Um dos maiores receios do setor hoteleiro são os aumentos de custos oriundos de pressões inflacionárias em diferentes partes do globo. No Brasil, por exemplo, a inflação vem sinalizando trégua, com queda nos últimos meses, chegando a 4,18% no acumulado dos últimos 12 meses — bom sinal para os hotéis. Contudo, grandes redes hoteleiras estão apostando no reequilíbrio de portfólio para elevar suas tarifas.

Contrariando expectativas, os balanços das multinacionais apontaram incremento em seus principais indicadores. Desde quando a inflação disparou em 2022 e no primeiro trimestre de 2023, a diária média da indústria hoteleira dos EUA ultrapassou a inflação confortavelmente, de acordo com o Skift.

No primeiro trimestre, o crescimento da diária média nos EUA superou o crescimento da inflação em 4,3 pontos percentuais, segundo a equipe de pesquisa de hotéis nas Américas da JLL. A demanda robusta de lazer e o ressurgimento de viagens em grupo e corporativas foram suportes críticos para os bons resultados.

O poder de precificação da Marriott era um pouco mais fraco do que a média geral nos EUA. A rede chegou a uma diária média de US$ 181 nos primeiro trimestre deste ano — 12% acima do período pré-pandemia. “Nas taxas diárias médias, os executivos da Marriott notaram que seus preços ajustados pela inflação para produtos não luxuosos estão abaixo dos níveis de 2019, dando algum conforto sobre a sustentabilidade dos atuais níveis de preços fortes do setor”, escreveram Joseph Greff e a equipe de analistas do JP Morgan’s Research.

Mix de produtos

Uma tendência que pode ajudar as redes hoteleiras é buscar hotéis com tarifas mais altas. Muitos grupos estão tentando ajustar seu mix de portfólio para ter uma grande parcela de propriedades de luxo e lifestyle.

A Hyatt afirma que aumentou seu mix de quartos de luxo, lifestyle e resort para 44% de seu portfólio em 2022, contra 32% em 2017. A aquisição da Mr & Mrs Smith, plataforma de reservas para hotéis de luxo, expandirá suas ofertas de boutique em seu site e aplicativo.

Já a Marriott, que possui cerca de 500 hotéis e resorts de luxo, tem mais de 200 propriedades de alto padrão em desenvolvimento, com cerca de 35 novos hotéis programados para abrir este ano.

A IHG apontou em maio que hotéis de luxo e lifestyle representam 13% de seu sistema e 20% de seu pipeline. A Six Senses mais que dobrou seu pipeline nos quatro anos desde que entrou para o guarda-chuva da rede hoteleira.

O InterContinental, com mais de 200 hotéis de luxo abertos hoje, tem mais de 90 em andamento. Espera-se que o Hotel Indigo cresça para 200 unidades, dobrando seu sistema na metade do tempo que levou para abrir as primeiras 100 propriedades.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Hyatt Hotels