Aos 65 anos, Caio Calfat é referência quando se trata de mercado imobiliário dentro do setor turístico. Se hoje seu nome é um dos primeiros que vêm à mente dos profissionais quando se trata do assunto, tem motivo. Com 30 anos de atuação na indústria, o executivo é ativo em diferentes entidades e dá consultoria com um know how que poucos ostentam.

Paulistano e formado em Engenharia Civil pela Universidade de Mogi das Cruzes, Calfat fundou sua empresa, a Caio Calfat Real Estate Consulting em 1996, com foco na área de planejamento e consultoria de empreendimentos turísticos. “Nosso carro chefe sempre foi a hotelaria e o turismo, mas nunca deixei de atuar em outros segmentos como loteamento e comercial, com escopo de estudo de mercado, busca por parceiros e operadores”, conta.

Em 2021, a empresa comemora 25 anos de atividades, que serão comemorados em grande estilo. “O escritório foi se aprimorando ao longo das décadas e pretendemos celebrar com eventos e novidades que estamos planejando”, adianta.

Desde 2009 o profissional atua na Secovi-SP, inicialmente como diretor e, posteriormente, como vice-presidente de Assuntos Imobiliários Turísticos. “Criei o setor imobiliário turístico, que não era abrangido na época. Estamos com essa diretoria que passou a ser uma vice-presidência em 2012”.

No ano passado, Calfat foi eleito presidente da Adit Brasil, entidade da qual participou da fundação, em 2006. “Fiz parte do Conselho Consultivo e Administrativo. Criamos com a finalidade de desenvolvimento turístico no Nordeste e depois no resto do país”, explica.

O profissional ainda é membro do MRICS do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyor) desde 2013, Conselho Consultivo do SPCVB (São Paulo Convention & Visitors Bureau) e do Conselho Deliberativo Vitalício da LARES (Latin American Real Estate Society).

O presidente da Secovi também foi professor de pós-graduação e MBA na Universidade Mackenzie e USP e autor do livro “Hotelaria e Desenvolvimento Urbano em São Paulo – 150 anos de história”, finalista do Prêmio Jabuti, em 2015 e vencedor do Prêmio Master Imobiliário 2016.

Achou pouco? Pois ele ainda é cantor nas horas vagas. Amante de jazz e bossa nova, Calfat se arrisca no microfone embalado por seus ritmos favoritos. “Aprecio muito a música internacional, em especial ritmos americanos do começo do século passado. Tenho o canto como hobby e nunca tratei como profissão”.

Três perguntas para: Caio Calfat

Hotelier News: Até o momento, dá para projetar qual foi o real impacto da pandemia no desenvolvimento de novos projetos hoteleiros no país?

Caio Calfat: O impacto da pandemia foi muito grande, principalmente em empreendimentos de negócios. Acredito que tenha sido o maior que vivi nesses 30 anos de atividade. Foi semelhante ao que teríamos se tivéssemos vivido uma guerra, com tudo fechado, sem prazo e perspectiva de abertura. Retomamos de forma tímida no segundo semestre e hoje estamos com o parque hoteleiro praticamente de volta, porém ainda com baixo desempenho de taxas de ocupação e diária média. A expectativa é que durante o ano que vem conseguiremos atingir o equilíbrio no segundo semestre. O lazer foi uma surpresa para o mercado, muito beneficiado durante a pandemia, especialmente resorts, hotéis e pousadas próximos a grandes cidades. Isso foi um fenômeno mundial. Os loteamentos que estavam em estoque venderam rapidamente nesse período, principalmente nestas localidades. Esses fatores indicam que a recuperação do lazer se dará com mais tranquilidade em relação ao business. Já temos alguns números próximos do equilíbrio, o que demonstra que 2021 será um bom ano caso não haja uma segunda onda.

HN: Multipropriedades seguem como uma grande aposta do setor. Qual será o papel do segmento neste novo momento do mercado? Quais os riscos que o nicho apresenta para os investidores diante da crise?

CC: O segmento de multipropriedades segue bom, como sempre foi. Estamos falando de empreendimentos que estão sendo lançados e ficarão prontos daqui três anos, quando a vacina já tiver sido aplicada e não haverá mais riscos de contaminação. Esta é a segunda crise que o setor vive e passa bem. Tivemos a primeira, no período do governo Dilma, que foi brutal para o mercado imobiliário, mas a multipropriedade não sentiu como o resto do setor. Desta vez, houve uma crise pequena no segmento, pois após a divulgação da taxa de juros negativa, com a Selic a 2%, investidores passaram a se interessar pelo imobiliário, com crescimento de vendas em função deste cenário. A multipropriedade é vendida para o usuário, então performou de forma diferente, porém satisfatório, sem deixar de vender.

HN: O VGV projetado para 2020 será concretizado? Quais as expectativas para o fechamento deste ano?

CC: O VGV foi atualizado durante o Adit Share, em novembro. Os números continuam os mesmos, em R$ 24, 14 bilhões. Ainda não dá para saber se ele será referendado para 2021, vai depender muito deste verão e de como serão as vendas. Se continuarem no mesmo patamar, acredito que teremos uma temporada boa que deve confirmar o VGV do ano que vem. Vamos fazer um trabalho para o período correto, fechar informações até março para em maio, na próxima edição do Adit Share, apresentarmos o trabalho do cenário de multipropriedade em 2021. A expectativa é que a procura permaneça alta e o desempenho de vendas mantenha o cenário ainda muito incentivado e promissor, alcançando a sua maturidade.

(*) Crédito da foto: Arquivo HN