 hotéis no pipeline da região”, revela o executivo da Marriott. Vale destacar que a Marriott está com uma posição aberta na área de Desenvolvimento no Brasil, o que mostra o foco que a gigante vem dando ao país.

Pelos lados do IHG, Adan comentou que, com o acordo comercial firmado com Iberostar, o grupo britânico abre boas possibilidades no mercado de resorts all inclusive no Caribe. “Hoje, 30% do nosso pipeline é luxo e lifestyle. E é isso que vai guiar nosso crescimento nos próximos anos”, acrescentou. Visão muito parecida tem a Hyatt, como descreveu Bolaños.

“Somos uma rede de luxo. Não temos nenhuma pretensão de ser os maiores, por exemplo, e nosso foco seguirá neste seguimento e no lifestyle. O grosso do crescimento na região vem do México e do Caribe, e acredito que assim continuará em função das nossas recentes aquisições de Dream Hotels e Apple Leisure”, comentou.

Midscale: há espaço?

Repercutindo uma matéria que o Hotelier News já abordou no passado, Stephanie questionou os painelistas se o segmento midscale voltado para o corporativo ainda atrai investidores interessados. “São vocês que vendem mais do que eles procuram?”, perguntou a jornalista.

“Diria que é um pouco dos dois. Há um amplo espectro de pessoas que viajam mundo agora e temos que atender aos clientes”, respondeu Kumer. “Sim, houve uma desaceleração no pipeline para esse tipo de produto, mas não acho que o interesse vai cessar. Os desenvolvedores que conversamos parecem ter dado uma pausa em função do ciclo de alta nos juros, mas não pararam de procurar negócios hoteleiros”, acrescentou Bolaños. “No fim do dia, trata-se de apresentar a marca certa para a necessidade do mercado e do desenvolvedor”, continuou.

Adan, do IHG, acrescentou que, em toda região, percebe certo aquecimento na procura das marcas Holiday Inn e Holiday Inn Express, mas, como observou Bolaños, quem sempre dá as cartas é o investidor. “Todos nós aqui neste painel temos várias bandeiras e queremos crescer com todas, mas no fim do dia só cresce o que interessa os investidores”, finaliza.


SAHIC confirma local da próxima edição e anuncia novidade 

Próximo do fim da programação da SAHIC Latin America & Caribbean, Arturo Garcia Rosa anunciou o país onde será realizada a próxima edição do evento, que é focado na área de desenvolvimento hoteleiro e reúne alguns dos principais players e elos do setor na América Latina.

E próxima parada do encontro será em Lima, no Peru, em 2024. “Estamos felizes em voltar ao Peru, país onde já realizados uma edição passada e que tem uma importância muito grande para turismo latino-americano”, disse Garcia Rosa.

Após anunciar o local da próxima edição, o CEO da SAHIC chamou ao palco Daniel Cordova, Business Investment Director do PromPeru, que agradeceu à organização do evento pela escolha do seu país para a realização do encontro em 2024. É importante destacar, contudo, que a data e local ainda não estão confirmados.

“Demorou quase uma década para o evento finalmente voltar para Lima e estamos muito felizes pela escolha e, principalmente, com uma elevada  expectativa para sediar essa conferência”, afirmou Cordova. “Mais do que felizes pela escolha de Arturo, esperamos que a SAHIC, que tem um ambiente muito bom para geração de negócios, ajuda também estimular o setor hoteleiro em nosso país”, completou.

Novo evento

Garcia Rosa também aproveitou o momento para anunciar o lançamento do Bleisure Summit. Criado para abordar os chamados blended developments, o que inclui hotéis, resorts, all inclusive e residences das duas pontas do negócio: lazer e corporativo.

“A continua evolução do bleisure e o segmento de lazer, incluindo o all inclusive, são algumas das principais tendências que observamos nos últimos anos em nossa indústria”, disse o CEO da SAHIC. “Bleisure e nômades digitais ajudaram a mudar significativamente os negócios hoteleiro e imobiliário e podemos dizer sem medo de errar que os dois vieram para ficar”, completou Garcia Rosa.

Diferentemente da próxima edição da SAHIC Latin America & Caribbean, o Bleisure Summit já tem data e local confirmados. O evento será realizado nos dias 9 e de 10 novembro, no Royalton Splash Riviera Cancun, que integra o portfólio da Autograph Collection da Marriott International.

“Primeiro, é um lugar incrível. Segundo, é um destino muito importante para a indústria hoteleira da América Latina. Então, não poderíamos estar mais animados do que organizar nosso evento de estreia em Cancún e no México. Espero vocês por lá!”, finaliza Garcia Rosa.


Demanda futura da hotelaria latino-americana é destaque na SAHIC

Para abrir a programação do segundo dia da SAHIC Latin America & Caribbean, um olhar sobre a demanda futura no setor hoteleiro. Parceiro do Hotelier News no Hotel Trends Stats, a OTA Insight apresentou alguns dados em diferentes praças do mercado latino-americano.

Team Leader da plataforma de data intelligence na América Latina, Ricardo Souza começou sua fala mostrando como diferentes cidades na região, como Santiago, Cartagena, São Paulo, Rio e Janeiro, Cidade do México e Cancún, tiveram sucesso em recompor suas tarifas ao longo de 2022.

“Destaque muito grande para o Rio de Janeiro no ano passado, que conseguiu recompor seus padrões de preço em comparação com 2019. No Rock in Rio, por exemplo, a cidade viu níveis tarifários similares a de datas comemorativas relevantes, como Réveillon e Carnaval”, comentou.

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Souza apresentou alguns dados em diferentes praças do mercado latino-americano

Já Buenos Aires, que sofreu bastante na pandemia, apresentou uma recuperação mais robusta no ano passado. “Com perfil corporativo, São Paulo demorou um pouco mais para ganhar tração, mas a partir do segundo trimestre acelerou em uma combinação interessante de crescimento de ocupação e preços”, disse Souza.

No México e Caribe, a histórica foi completamente diferente. Em 2022, na comparação com 2019, as praças tiveram um desempenho robusto, com a demanda do lazer explodindo. “De perfil mais corporativo, a Cidade do México demorou um pouco para recuperar-se, assim como São Paulo, mas já estabilizou suas tarifas em um bom patamar”, comentou Souza.

“Importante citar que, diante da pressão inflacionária, recompor os preços era um trabalho fundamental para para todos os hotéis da região”, acrescentou o executivo da OTA Insight.

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E em 2023?

Em relação aos preços, os dados de tarifas públicas apresentados por Souza mostram que o primeiro trimestre manteve o ritmo nas cidades latino-americanas. “Novamente, o Rio de Janeiro teve uma temporada de verão com alta demanda e preços lá em cima. Buenos Aires também conseguiu manter seu patamar de preços.”

“Na contramão, existem cidades com um trabalho ainda a ser feito, caso de Santiago. Mais ainda, praças de lazer não conseguem repetir o crescimento de preços do ano passado, mas mantêm as tarifas em um patamar elevado”, acrescentou. “Um recado importante é: baixar tarifas não garante demanda”, finaliza Souza.

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News

(**) Crédito do infográfico: Divulgação/OTA Insight