Apesar do terceiro trimestre mais lucrativo da história, o mercado financeiro passou o último mês olhando de lado para o Airbnb. O ápice desse movimento ocorreu nesta semana, quando o Morgan Stanley divulgou relatório cortando a recomendação da plataforma de hospedagem de neutro para a venda, além de reduzir o preço-alvo. Segundo o banco norte-americano, o duplo downgrade tem relação com a incapacidade da empresa em atingir estimativas de lucro que, anteriormente, eram consenso entre analistas.

Na segunda-feira (5), as ações do Airbnb recuaram 5,5% durante a sessão e mais 2,3% no after-hours. Ontem (8), voltou a subir, abrindo hoje (9) a US$ 94,83. Em 11 de novembro, no entanto, o papel fechou o dia a US$ 109,57, o que ressalta a desvalorização recente. Atualmente, o Airbnb é avaliado em US$ 62 bilhões, o que representa queda de quase 50% em um período de 12 meses.

Para Brian Nowak, analista de internet do Morgan Stanley, desde o IPO de dezembro de 2020 há dúvidas sobre a capacidade da empresa de expandir o número de propriedades disponíveis para locação. Com isso, o banco reviu o preço-alvo do Airbnb de US$ 110 para US$ 80.

Airbnb - cotação das ações

Entre 2018 e 2022, o número de imóveis anunciados cresceu uma média de 12%, aponta reportagem do Valor Econômico. No entanto, esse número deve recuar para um ritmo anual de 7% até 2025. Esse cenário impõe desafios à frente para o Airbnb expandir seu inventário, uma vez que, considerando a base já expandida, o Airbnb precisaria obter 500 mil novas listagens por ano. Em 2022, foram cerca de 400 mil e, em 2021, 100 mil.

Seriam, portanto, os hotéis uma alternativa para a plataforma de hospedagem crescer sua base de acomodações?

Potencial e estimativas

Enquanto o Morgan Stanley questiona o ritmo potencial da plataforma, a avaliação da demanda não é diferente. Nowak considera que as projeções de mercado para a taxa de ocupação do Airbnb estão otimistas demais, visto que o indicador tem rodado em torno dos 35% este ano, em linha com o ano passado, mas ultrapassando os 32% da pré-pandemia.

As previsões do mercado trabalham com 44% de ocupação até 2025, o que o analista acredita ser improvável. Quanto às diárias reservadas, Nowak cortou a estimativa em 5% para 2023 e em 12% para 2024. A consequência é a reavaliação do Ebtida para 8% no próximo ano e 14% em 2024.

A revisão da precificação considera um valuation de seis vezes a receita estimada para o próximo ano e 16 vezes o Ebtida projetado para 2024. Nowak aponta que, em um cenário pessimista, o preço-alvo do Airbnb poderia chegar a US$ 60, em linha com o valor de concorrentes como a Booking.com.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Airbnb