Programa do Governo Federal que cria “cota” de passagens aéreas mais baratas, o Voa Brasil pode sofrer novo adiamento. Previa-se que a iniciativa fosse lançada oficialmente ainda no ano passado, mas o prazo foi prorrogado para a primeira quinzena de fevereiro. Agora, um novo impasse: as companhias aéreas reforçarão o pedido feito a Fernando Haddad, ministro da Fazenda, de ao menos R$ 3 bilhões em linhas de crédito. Sem isso, a data de lançamento poderá ser adiada mais uma vez, até que o governo resolva a questão, aponta a Folha de São Paulo.

Embora o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) não tenha sentado à mesa, caberá à instituição disponibilizar duas linhas de crédito. É o que consta no plano que está sendo elaborado pelo Ministério da Fazenda. A ideia é criar um fundo setorial de até R$ 3 bilhões que será administrado pelo banco. Ele poderá ser acessado de duas formas.

As empresas que tiverem garantias a apresentar poderão usufruir de taxas mais baixas em empréstimos com o banco. Aquelas que não tiverem irão usar o fundo como avalista para tomar crédito na praça. Hoje, elas afirmam que não conseguem mais recursos no mercado de capitais, o que torna a situação ainda mais delicada.

Inicialmente, o governo não estava propenso a ceder, mas o caso mudou após o pedido de recuperação judicial da Gol nos EUA. O encontro com o presidente Lula, no entanto, só irá ocorrer caso haja um acordo prévio entre Fazenda, Portos e Aeroportos e Petrobras, que está no centro das críticas feitas pelas companhias aéreas, que reclamaram de um suposto abuso de preço no querosene de aviação.

A situação

Na apresentação no Palácio do Planalto, a Azul Linhas Aéreas mostrou que o combustível de aviação está muito acima do diesel. Isso gerou forte reação de Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, que restringiu o problema à companhia.

Nessa semana, as companhias divulgam uma carta assinada por suas associações em resposta à declaração, afirmando que atualmente o preço do combustível representa mais de 80% do custo da passagem, um problema setorial. As empresas afirmam que, mesmo com a queda de 17% no preço do combustível nesse governo, o preço está o dobro do que deveria estar e muito acima de países como EUA, Portugal e Suíça.

Além do fundo para linhas de crédito, deve haver pressão para que a Petrobras mude sua política de preço do combustível. Prates, por outro lado, já disse que não vai mexer no preço “com uma canetada”, e nega haver qualquer abuso na precificação, questão atribuída como principal responsável pelos adiamentos do Voa Brasil.

(*) Crédito da foto: Eduardo Anizelli/Folhapress