De acordo com dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) de setembro, apurada pela CNC (Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer permaneceu estável, mantendo-se em 77,4%. Ainda de acordo com a pesquisa, esse número representa o volume de endividados mais baixo desde junho de 2022.

Se por um lado há indicação de estabilidade quanto às famílias que têm dívidas, o número de inadimplentes ainda preocupa. Pouco mais de 30% das famílias estão endividadas e 13% afirmam não ter condições de pagar os boletos vencidos.

É notável que as famílias que mais sofrem com endividamento e inadimplência são as de baixa renda. “É preocupante o aumento do índice nas faixas de renda mais baixa e, inclusive, com tendência de aumento da inadimplência dessas famílias”, afirma José Roberto Tadros. Para o presidente da CNC, os desafios persistem especialmente em relação aos juros elevados do cartão de crédito, principal modalidade de endividamento do brasileiro, imprescindível para o comércio e os serviços.

Outros dados

O cartão de crédito continua sendo a modalidade de dívida predominante, representando 86,2% do total de endividados – o aumento em relação a setembro de 2022 foi de 0,6 ponto percentual. No entanto, os juros do rotativo do cartão atingiram níveis alarmantes, com uma média de 445,7% ao ano, a maior alta entre todas as modalidades de dívida Os dados do Banco Central mostram um aumento na concessão de crédito no cartão em relação a agosto de 2022, com um crescimento de 10% nos pagamentos à vista e 28% no parcelado.

“Uma pesquisa inédita da CNC revelou que 90% do varejo tem suas receitas provenientes de compras parceladas sem juros no cartão de crédito, pelo menos parcialmente, o que evidencia também a inclusão das pessoas de renda média e baixa no mercado de consumo”, aponta Tadros. Ele ainda reforça a necessidade de que seja mantido o parcelamento sem juros, sem intervenção nas condições de mercado, além da racionalização da taxa de juros do rotativo.

Entre os consumidores de renda média e baixa, o endividamento no cartão de crédito avançou 0,3 ponto percentual em relação a setembro de 2022, enquanto caiu 0,3 ponto percentual entre a alta renda. “No mês, no entanto, o uso do cartão implicou na alta do volume de endividados em todos os grupos de rendimento” analisa Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela Peic.

(*) Crédito da foto: Obsahovka/Pixabay