Com a demanda por viagens se recuperando de forma acelerada, dependendo do destino e da segmentação de clientes, a publicidade da indústria do turismo voltou a ser peça importante na receita do Google. Considerando as constantes mudanças quanto às restrições de Covid-19 e aos requisitos de entrada em algumas cidades, a empresa viu as pesquisas sobre regras de viagem aumentarem seis vezes de agosto a outubro frente igual período de 2020.

Essa foi uma das tendências do mercado de viagens observadas pelo Google e divulgadas ontem (1) no balanço anual e do quarto trimestre da Alphabet, controladora do metabuscador mais usado no mundo. Entre outros números, a gigante da internet relatou aumento de 32,5% na receita de publicidade no último trimestre, somando US$ 61,2 bilhões, de acordo com o Skift. O segmento de varejo foi o maior contribuidor desse expressivo montante, mas os setores de finanças, mídia, entretenimento e viagens também foram destaque.

Como parte da análise, ficou claro que o comportamento dos usuários tende a refletir o que está acontecendo no mundo, com a demanda turística variando de acordo com o destino e tipo de viagem, principalmente durante a onda da Ômicron.

“Vimos mudanças no comportamento de busca dos viajantes à medida que as preferências evoluíram. Procura por destinos ao ar livre, como praias, parques e camping, aumentaram, enquanto por museus, por exemplo, diminuiu”, disse Philipp Schindler, diretor de Negócios da Alphabet, em conversa com analistas.

Entretanto, ele também comenta que ainda é muito cedo para afirmar “que tendências vieram para ficar e quais hábitos pré-pandemia estão voltando”.

Google e o setor de viagens

Durante a pandemia, a empresa fez uma série de alterações na estratégia de seus produtos, visando auxiliar empresas de viagem parceiras e estimular o setor na retomada da crise sanitária de forma mais sustentável. Entre essas alterações está a inclusão de ferramentas que ajudam a identificar a demanda e oferecer outras informações sobre viagens. Outro exemplo, aí mais diretamente ligado à publicidade, foi a criação de links gratuitos para hotéis, passeios e fornecedores de atividades e outras empresas do segmento.

Sob pressão de órgãos governamentais, essas medidas implementadas pelo Google ajudam a nivelar o campo de jogo para empresas de viagens que não têm recursos maciços para competir em publicidade com Expedia Group, Booking Holdings, Tripadvisor e GetYourGuide, por exemplo.

Enquanto muitos destinos ainda sofrem por causa da pandemia, a Alphabet segue sua trajetória de ganhos, que mata de inveja empresas de diferentes setores. O lucro líquido aumentou 35,5% no quarto trimestre, para US$ 20,6 bilhões, com receita total de US$ 75,3 bilhões no período, salto de 32%.

Já no ano passado como um todo, o lucro líquido bateu em US$ 76 bilhões, o que representa aumento de 89% frente ao ano anterior.

Blockchain

Em relação ao futuro das transações para compra de viagens, Sundar Pichai fez considerações sobre os próximos passos da empresa. “A equipe de nuvem da Alphabet está analisando como podem atender às necessidades de nossos clientes na construção, transação, armazenamento de valores e implantação de novos produtos na plataforma baseada em blockchain. Então, definitivamente, estaremos observando o espaço de perto e apoiando-os onde pudermos”, disse o CEO da Alphabet a analistas.

Muitas empresas de viagens já estão testando transações por meio de blockchain, que pretendem dar aos fornecedores mais controle e reduzir o poder de intermediários. Uma delas é a American Airlines, que está testando o processamento de algumas transações de viagens corporativas da EY por meio de uma blockchain da Winding Tree.

(*) Crédito da foto: tekhnika/Pixabay