Ao contrário do que era esperado, o leilão de concessão do Aeroporto de Congonhas não será uma disputa acirrada.  Com as incertezas políticas e econômicas que permeiam o país, a concorrência pelo terminal paulistano, considerado a joia da coroa, deve ter apenas um interessado. De acordo com informações da Folha de São Paulo, o Grupo Aena foi o único a entregar uma proposta.

A empresa espanhola, que já atua no Nordeste, será a provável vencedora de uma disputa que tinha tudo para ser uma das mais importantes do setor aéreo. Entretanto, o último leilão de aeroportos do governo de Jair Bolsonaro, marcado para amanhã (18), está muito aquém das expectativas, uma vez que Congonhas é o terminal mais movimentado do Brasil.

O prazo de envio dos envelopes contendo os lances iniciais foi encerrado nesta segunda-feira (15), com apenas a entrega do Grupo Aena. Já o Grupo CCR, apontado como favorito na disputa, optou por não participar do leilão.

Membros deficitários

Para arrematar Congonhas, o vencedor terá de arcar com investimentos na casa dos R$ 6 bilhões no período de 30 anos de prazo de concessão, sendo R$ 3,3 bilhões direcionados apenas ao terminal de São Paulo, que lidera um bloco com outros aeroportos. Entre eles: Campo Grande (MS), Corumbá (MS), Ponta Porã (MS), Santarém (PA), Marabá (PA), Carajás (PA), Altamira (PA), Uberlândia (MG ), Uberaba (MG) e Montes Claros (MG). Vale lembrar que não é possível adquirir apenas um, logo, o compromisso é com o bloco completo.

Muitos dos terminais citados acima são deficitários, um dos motivos pelo qual o Grupo CCR desistiu da disputa, tendo em vista as dificuldades financeiras dos demais empreendimentos.

A montagem dos blocos foi estratégica, uma vez que a lógica é unir o filé ao osso. Ou seja, juntar o aeroporto mais movimentado com terminais menores, que sozinhos talvez não atraíssem investidores e interessados.

Em 2019, período pré-coronavírus, Congonhas recebeu quase 22,3 milhões de passageiros pagos, entre embarques e desembarques, conforme dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Em 2021, o número foi de 9,4 milhões. Ou seja, ficou 57,6% abaixo do ano anterior à pandemia.

A maior disputa pelos aeroportos, ainda deve ocorrer pelo bloco Norte, segundo integrantes do governo, formado pelos aeroportos de Belém (PA) e de Macapá (AP). Há ao menos três propostas e os investimentos previstos são de R$ 874,77 milhões.

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News