A expectativa de ultrapassar os 27 mil visitantes na 11ª edição da WTM-LA foi concretizada. Este ano, a feira teve alta de 3% de público, totalizando 27,1 mil pessoas circulando nos corredores do Expo Center Norte até às 14h de ontem (17). O balanço final será divulgado posteriormente.

Aberta na segunda-feira (15), a WTM-LA reuniu 797 marcas expositoras, o que representa um incremento de 28% frente a 2023, com ocupação de 7,3 mil metros quadrados (m²) dos pavilhões Branco e Verde, um aumento de 20% na área comercializada.

O número de reuniões agendadas pelo ConnectMe, plataforma que conecta os participantes da WTM, somou 6,9 mil – 9% a mais que em 2023. Os três teatros temáticos reuniram 54 palestras, painéis e treinamentos, além das  sessões de Speed Networking com compradores convidados e criadores de conteúdo.

Gustavo Pinto, curador do teatro Transformation, destacou a qualidade e a diversidade dos painéis que tiveram lotação máxima. “A WTM-LA se tornou o local de encontro da comunidade do turismo responsável da América Latina, o que é uma grande oportunidade e um compromisso”, conta, destacando a participação de moderadores e painelistas de 13 países latino-americanos.

Gabriela Otto, curadora do teatro Technology, também destacou a grande adesão aos conteúdos apresentados. “O espaço ficou lotado durante os três dias de feira, muitas vezes com pessoas em pé ou sentadas no chão para não perder o conteúdo”, celebra. Para ela, a WTM-LA oferece um importante ambiente para o debate que incentiva o pensamento estratégico. “Agências, operadoras, hoteleiros, influenciadores digitais, empresas de tecnologia debateram juntos, com os microfones abertos para perguntas e contraposições, o que é vital já que a verdade está nos desafios do dia a dia”, disse.

Em 2025, o evento acontece de 14 a 16 de abril.

Rota da Diversidade

Uma novidade nesta edição foi o lançamento da Rota da Diversidade, que destacou 20 projetos liderados por diferentes expositores em três eixos – Afroturismo, Turismo LGBTQIAP+ e Turismo 60+. “Esse foi o primeiro passo para dar visibilidade e incentivar que esses projetos, liderados com tanta responsabilidade, venham à tona”, disse Bianca Pizzolito, head da WTM-LA, destacando o compromisso de dar continuidade à Rota nos próximos anos.

Empresas participantes:

  • Bancorbrás Turismo (60+);
  • Belotur/MG(LGBTQIAP+);
  • Destino São Luís/MA (LGBTQIAP+);
  • División Turismo Intendencia Montevideo/Uruguai (Afroturismo);
  • Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul (três projetos: Afroturismo, 60+ e LGBTQIAP+);
  • Hotel Bergblick e Associação Visite Pomerode/SC (LGBTQIAP+);
  • Juiz de Fora/MG (LGBTQIAP+);
  • Louvre Hotels Group Brazil (dois projetos: 60+ e LGBTQIAP+);
  • Orinter Tour & Travel (LGBTQIAP+);
  • Pastore Turismo (60+);
  • Sebrae Mato Grosso (Afroturismo);
  • Secretaria de Turismo do Estado do Paraná (60+);
  • Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul (LGBTQIAP+);
  • Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Afroturismo);
  • Secretaria Municipal de Turismo de São Luís (Afroturismo);
  • Sensações Turimo/MG (Afroturismo);
  • SESC/RS (60+).

Turismo acessível

Líderes do setor público, representantes de ONGs e profissionais do setor privado se uniram para destacar cases de acessibilidade no turismo. O debate trouxe o exemplo da Costa Rica, que colocou a inclusão como um dos três eixos da política nacional de turismo, ao lado da inovação e da sustentabilidade. No âmbito não-governamental, foi destacado o projeto Dona Tapa – que transforma tampinhas plásticas em material para a construção de rampas e outros itens que garante a acessibilidade turística às praias, parques e cataratas costa-riquenses.

De San Luis Potosi, a 450 quilômetros da Cidade do México, Claudia Lorena Peralta trouxe o exemplo de produtos criados para turistas surdos – como roteiros guiados, concertos inclusivos com trajes sensoriais que vibram com a música e um número para videochamadas com atendentes que se comunicam na linguagem dos sinais – e para viajantes cegos – como o tour Sentir para Ver que foi criado para destacar os atrativos por meio dos outros sentidos -, além de experiências voltadas a pessoas deficiência intelectual e social.

Robson Lourenço, do Grupo Cataratas, lembrou sobre a importância de garantir a acessibilidade social e intelectual, além da motora, e reforçou a importância de ter quadros mais diversos nas empresas. “Se eu não olho para dentro não consigo olhar para fora”, disse. Jéssica Paula, deficiente física desde os seis anos, destacou a urgência de sensibilizar os colaboradores para garantir acessibilidade atitudinal. “Os guias não podem olhar para mim e dizer que eu não posso. Quem deve definir o que é longe ou difícil sou eu”, disse a jornalista que já escalou o Pão de Açúcar e fez um trekking de 40 dias pelos Lençóis Maranhenses.

Inteligência artificial e banco de dados

Alexandre Cordeiro, fundador da Travel Tech Hub e Head de Inovação da ViagensPromo, e Thais Medina, CEO da Business Factory, destacaram as possibilidades que se abrem para a personalização de viagens por meio da união da inteligência artificial com o marketing digital. “Antes de usar tecnologias e ferramentas, temos de entender quem somos, qual é a estratégica da nossa marca e como queremos ser vistos no mercado, além de entender muito bem a pessoa com quem a gente quer falar”, orienta Thaís.

Alexandre Cordeiro ressalta o fato de o turismo ter muitos processos manuais. “O turismo precisa de uma quantidade muito grande de conteúdo para vender destinos, pacotes, hospedagens, o que a inteligência artificial pode aportar com velocidade e sem perder a qualidade e permitindo que os profissionais sejam mais produtivos em tarefas analíticas e mais estratégicas”, diz Alexandre.

Já Aroldo Schultz, fundador e presidente da Schultz Operadora, destacou novos roteiros da operadora e comemorou a entrada de dois destinos internacionais na Wikitravel.ai, primeiro banco de dados com fotos e vídeos royalty free, da qual ele é um dos idealizadores. Com a adesão de muitos destinos nacionais, a plataforma criada para apoiar secretarias e representantes de turismo na divulgação profissional confirmou adesão da República Dominicana e das Ilhas Cayman, que assinaram acordos de parceria na WTM Latin America.

Inovação em ecoturismo

Inclusão social e conservação da biodiversidade caminham juntas com o ecoturismo. Esse foi o mote de painel realizado no teatro Transformation, com a participação de representantes de diferentes destinos brasileiros. Lena Matos, proprietária da Roraima Adventures, destacou a criação de grupos de expedição que não somente reúnem mulheres para subir o monte, como empregam exclusivamente guias e carregadoras do sexo feminino, como forma de empoderar e destinar renda às mulheres indígenas da região. No Mato Grosso do Sul, Luíz Ricardo, da LR Travel Experience explicou como o cruzeiro Pantanal Friendly Cruising que não apenas diversificou a oferta como trouxe inclusão aos turistas e sensibilizou o trade local.

Lauro Jurgeatis, do Santuário Volta da Serra, na Chapada dos Veadeiros (GO) destacou o projeto Saberes e Sabores do Cerrado que une turismo de experiência, contemplação da natureza e conservação com o desenvolvimento da economia local. Da mesma região, Richard Macedo explicou as trilhas sensoriais implantadas pelo projeto Pegadas da Biodiversidade do Vale das Araras, com áudios com o canto de pássaros, informações sobre o bioma Cerrado e dados históricos para enriquecer os passeios.

(*) Crédito da foto: Divulgação/WTM-LA