Em uma decisão aguardada por praticamente todos os setores da economia brasileira, o Copom (Comitê de Política Monetária), definiu uma nova direção para a política de juros no país. Ontem (2), o órgão colegiado do BC (Banco Central) optou pelo corte de 0,50 ponto percentual da Selic, levando a taxa básica para 13,25% ao ano, na primeira queda do indicador desde desde agosto de 2020.

A decisão, contudo, não foi unânime. O tamanho do afrouxamento gerou divergências e o placar final ficou apertado (5 a 4). Entre os cinco membros do comitê que votaram a favor de um corte de 0,50 ponto estava Roberto Campos Neto, presidente do BC. A instituição disse ainda que vê espaço para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária, com novas reduções na mesma magnitude previstas para as próximas reuniões do órgão.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o BC, em comunicado. Vale destacar que, no cenário de referência do Copom, as projeções de inflação para este ano melhoraram, caindo de 5% para 4,9%. Para 2024 e 2025, as estimativas são de 3,4% e de 3%, respectivamente.

Com esse movimento, a autoridade monetária brasileira, que saiu na frente de outros bancos centrais globais no ciclo de alta de juros, permanece também na dianteira na América Latina – ao lado do Chile – no processo de afrouxamento.

Selic - redução reunião Copom infográfico

Perspectiva favorável

Em nota divulgada no início da noite de ontem, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) considerou acertada a decisão do Copom em relação à Selic. Para a entidade, o fato do Brasil ter atualmente um dos níveis mais baixos de inflação do mundo justificam a medida. “Mesmo que gradual, esse movimento vai aliviar o orçamento das famílias e das empresas que se endividaram muito na pandemia, abrindo espaço para o aumento do consumo e para a melhoria das condições de crédito”, diz o comunicado.

No mercado imobiliário-turístico, a decisão também foi celebrada. Durante a Adit Invest, realizada ontem em São Paulo, executivos do setor já esperavam por esse movimento do Copom em favor da queda na taxa básica de juros. Na palestra inaugural do encontro, por exemplo, Celso Petrucci avalia que há uma perspectiva positiva para o segmento, destacando ainda o momento saudável tanto na ponta da oferta, quanto na de venda, de imóveis no país.

“Não se imagina que o BC tome outra medida do que baixar a Selic hoje na reunião do Copom, certo?”, perguntou o economista-chefe do Secovi-SP. “Nossa expectativa é encerrar este ano com uma taxa de juros de 12%. Isso, junto com a aprovação da Reforma Tributária, vai criar um cenário promissor para 2024”, acrescentou.

Já Caio Calfat, presidente do Conselho da Adit Brasil, organizadora da Adit Invest, seguiu uma linha parecida com Petrucci ao comentar os efeitos da decisão do Copom no imobiliário-turístico. “Os rumos da macroeconomia e o amadurecimento do mercado de crédito privado promoveram a vontade em investir em projetos imobiliários e este é o momento de firmar parcerias para surfar na onda positiva que está por vir com quedas ainda maiores da taxa básica de juros”, comenta.

(*) Crédito da capa: Raphael Ribeiro/Banco Central

(**) Crédito do infográfico: Folha de São Paulo