O trade turístico de Porto de Galinhas voltou a se reunir em mais uma edição do Visit Pernambuco. O evento, aberto hoje (7) com término amanhã (8) é uma realização do Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau e AHPG (Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas). Este ano, o Convention Center do Armação Resort é palco de palestras e debates relevantes para a cadeia produtiva do turismo com foco no mercado latino-americano.

A ocasião contou com a presença de representantes do setor público e privado de Pernambuco para trazer diferentes pontos de vista e compartilhamento de informações e experiências. Na manhã de hoje, participaram Milu Megale, secretária de Turismo de Pernambuco; Mário Pilar, secretário de Turismo de Ipojuca; Otaviano Maroja, presidente do Convention; Eduardo Tiburtius, presidente da AHPG; Pâmela Alves, secretária de Turismo do Recife; e Alexandre Alves, gerente Regional do Sebrae-PE na Zona da Mata.

“Iniciamos hoje mais um Visit Pernambuco, dessa vez com foco na América Latina. Ano passado não conseguimos realizar o evento, mas voltamos este ano, acompanhando a retomada do turismo. Ainda em 2021, tivemos bons resultados e conseguimos repetir esse desempenho em 2022, o que nos garante bastante otimismo para 2023”, comentou Maroja, abrindo oficialmente o evento.

Em seguida, Tiburtius reforçou a importância do evento. “Ele veio para suprir uma lacuna de eventos regionais, para a hotelaria do Nordeste poder apresentar seus produtos para as operadoras nacionais e internacionais. O evento foi crescendo ao longo dos anos e, mesmo em 2020, período mais crítico da pandemia, conseguimos realizá-lo. Agora, é uma outra oportunidade que temos. As fronteiras estão se reabrindo, os voos, inclusive os internacionais, estão voltando. Nosso objetivo é trazer esse fluxo para Porto de Galinhas”, complementa.

Visit Pernambuco - eduardo tiburtius

Proposta é trazer fluxo para Porto de Galinhas, diz Tiburtius

Iniciativas

Após os representantes das instituições organizadoras, Alves cumprimentou as entidades pela realização do evento e relembrou os desafios do setor. “O Sebrae se associa a esses esforços por entender que, literalmente, a união faz uma grande diferença. Além disso, temos grande satisfação de participar do Visit Pernambuco, que tem sido muito mais do que um evento de promoção de destinos ou produtos específicos, mas de toda uma cadeia. Neste cenário, nossa missão é fomentar essa atividade, que é forte geradora de emprego, da melhor forma possível”, destaca.

Dando continuidade à cerimônia de abertura, Pâmela falou sobre a importância da parceria entre Recife e Porto de Galinhas. “Entendemos que são dois destinos que se complementam e, justamente por isso, a prefeitura de Recife faz questão de participar deste evento. Estamos nos preparando para ser um destino cada vez mais forte no lazer, desenvolvendo ações como a requalificação de nossa orla”, pontuou.

“É um prazer receber a todos aqui. O Visit é um evento consagrado e a prefeitura de Ipojuca procura sempre estar presente. Acreditamos que o pior já passou e trouxe vários ensinamentos para o nosso setor. Agora é trabalhar, investir em capacitação, estimular as vendas e o fechamento de novos negócios”, complementa Pilar.

Milu foi a última a fazer suas considerações. “Neste ano, nos desdobramos para estimular e fomentar o setor, que tem estado em plena retomada”, afirmou a secretária, destacando pontos como o já citado retorno da malha aérea. “Tudo isso que fazemos é para trazer cada vez mais turistas para esse destino maravilhoso”, finaliza.


Especialistas debatem situação do aéreo

Dando continuidade à programação do Visit Pernambuco – América Latina, aconteceu o painel O Cenário Aéreo de Pernambuco, com coordenação de Maroja e Milu, e participação de Marcelo Bento (Aena Brasil), Juliana Guerra (Azul Linhas Aéreas), Hamilton Falcão (Empetur) e Lia Hirakawa (Gol Linhas Aéreas).

Abrindo o debate, Lia falou sobre os números da companhia aérea e as ações para fomentar o turismo em Pernambuco e, mais especificamente, para Porto de Galinhas. “Para o estado, temos aumento de 29% das operações para os meses de dezembro e janeiro, ou seja, a alta temporada”, destaca.

“Entre as novidades, teremos voos de Porto Alegre para Recife três vezes por semana. Quanto à demanda internacional, a partir de dezembro, o aumento das operações para os meses de dezembro será de 46%. Hoje, estamos com a rota Recife – Buenos Aires, com voos saindo direto do aeroporto internacional da capital pernambucana para o Aeroparque, no destino argentino. Além dos voos diretos, também temos rotas saindo de destinos como Montevidéo, Cancún, Orlando, entre outros, com conexões para Recife”, completa a executiva da Gol.

No recorte geral, a companhia aérea registra 724 decolagens por dia, 27% acima de dezembro de 2021. O número de bases operadas chegou a 84 em dezembro, tanto no Brasil quanto no exterior, avanço de 23% em relação a novembro. “Acreditamos que juntos conseguimos estimular e alavancar o turismo, e é a partir desse senso de coletividade que desenvolvemos nossas ações”, finaliza a Lia.

palestra

Convidados debateram o retorno da malha aérea

Fomento ao turismo

Em seguida, Juliana falou sobre a importância da parceria entre as iniciativas pública e privada para aumentar a malha aérea de Pernambuco. “Esse hub começou em 2016, com mais de 35 decolagens. Em 2022, pós-pandemia, dobramos este número, atendendo a mais de 40 destinos diretos. Indo para o recorte geral, voamos para mais de 150 cidades. Para a alta temporada, o número de voos deverá chegar a quase 100, passando a atender locais como São Raimundo Nonato (PI), Paulo Afonso (BA), Feira de Santana (BA), Foz do Iguaçu (PR). Todos esses são destinos que vêm para ficar”, diz.

Em sua participação no debate, a profissional também falou sobre a demanda internacional. “Já temos alguns destinos, como Uruguai, duas vezes por semana, e a partir de fevereiro, teremos rotas para o Aeroporto Internacional de Fort Lauderdale, na Flórida, duas vezes por semana. A inovação é um dos valores que guiam a Azul”, completa.

Em seguida, Bento fez considerações sobre os incentivos para a alta temporada. “Temos iniciativas voltadas para as companhias aéreas, fazendo isso a cada alta temporada, ajustando conforme as condições de mercado. No internacional, esse período abrange de novembro de 2022 a março de 2023”, destaca, apontando que o número de chegadas internacionais em novembro já superou o mês anterior.

“Outro incentivo que desenvolvemos é: se as companhias conseguirem executar pelo menos 90% dos voos planejados, terão abono de 50% das taxas de embarque. Hoje, o aeroporto de Recife é o sexto maior do país em passageiros embarcados e quarto em volume de cargas. Além disso, o tráfego doméstico tem se recuperado mais rápido que os demais hubs do Nordeste, e ultrapssando 2019”, analisa Bento.

O relatório da Aena Brasil aponta que o aeroporto da capital pernambucana é 60% maior que o de Fortaleza em número de passageiros, e 25% superior ao de Salvador, evidenciando a importância do destino. “Devido a essa demanda, estamos realizando algumas melhorias estruturais no terminal, implementando uma sala remota de embarque de 2 mil metros quadrados (m²); mais 24 posições de check-in, chegando a 70; pistas recapeadas com novas áreas de escape; quatro novas pontes de embarque e retrofit de todas as demais; automação do controle de passageiros com e-gates; pátio ampliado com mais posições para aeronaves de grande porte. Todas essas melhorias serão entregues paulatinamente”, completa o executivo.

Por fim, Falcão afirmou que as ações desenvolvidas pelas empresas têm garantido resultados satisfatórios. “Essa união do trade é fundamental e todos os envolvidos estão de parabéns, por tornar o turismo de Pernambuco cada vez mais relevante, injetando, neste ano, quase R$ 8 bilhões na economia do estado”, finaliza.


Os desafios de contratação na hotelaria

Abrindo a segunda rodada de palestras do primeiro dia do Visit Pernambuco – América Latina, Felipe Mançano, co-fundador e headhunter da Grow RH, apresentou o painel Os Desafios da Contratação do Mercado da Hotelaria. Na ocasião, o profissional elencou diversos insights e tendências para o setor.

Segundo ele, nos próximos 10 anos, 5,5 milhões de novos empregos serão gerados na indústria de viagens e turismo na América Latina. Além disso, Mançano aponta que houve aumento de 8% de vagas em 2021 em relação ao ano anterior. Esse percentual representa 14,25 milhões de emprego gerados, quase 7% do total de postos do trabalho. Este valor está apenas 1,1% abaixo do registrado em 2020.

Durante a palestra, Mançano mencionou a importância de um ambiente de trabalho saudável, fator que pode evitar transtornos como a síndrome de Burnout, que tem afetado diversos profissionais da hotelaria. “Estar em um ambiente que nos energize aumenta nossos resultados e, consequentemente, nossa contribuição com o setor”, explicou.

Neste sentido, o executivo declarou que é necessário criar modelos de seleção mais humanizados. “Primeiramente, é necessário saber se o profissional quer aquela vaga, o que ele busca, quais são as expectativas, entre outros fatores”, acrescenta o palestrante durante sua fala no Visit Pernambuco.

desafios de contratação

Mançano destaca a importância de um ambiente de trabalho saudável

O que fazer?

Mançano destaca que há um ciclo do talento para garantir bons profissionais. O primeiro momento é atrair e engajar os profissionais, para em seguida converter e nutrir os melhores recrutados. Assim, a próxima etapa é a de selecionar para medir o engajamento, finalizando com a contratação.

“Se você constrói uma boa estratégia de atração, você começa a gerar um tipo de conexão diferente com o público-alvo. Por exemplo, muitas pessoas que participam de um processo seletivo não recebem feedbacks. Mas é preciso pensar que, dentro de uma estratégia, há diversos tipos de feedback, que variam de acordo com cada caso”, diz.

“Imagine o benefício que é uma empresa dizer a um candidato o porquê de ele não ter sido selecionado. Se as companhias especificarem o que os candidatos precisam desenvolver, eles vão estar mais preparados nos próximos processos seletivos, e isso é extremamente benéfico para o mercado. Contribuir com o desenvolvimento desses profissionais é fundamental”, completa.

Por fim, o executivo destaca que a transparência no processo de contratação dos profissionais é o “segredo” para garantir profissionais dedicados. “É vital que as empresas sejam sinceras com o candidato e digam exatamente o que buscam. Assim, os profissionais passam a fazer parte do quadro de colaboradores sabendo de todos os desafios que irão encontrar pela frente”, finaliza.


Como as empresas devem definir metas para 2023

Fechando a programação do primeiro dia do Visit Pernambuco – América Latina, Lúcio Oliveira, especialista em planejamento e CEO da Capacitar, apresentou o painel Goals: prepare-se para grandes resultados em 2023. Na ocasião, o palestrante fez pontuações importantes acerca da importância do planejamento estratégico para atingir metas.

“Para mim, o maior ativo que existe são as pessoas. E é com a transformação delas que atingimos grandes resultados. Na minha atuação no turismo, aprendi que sem avaliação interna, não existe mudança”, pontua.

Principais goals

Durante a palestra, o executivo destacou que o primeiro goal (objetivo) é justamente definir quais os resultados que se quer atingir. “Tendo os objetivos em mente, fica muito mais fácil saber o que é necessário fazer para alcançá-los”, explica.

Oliveira pontuou também que é vital analisar 2022 para avaliar se as estratégias serão mantidas ou revisadas. “Dentro dessa estratégia, é preciso definir quais são os gargalos em curto, médio e longo prazo. As empresas precisam querer resultado, satisfação e lucratividade, por isso a importância do planejamento”, completa.

planejamento 2023

Analisar 2022 é vital, pontua Oliveira

Traçando estratégias

Durante sua explanação, Oliveira também ressaltou que é preciso avaliar, durante a definição dos objetivos, as oportunidades, ameaças e riscos das estratégias adotadas. “Planos de sucesso exigem pessoas estratégicas, líderes importantes, mas não só isso. É preciso que toda a cadeia esteja envolvida”, analisa.

“O turismo ainda tem essa visão de que os planos de sucesso são feitos olhando o indicador de faturamento e vendas. Mas o que adianta vender R$ 1 milhão se não há lucro nem de R$ 100 mil? É necessário seguir quatro pilares principais: pessoas, processos, tecnologia e finanças, sendo este último o mais importante. Se não há plano de finanças, definitivamente não há lucro”, conclui.

Outro ponto destacado por Oliveira foi: sem indicadores claros e bem embasados, não se consegue medir, gerir e transformar. “Por fim, os dois maiores fatores de sucesso são o planejamento (20%) e, o principal, a execução (80%). O maior ponto de todos é entender a necessidade de mudanças como uma grande oportunidade”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Lucas Barbosa/Hotelier News