O Círio de Nazaré, evento que fomenta o turismo religioso em Belém, acontece neste ano entre os dias 5 e 10 de outubro. Apesar da retomada gradual do turismo no Brasil e do crescimento da malha aérea no país, o setor hoteleiro na cidade projeta uma taxa de ocupação bastante abaixo do normal, segundo uma análise da ABIH-PA (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará)

De acordo com Toni Santiago, presidente da entidade, a projeção para o Círio deste ano é de apenas 30% de ocupação nos hotéis da cidade.

“Fazendo um comparativo com outras épocas, podemos dizer que essa taxa de 30% é irrisória, visto que, em períodos de pré-pandemia, a taxa de ocupação durante o Círio girava em torno dos 95%, principalmente nos hotéis do centro”, ressaltou.

Santiago pontuou ainda que o turismo religioso é apenas um dos fatores que irão estimular a volta das atividades turísticas na cidade, mas não é o mais importante. “Nossa taxa de ocupação depende quase que exclusivamente do turismo de negócios e eventos”, afirmou.

Ele também avaliou que é existe uma necessidade da volta dos eventos corporativos para que as atividades turísticas de Belém retornem à normalidade.

ABIH-PA: exceções no cenário negativo

Mesmo com o mercado em dificuldade, alguns empreendimentos conseguem se sobressair em meio à crise e estão com boas perspectivas para o evento. É o caso do Mercure Boulevard Belém, hotel da rede Accor, que inaugurou dois hotéis  no Brasil no mês passado.

De acordo com Ariane Mathne, gerente geral da unidade, as taxas de ocupação já estão se igualando aos níveis do período pré-pandemia.

“De segunda a quinta, estamos com taxa de 80% e, no final de semana do Círio, quando ocorrem as principais celebrações, estamos com 90%. E isso porque a procissão principal não irá ocorrer este ano”, afirmou.

Ela ressaltou que o aumento da vacinação no Brasil tem contribuído significativamente para a volta das atividades turísticas, com aumento no volume de hospedagem e grande movimento no trade.

“O fato de o Círio ocorrer uma vez ao ano e as principais romarias serem durante três dias ajudará e muito a economia local, mas ainda não se pode dizer que será um fator decisivo para a retomada”, pontuou, acrescentando que o hotel começou a sentir os primeiros sinais de recuperação entre junho e setembro.

“Nós conseguimos superar as metas de ocupação e receita, e as perspectivas são muito boas. Isso é resultado de uma demanda corporativa reprimida, boas negociações comerciais e flexibilidade, pois ainda estamos sem eventos de médio e grande porte na cidade”, ressaltou.

Ela finalizou afirmando que o hotel não sofreu grandes mudanças de público durante a pandemia, visto que o setor corporativo ainda responde pela maior parte da demanda de hospedagem. Por outro lado, Ariane analisou que houve um aumento na demanda de lazer, em especial nos finais de semana.

(*) Crédito da foto: TNeto/Pixabay