O ano virou, mas ainda há dados importantes referentes a 2023 sendo divulgados. Em muitos mercados, o período foi marcado por uma robusta temporada de shows e festivais. Um dos grandes destaques do ano passado foram os shows da cantora Taylor Swift em novembro, que contribuíram diretamente para que o setor de serviços voltasse a crescer, com alta de 0,4%, após três meses de queda, segundo divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No período, a artista foi um verdadeiro “furacão”, principalmente se falarmos do impacto na hotelaria, que também compõe o setor de serviços. Isso porque por onde a cantora passou carregou consigo uma multidão, que lotou os hotéis das cidades. No Vogue Square Fashion, no Rio, por exemplo, o faturamento bruto no mês chegou a quase R$ 3,8 milhões, além de ter sumido a liderança do market share na Barra da Tijuca, região onde está situado.

O relatório do IBGE aponta que o resultado dos serviços em novembro veio dentro do esperado pelo mercado, que projetava justamente alta de 0,4% na comparação mensal, segundo mediana das estimativas da Bloomberg. Os serviços prestados às famílias tiveram incremento de 2,2%, recuperando a perda de 1,8% registrada no mês anterior. Segundo o Instituto, a maior influência veio do setor de bares e restaurantes, mas os shows da cantora norte-americana também impactaram positivamente o resultado, revela O Globo.

“Nesse mês, a maior influência veio da alta de alojamento e alimentação, mas também houve avanço em outros serviços prestados às famílias, impulsionado, especialmente, pelo crescimento da atividade de espetáculos teatrais e musicais, em função dos shows da cantora Taylor Swift no país”, diz Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.

Serviços financeiros puxam alta

A despeito do impacto dos serviços prestados às famílias, o resultado de novembro foi primeiro puxado, além dos shows de Taylor Swift, pelo dos “outros serviços”, que cresceu pelo terceiro mês seguido, acumulando alta de 4,9% no período.

“Esse setor foi impulsionado pelos serviços financeiros auxiliares, especialmente pelo aumento da receita das empresas de uso do dinheiro digital, como as de máquinas eletrônicas de cartões de crédito e débito”, diz o pesquisador.

Já os serviços profissionais, administrativos e complementares subiram 1% e tiveram maior contribuição sobre o setor no mês. Aqui, os destaques foram as atividades jurídicas e empresas de cartões de desconto e programas de fidelidade.

Alta das passagens afeta transportes

Por outro lado, o desempenho fraco das duas atividades de maior peso na pesquisa ajudaram a conter o resultado. Isso porque o volume dos transportes caiu 1%, sendo a quarta taxa negativa seguida do setor, puxado pela queda do transporte aéreo de passageiros (-2,9%) e de cargas (-0,6%).

“Esse resultado foi influenciado especialmente pelo transporte aéreo, que caiu 16,1% em novembro, a retração mais intensa desde maio de 2022 (-18,6%). Essa queda ocorreu em decorrência dos preços das passagens, que subiram 19,12% naquele mês”, afirma Lobo.

Já os serviços de informação e comunicação, que têm peso de 23% na pesquisa, caíram 0,1%. A retração do segmento de telecom acabou puxando o resultado para baixo, apesar de os serviços de tecnologia da informação terem crescido 1,3% em novembro.

Perspectivas para 2024

Depois de um ano em que o setor de serviços se mostrou como um dos principais protagonistas do crescimento, com a safra recorde de grãos ajudando a impulsionar o segmento, principalmente no primeiro semestre, o fim de 2023 mostra a perda de fôlego da atividade. O desempenho deixa uma perspectiva mais fraca para 2024.

O ICS (Índice de Confiança de Serviços) do FGV Ibre caiu 2,4 pontos em dezembro, para 92,0 pontos, menor nível desde março de 2023, quando ficou em 91,7 pontos. Segundo Stéfano Pacini, economista da entidade, a confiança do setor caiu pelo quinto mês seguido influenciada por um pessimismo quanto ao futuro dos negócios.

“Apesar do ciclo de queda na taxa de juros e de redução do endividamento das famílias não parecem ser fatores suficientes para garantir uma resiliência no setor no próximo ano, embora os serviços prestados às famílias ainda tenham nível de expectativas mais altas do que os demais segmentos do setor, que ainda se mostra dependente da melhora da confiança dos consumidores e do mercado de trabalho”, avalia.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Taylor Swift