Passados alguns meses de pandemia e da consequente crise sanitária e econômica que recaiu sobre boa parte do mundo, podemos dizer que agora é oficial: todos sabem o que é estar numa crise e que precisam fazer algo diante dos seus impactos.

Ou seja, somos todos gestores de crises. Mas o que isso representa? E o que deve ser feito?

Vale dizer que diante da nossa atuação na gestão de riscos e crises, especialmente para os setores de turismo e hotelaria, vemos nos pontos abordados a seguir um caminho eficiente em situações como a que estamos passando.

Afinal, todos nós estamos, nesse momento, sob o efeito de uma mudança abrupta da normalidade que nos trouxe uma série de impactos de alto grau e de quase nenhuma capacidade de prevenção, ou seja, uma crise.

É certo que existem nuances na exposição a esses impactos. Para muitos, a crise será muito mais devastadora e trará perdas imensuráveis, como da vida. Enquanto outros enfrentarão prejuízos relevantes, porém possivelmente contornáveis a médio e longo prazos. Essa pandemia, além de tudo, destaca os efeitos cruéis da desigualdade de condições em enfrentá-la.

A frase frequentemente usada: “Nessa crise, estamos todos no mesmo barco”, deveria ser ajustada para: “Nessa crise, estamos todos no mesmo mar”. Afinal as embarcações e suas capacidades e condições de enfrentar a tormenta são diferentes.

De toda forma, todos, em menor ou maior grau, estão vivenciando diretamente a experiência de ver e sentir na pele a dinâmica de uma verdadeira crise. E isso, até pouco tempo atrás era diferente. A não ser pelas crises pessoais, frequentes e comuns em qualquer nível ou setor social, poucas pessoas tinham tido a possibilidade de adquirir esse tipo de conhecimento advindo de um acontecimento de tamanha proporção.

Vivências desse tipo estavam restritas aqueles que passaram por guerras (conflitos sociais), desastres naturais, surtos epidêmicos localizados, e outras situações ora pontuais, ora sistêmicos em determinadas regiões. Contudo, nada se compara a abrangência do que estamos passando. Onde os efeitos e mudanças de vida (maiores ou menores) atingiram todos.

E você, seus familiares, seus colegas de trabalho, seus amigos e, todos, todos estão encarando as grandes e impactantes mudanças e sendo obrigados a viver essa situação com suas limitações e perdas, buscando formas de superá-la. Ou seja, todos estão fazendo gerenciamento de crises.

Isso significa, que cada um, do seu jeito, está buscando a minimização dos impactos que a situação atual impõe. Essas ações, entretanto, são normalmente realizadas de forma instintiva e sem seguir práticas eficientes para resultados apropriados frente as dificuldades enfrentadas.

Essa forma de gerenciamento de situações sensíveis desprovida de qualquer organização pré-estabelecida não é exclusividade do grupo de pessoas sem posições de gestão corporativas, mas sim inclui boa parte dos profissionais que tomam decisões relativas a atividades empresariais.

De modo geral, os gestores têm a função original de conduzir os negócios de forma positiva dando bons resultados para organização e por isso é comum que se evite os problemas, mesmo quando eles estão ali, reais e exigindo ações para sua resolução.

Uma carreira de sucesso nem sempre passa pela preparação para a gestão de crises. Ou seja, a esses profissionais não é, de modo geral, ensinado como lidar com diferentes tipos de situações de grande sensibilidade. Mas deles é cobrado essa capacidade quando situações inevitáveis surgem.

Assim, vemos de forma constante, gestores experientes ou não, com dificuldades de manter o equilíbrio e de definirem as prioridades diante da necessidade de tomada de decisões durante crises de diferentes tipos.

A seguir, destacamos de forma resumida 4 pontos importantes para todos, no sentido de passarmos por essa e por outras situações delicadas, minimizando as perdas e principalmente buscando uma rápida retomada, se possível, em melhores condições que antes. Segue:

– atualização do mapeamento dos riscos – a crise atual alterou a realidade de todas as atividades. Por isso é importante que se estabeleça, dentro dessa nova situação, quais são as atuais possibilidades de perdas e impactos;
– priorização dos riscos – analisando cada uma dessas ameaças atuais é importante definir um critério para estabelecer quais são as principais e que portanto devem ser tratadas com mais rapidez e energia. Quanto mais impactos às pessoas, negócios e reputação maior é o risco.
– valores a proteger – os impactos devem ser evitados e para isso é importante estabelecer a estratégia a seguir, ou seja, o que queremos ter como resultado quando o pior passar? O objetivo nesse ponto é equilibrar os esforços para garantir a integridade das pessoas, a sobrevivência dos negócios e a boa reputação,  de acordo com as respectivas responsabilidades.
– tratamento das vulnerabilidades – ao estabelecer as principais ameaças, automaticamente se estabelecerão as vulnerabilidades de cada estrutura e esse é o caminho para a tomada de decisões para cada ponto crítico. Descobrir onde estão as lacunas que fragilizam sua estrutura é a melhor forma de se antecipar aos prejuízos, decidir corretamente e se fortalecer no futuro;
– mostrar o que foi feito (comunicação) – essas ações coordenadas diante de cada risco devem ser, na medida das possibilidades e da coerência, apresentadas aos interessados (colaboradores, clientes , investidores, autoridades, etc) no sentido de:

1)demonstrar o cuidado e a responsabilidade com que a situação é tratada;

2)fortalecer a estrutura ampla dando bons exemplos de como as ações efetivas podem ser tomadas por todos;

Os pontos acima podem transformar uma gestão fragilizada diante de um problema grave, em uma estrutura mais fortalecida, onde a organização e o foco nos pontos cruciais de cada momento de decisão farão a diferença s. E essa deve ser a busca, mais preparo, sempre.

E, certamente, esses e outros procedimentos podem ser praticados por cada um de nós, e devem ser. Afinal fomos todos conduzidos, sem direito a declinar, ao posto de gestores de crises das nossas vidas. Preparados e cada vez mais cientes do que fazer, nossas chances de sucesso e de sairmos melhor do que entramos nessa situação são totalmente reais.

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Otavio Novo é profissional de Gestão de Riscos e Crises, atuando desde o ano 2000 em empresas líderes nos setores de serviços, educação e hospitalidade. Consultor e idealizador do projeto Novo8, mencionado pela ONU no IY TOURISM 2017.  Advogado, coautor do livro “Gestão da qualidade e de crises em negócios do turisno” , durante 6 anos foi responsável pelo Departamento de Segurança e Riscos da Accor Hotels para cerca de 300 propriedades e 15 mil colaboradores em nove países da América Latina.

Contato: [email protected] | www.novo8.com.br