O ano de 2022 foi histórico para o Airbnb, a despeito de incertezas levantadas pelo mercado financeiro. A empresa fundada por Brian Chesky obteve seu primeiro ano completo no azul, atingido um lucro líquido US$ 1,9 bilhão. O bom resultado veio a partir de uma alta expressiva na demanda hospedagem, que cresceu em todas as regiões do planeta e gerou uma receita total de US$ 8,4 bilhões, elevação de 40% frente a 2021. Já o Ebtida Ajustado encerrou o ano fiscal somando US$ 2,9 bilhões.

Os números acima coroam um ano com acontecimentos marcantes na trajetória do Airbnb, que abriu o capital no final de 2020. No primeiro trimestre de 2022, por exemplo, a plataforma de hospedagem ultrapassou pela primeira vez o patamar de US$ 1,5 bilhão em receita. Os três meses seguintes foram marcados pelo período mais lucrativo de sua história até então, com o trimestre seguinte superando ainda mais esse desempenho.

A forte expansão no total de reservas e de experiências reservadas dá outro bom indicativo da performance do Airbnb em 2022. Segundo o balanço da empresa, a plataforma transacionou US$ 63,2 bilhões no ano passado, aumento de 35% na comparação anual. “O ano de 2022 foi incrível para o Airbnb. Fizemos quase 100 atualizações em nossa plataforma, vimos uma demanda recorde de hóspedes e terminamos o ano com nossa maior oferta de meios de hospedagem globalmente”, comenta Chesky, em comunicado enviado à imprensa e investidores.

Outros dados divulgados pelo Airbnb chamaram atenção, dando uma visão mais clara sobre o perfil do cliente. As reservas para um período superior a uma semana cresceram 40% no último trimestre de 2022 em relação a igual período de 2019. Já as longas estadias (acima de 28 dias) responderam por 21% do total de reservas, mantendo uma fatia estável na comparação anual. Se a demanda cresceu forte em 2022, a oferta acompanhou esse movimento. Segundo o balanço, a empresa encerrou o ano com 6,6 milhões de propriedades ativas na plataforma, 900 mil a mais do que no início do ano (excluindo a China).

“Por que esse número está acelerando?. Acreditamos que provavelmente dois fatores impulsionaram esse crescimento. Primeiro, a demanda impulsiona a oferta. Os anfitriões são atraídos pela renda suplementar que podem obter no Airbnb, o que geralmente é crítico em tempos difíceis”, disse Chesky em call com analistas. “Em segundo lugar, as melhorias de nossos produtos estão funcionando. Nos últimos dois anos, tornamos mais atraente e fácil se tornar um anfitrião”, completa.

Custos e projeções

Para o CEO do Airbnb, a chave para o primeiro ano lucrativo da empresa foram os esforços para manter os custos sob controle. “Durante o auge da pandemia, fizemos algumas escolhas muito difíceis para reduzir nossos gastos, tornando-nos uma empresa mais enxuta e focada”, comentou Chesky na call.

“Mantivemos essa disciplina desde então. Ao longo de cada um dos últimos dois anos, aumentamos apenas modestamente nosso número de funcionários. Na verdade, em comparação com 2019, nosso total de colaboradores caiu 5%, enquanto nossa receita aumentou 75%”, exemplifica.

Airbnb - resultados financeiros 2022 - Brian Chesky

Chesky: controle de custos segue obsessão

Outro exemplo de economia foram os gastos com marketing, que fecharam o último trimestre de 2022 em queda de 14,4% na comparação anual, somando US$ 350 milhões (ante US$ 409 milhões um ano antes). Sim, a empresa poupou lá atrás para investir mais forte no primeiro semestre de 2023 e, com isso, gerar mais demanda e receita no verão. No entanto, segundo Chesky, a estratégia reflete também a posição do Airbnb no mercado.

“O Airbnb meio que atua em uma classe própria. Somos um substantivo e um verbo usados ​​em todo o mundo”, afirma. “Em última análise, 90% do nosso tráfego é direto. Isso porque temos algo que é único. Veja, o que realmente estamos focados em fazer é oferecer a melhor experiência para os hóspedes. E se aperfeiçoarmos ainda mais essa entrega, acho que nos sairemos muito bem se fizermos um ótimo marketing associado a essa isso”, comenta.

Chesky também disse que 2023 começou exatamente como terminou o ano passado. Ou seja, com forte demanda por reservas nas primeiras semanas do ano, indicando que mais coisas boas vêm pela frente. “A confiança do consumidor para viajar continua muito alta”, comentou o CEO do Airbnb.

“Acho que, a despeito do momento de incertezas atual, as pessoas seguem querendo viajar. Para muitas delas, o escritório agora é o Zoom. O shopping é a Amazon e o cinema é Netflix. Viajar vai se tornar uma maneira muito importante de experimentar o mundo real este ano. Portanto, este será um ano emocionante para o Airbnb e para viagens ao redor do mundo”, finaliza.

(*) Crédito da capa: keresi72/Pixabay

(**) Crédito da foto: Divulgação/Airbnb