Certamente o hoteleiro já se deparou com essa pergunta em algum lugar. Sim, as mudanças de comportamento do consumidor não passam ao largo do mercado de luxo, que também vê alterações nos hábitos de compra dessa fatia da população. No grosso modo, na indústria de hospitalidade, esse público vem preferindo experiências únicas e ultra personalizadas ao mármore nas áreas comuns e quartos.

Certo mesmo é que esse mercado cresce e tende a expandir ainda mais nos próximos anos. Estudo da ILTM e Wealth-X aponta que 0,3% da população mundial é responsável por 36% do total de viagens e por 70% do turismo de luxo no mundo. Não são pessoas como eu e você, mas milionários com patrimônio líquido superior a US$ 1 milhão, ou R$ 4,81 milhões, na cotação de ontem (15).

Com a perspectiva do aumento crescente da riqueza desse grupo, a hotelaria de luxo no mundo todo deve continuar com boas perspectivas nos próximos anos. Desenvolvido pela JLL, o relatório The Evolution of Global Luxury Hospitality prevê, por exemplo, que os gastos globais com viagens no segmento chegarão a US$ 1,5 trilhão em 2024, o maior montante da história.

“Os viajantes que buscam hotéis de luxo são menos sensíveis a preço e estão atrás de experiências únicas, ultrapersonalizadas”, avalia Ricardo Mader, head de Valuation Risk Advisory da JLL, para quem privacidade e exclusividade são fatores-chaves para que os hoteleiros possam atrair esse perfil de público. “Isso tem feito o valor das diárias crescer acima da média e atraído o interesse de investidores”, completa.

Novos investimentos

Essa movimentação também pode ser vista a partir do aumento da oferta de quartos da categoria. De acordo com o levantamento, existem atualmente 1,5 milhão de unidades hoteleiras à disposição dos turistas endinheirados. Em 10 anos, deve chegar a 1,7 milhão e representar 7,6% da oferta total de toda indústria. Nesse cenário, a China merece destaque em termos globais. Até o final de 2033, por exemplo, o país asiático concentrará 42% dos quartos de luxo em todo o mundo.

Mercado de luxo - ricardo mader - interna

Mader: diárias mais altas atraem investimentos

No Brasil, o segmento de luxo também vem atraindo investidores. A hotelaria de São Paulo, por exemplo, vem ganhando uma série de investimentos recentes. Rosewood São Paulo, JW Marriott São Paulo e Fasano Itaim são algumas das aberturas na categoria, mas há outras previstas no pipeline paulistano. Marcas como W Hotels, Westin Hotels & Resorts, ambas da Marriott, e Faena, controlada pela Accor, também têm projetos na cidade. Sabe-se também que redes locais preparam anúncios muito em breve.

No Rio de Janeiro não é diferente. No ano passado, por exemplo, a Marriott anunciou três hotéis com bandeiras de luxo no estado. Localizado em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, o Complexo Maraey abrigará o primeiro Ritz-Carlton Reserve da América do Sul, além de uma unidade JW Marriott em sistema all inclusive e o primeiro hotel temático do Rock in Rio. Ao todo, os três empreendimentos contabilizarão 1,1 mil UHs de alto padrão, com investimento previsto de R$ 2,3 bilhões.

Esse movimento é puxado, sobretudo, por uma demanda crescente, mas não só por isso. As diárias crescentes, e sem previsão de estagnação ou arrefecimento, geram margens de lucro mais atrativas para os desenvolvedores imobiliários e, mesmo hoje, hotéis como o Palácio Tangará, Rosewood São Paulo e Fairmont Copacabana vêm colecionando bons resultados nos últimos meses.

“O diferencial entre esses hotéis será o nível de experiência que serão capazes de oferecer aos hóspedes, criando vivências exclusivas e significativas para um público que valoriza o conforto e os detalhes”, finaliza Mader.

(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News

(*) Crédito da foto: Divulgação/JLL