O fim do primeiro trimestre de 2024 trouxe dados importantes, que auxiliam o mercado da hotelaria a entender quais os próximos passos em termos de precificação e lucratividade. De olho nos números do setor, o Hotelier News e a Lighthouse apresentam a 4ª edição do Hotel Trends Stats.

Se você perdeu a live promovida esta manhã no LinkedIn, não se preocupe. Aqui você pode conferir os números completos do relatório e ainda fica por dentro dos principais pontos e insights que Ricardo Souza, team leader da Lighthouse para a América Latina, compartilhou na transmissão.

Com dados que permitem uma melhor compreensão da demanda futura em sete capitais brasileiras, o Hotel Trends Stats traz informações que podem auxiliar na elaboração de estratégias de preços e de distribuição mais eficientes.

O estudo trata de maneira individualizada os dados de demanda, os movimentos de preços, as tendências de descontos e os dados de short-term rentals. Souza destaca que, depois de um ano de grandes eventos, 2024 apresenta desafios para a hotelaria.

“Observa-se uma estabilização da demanda hoteleira na maioria das cidades, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, que apresentam picos de demanda durante grandes eventos”, comentou o executivo.

Souza ainda ressalta que, superada a crise sanitária, o ritmo de avanço da demanda deve acompanhar o crescimento econômico. “A demanda não está diminuindo, mas está crescendo a um ritmo ligeiramente igual ou superior ao do ano passado”, completou.

Quando o assunto são preços, a realidade é distinta a depender da cidade. Isso porque, segundo o executivo, praças como São Paulo e Brasília continuam registrando alta contínua nas diárias, ao passo que outros mercados têm enfrentado desafios.

“A maioria dos hotéis previa um crescimento de preço de um até dois dígitos, mas muitos não estão conseguindo alcançar essas expectativas”, avaliou Souza.

Confira os principais destaques do Hotel Trends Stats

As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Salvador foram analisadas pelo Hotel Trends Stats. Abaixo, você confere alguns dos principais insights sobre demanda futura e preços. Para consultar o etsudo na íntegra do documento, acesse o link.

São Paulo

  • Busca por hotéis: a demanda por quartos na capital paulista tem acompanhado os períodos de maior demanda por voos, que coincidem com a realização de grandes eventos.
  • Preço: os preços públicos estão próximos dos observados em 2023. Entretanto, o relatório chama atenção para os valores registrados no segundo semestre deste ano, que estão mais baixos na comparação com o ano passado.
  • Short-term rental: a oferta de quartos segue em expansão e em paralelo o mercado apresenta picos de ocupação ao longo do ano e aumento das diárias médias, que chegaram a R$ 487.

Rio de Janeiro

  • Busca por hotéis: na cidade maravilhosa, a demanda por hotéis está concentrada no período em que são realizados grandes shows na cidade — como é o caso da Madonna, em maio e do Rock in Rio, em setembro.
  • Preço: depois de um pico nas tarifas durante o carnaval, agora é a vez do Rock in Rio impulsionar o avanço dos preços, já que o relatório demonstra picos tarifários em setembro.
  • Short-term rental: do lado da oferta, há certa estabilidade na quantidade de unidades disponíveis. Já as tarifas tem se mantido acima de R$ 500 com uma ocupação próxima a 40%, entretanto, foram registrados picos nas datas do Rock in Rio e do show da Madonna

Curitiba

  • Busca por hotéis: Os feriados são o destaque da capital paranaense, que apresenta um pico de demanda durante o feriado de Corpus Christi. A cidade observou um alto volume de buscas concentrado em abril, mas alguns dias de julho já registram um número importante de pesquisas.
  • Preço: a cidade entrou em 2024 com bons números na comparação com 2023. Mesmo assim, o relatório alerta para o período subsequente a setembro, já que nessa janela os preços estão abaixo dos registrados no ano passado.
  • Short-term rental: o inventário de quartos na cidade de Curitiba registrou crescimento pujante entre 2018 e 2023, mas entre setembro e outubro do ano passado houve um recuo no número de quartos disponíveis. A projeção de ocupação para os próximos 6 meses é de 15%, com a diária média apresentando um pico de R$ 360 em julho.

Belo Horizonte

  • Busca por hotéis: A busca por hotéis belo-horizontinos tem apresentado bons números nos meses de abril, maio e junho. Setembro também apresenta números que apontam para uma demanda bastante elevada, mas ainda concentrada em reservas não concretizadas.
  • Preço: segundo o relatório, a tendência é que a cidade mantenha seus preços públicos em níveis superiores aos observados em 2023 até pelo menos agosto deste ano. Mesmo assim, o segundo semestre apresenta preços inferiores em relação ao ano anterior.
  • Short-term rental: a média de ocupação para o mês de abril ficou em 40% e os preços públicos apresentaram tendência de alta, se mantendo acima dos R$ 400 e atingindo um pico próximo dos R$ 500 em julho.

Porto Alegre

  • Busca por hotéis: a capital gaúcha deve registrar picos de demanda ao longo do ano, impulsionados pela realização de eventos na cidade — como é observado em maio, por ocasião da partida da Copa Libertadores. Junho e agosto também registraram picos de demanda, justificados pela realização de diversos eventos e festivais na região.
  • Preço: a cidade apresentou preços sensivelmente superiores aos observados em 2023, entretanto o relatório alerta para a tendência de baixa já a partir de maio deste ano.
  • Short-term rental: a ocupação para o segmento atingiu 50% no começo deste mês e há expectativa de crescimento da diária média a partir da primeira quinzena de julho.

Brasília

  • Busca por hotéis: na capital federal, as buscas por hotéis em geral são feitas com pouca antecedência. O mês de abril e a última semana de maio, além de algumas semanas de junho registraram picos de demanda, ao passo que a partir de setembro o indicador passa a apresentar recuo.
  • Preço: O mês de março foi de aumento para as tarifas praticadas, o que também deve acontecer em outros períodos do ano, já que o relatório projeta tarifas mais altas em abril, maio e junho.
  • Short-term rental: com um inventário que cresceu perto de 4 vezes em 5 anos, Brasilia registrou uma ocupação acima de 40% em abril, com as diárias médias ficando próximas aos R$ 250.

Salvador

  • Busca por hotéis: a demanda por hotéis soteropolitanos apresentou picos em períodos próximos a feriados, como é o caso do Dia do Trabalho e de Corphus Christi. As férias escolares também se revelaram um importante driver de demanda e datas do segundo semestre já começam a apresentar maior interesse por parte dos viajantes.
  • Preço: se o começo do ano foi de aumento de preços, a história não deve ser a mesma daqui em diante. Isso porque a partir de maio o mercado apresenta tendência de manutenção dos valores em relação ao ano de 2023.
  • Short-term rental: a ocupação deste segmento segue baixa, ficando entre 12% e 20% no mês de maio. As tarifas devem girar em torno de R$ 250.

Fortaleza

  • Busca por hotéis: mais focada no Réveillon. Em janeiro temos picos de alta demanda na primeira, terceira e quarta semana do mês, e depois no Carnaval.
  • Preço: somente em janeiro vemos um aumento mais expressivo dos preços e a partir de fevereiro, que volta a ficar linear com 2022 e 2023.
  • Short-term rental: apresentou crescimento tímido na oferta, com mais de 4 mil propriedades listadas, competindo diretamente com os hotéis.

(*) Crédito da foto: Bruna Prado – MTUR