Com 12 unidades em operação no Brasil, a Meliá International quer retomar sua expansão no país. Sim, retomada é mesmo a palavra-chave aqui, visto que a rede espanhola tem um reconhecido brand awareness com o público brasileiro. Imagem construída, por sinal, ao participar ativamente do ciclo de desenvolvimento hoteleiro ocorrido no final dos anos 1990 por aqui. Agora, na mira da operadora, estão até três aberturas por ano – e as prospecções já começaram.

“Já temos um contrato em negociação”, revela Bernardo Cabot, diretor de Desenvolvimento da Meliá para Américas, em encontro com jornalistas ocorrido hoje (26) pela manhã, no Meliá Paulista, em São Paulo. “A melhor maneira de expandir é ter parceiros locais que conhecem o mercado, e o Caio vai nos ajudar bastante”, acrescenta o executivo, referindo-se a Caio Calfat, sócio da Caio Calfat Real Estate Consulting, que apoiará a expansão da rede espanhola neste novo momento.

Meliá - expansão Brasil - infográfico

Em sua breve fala, Calfat relembrou o papel desempenhado pela Meliá nos ciclos de desenvolvimento hoteleiros do passado, quando conseguiu gravar sua marca na memória afetiva do consumidor tupiniquim. “É esse resgate que pretendemos proporcionar nesse novo período de consolidação da Meliá no mercado brasileiro, em um processo semelhantes ao que ocorreu no passado. Desta vez, contudo, com marcas novas tanto na hotelaria de negócios, quanto na de lazer”, disse o consultor.

Hoje, a rede espanhola tem 12 marcas no portfólio, muitas delas inéditas no mercado brasileiro, casos de ME by Mélia, Meliá Collection, Paradisus e Zel, criada em parceria com o tenista Rafael Nadal. “Para gerar volume, acredito que as bandeiras Meliá e InnSide (já presentes no Brasil) tenham maior potencial. Agora, vejo espaço para um ME (de perfil mais upper upscale) no Rio de Janeiro ou em São Paulo, por exemplo. Também enxergo oportunidades para a Meliá Collection, no caso de hotéis menores. E não nos limitaremos às capitais. Gramado (RS) e Foz do Iguaçu (PR) são destinos que queremos estar”, comentou Cabot.

“No segmento de lazer, acho que há espaço também para resorts da marca Paradisus”, acrescentou Celia Sarmiento, diretora de Desenvolvimento para a América Latina, também presente ao encontro. Cientes de que a oferta nova no mercado de lazer está praticamente toda concentrada nas multipropriedades, os dois executivos confirmaram o interesse da rede espanhola em operar empreendimentos neste modelo de negócio.

Segundo dados do estudo Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedade no Brasil, produzido pela Caio Calfat Real Estate Consulting, o Brasil conta com 180 projetos de multipropriedade lançados no mercado nacional, com um VGV (Valor Geral de Vendas) total de R$ 59,9 bilhões.

Estratégia de expansão

Se nos chamados new buildings a aposta está centrada nas multipropriedades, na hotelaria tradicional não há outro caminho para a Meliá que não sejam as conversões, seja por meio de contratos de administração ou de franquia, visto que a nova oferta prevista no país é pequena. Um possível fim mais cedo do que o programado do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) pode gerar uma “dança das cadeiras” entre as operadoras hoteleiras no país, abrindo oportunidades para a rede espanhola – e também para a concorrêrncia, claro.

Meliá - expansão Brasil - Celia Sarmiento e Bernardo Cabot

Celia e Cabot: otimismo em relação ao Brasil

É por isso que, durante a coletiva, Cabot e Celia ressaltaram algumas fortalezas da rede:

  • Programa de fidelidade: Meliá Awards tem 16 milhões de usuários.
  • Vendas diretas: canais proprietários respondem por 35% das reservas.

“Nossa estratégia de crescimento é totalmente asset light. O que pretendemos é nos unir com desenvolvedores locais para assinar contratos de adminitração e de franquias. O foco é crescer organicamente nos Brasil, mas não descartamos parcerias com outros grupos para uma expansão conjunta”, destacou Cabot. “A decisão sobre os contratos, se serão de franquia ou de gestão, ocorrerá em acordo com os proprietários”, completa.

Outra possibilidade a ser explorada são as chamadas branded residences, que Cabot enxerga além das marcas de luxo. “Os consumidores estão mudando, principalmente os mais jovens, que têm procurado os residenciais com serviços. Já operamos no exterior com a marca ME, por exemplo, mas entendo que podemos usar quase todas as nossas bandeiras nesse tipo de operação”, avalia.

“Não somos como as grandes redes internacionais, embora nosso tamanho seja similar. Para eles, o pipeline é um KPI importante para a geração de mais negócios. Já para a Meliá, o volume não é algo tão relevante como para eles. Sim, queremos seguir crescendo, mas com uma estratégia diferente: o objetivo é fazer isso de forma constante, mirando sempre o longo prazo”, finaliza Cabot.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Meliá International

(**) Crédito da foto: Vinicius Medeiros/Hotelier News

(***) Crédito do infográfico: Divulgação/Meliá International