De família de hoteleiros, Eduardo Tiburtius nasceu em São Paulo, mas veio para Recife aos oito anos. A mudança se deu por conta da inauguração do Village Porto de Galinhas, hotel que seu pai construiu ao lado de outro sócio e que administra desde então.

Economista de formação, Tiburtius nunca exerceu a profissão, seguindo os passos do pai na hotelaria. Ele e a irmã, Patrícia, são a segunda geração de hoteleiros da família, fator comum em todo o setor de Porto de Galinhas.

“Creio que isto se reflete muito no DNA do destino, pois temos uma relação muito ‘umbilical’ pela praia”, avalia o executivo. “Somos apaixonados por Porto de Galinhas porque vimos tudo isto aqui nascer e se tornar em um dos principais destinos do Brasil”, acrescenta.

Ainda no segundo ano de faculdade, Tiburtius foi trabalhar no hotel da família. Aos 42 anos, o profissional já atua há 23 anos no empreendimento. “Comecei como atendente de reservas, quando o escritório ainda era montado dentro da nossa casa. Em seguida, passei pelo departamento Financeiro e depois no Comercial, onde hoje estou como diretor”, conta.

Atualmente, Eduardo Tiburtius é também presidente do Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau, que engloba 70 empresas de diferentes segmentos. “Creio que ter sido criado aqui, e sempre ter visto a importância de cada setor para que o turismo funcione ajudou bastante”.

Três perguntas para: Eduardo Tiburtius

Hotelier News: Com a nova onda de contágios por Covid-19, a hotelaria de Porto de Galinhas sentiu algum impacto nas reservas?

Eduardo Tiburtius: Se uma coisa que aprendemos com esta pandemia, foi de sempre estarmos em constante atenção e nos adaptando a cada evento que surge. Sem dúvida nenhuma, os cancelamentos de voos e o aumento de contágio geral é o nosso maior desafio atual. Temos sim sentido alguns cancelamentos, quer seja porque os clientes estão com Covid ou Influenza agora, ou porque tiveram voos cancelados.

É verdade que o fato do aeroporto de Recife ter hoje a melhor malha do Norte/Nordeste nos ajuda muito na questão dos clientes conseguirem ser atendidos de alguma forma em algum outro voo próximo do que porventura tenha sido cancelado. Mas o que temos feito da nossa parte da hotelaria é entender a situação do hóspede e sempre sermos flexíveis em tentar a melhor solução possível. Se o passageiro chegou um dia depois, tentamos ao máximo compensar com uma noite adicional para que ele possa ter a totalidade de sua hospedagem aqui conosco. Flexibilidade e empatia este tem sido o lema da hotelaria em Porto de Galinhas.

HN: O ano de 2022 contará com poucos feriados prolongados, o que pode ser um mau sinal para o setor. Como os hotéis podem se preparar para tapar esses buracos?

ET: A hotelaria de Porto de Galinhas já faz algum tempo que busca uma ocupação mais equilibrada independente de temos um feriado ou não. Aliás, temos visto inclusive um cenário bem interessante. Muitas vezes uma semana de feriado acaba sendo mais prejudicial do que uma semana sem. Isto acontece porque muitas vezes antes e depois do feriado temos uma baixa tão grande na ocupação que faz com que o que tenhamos de aumento de flutuação tarifária, pois os dias de feriado não compensam o que perdemos nos de baixa ocupação. Sendo assim, respondendo a sua pergunta, temos trabalhado muito para sempre tenhamos uma experiência melhor para os clientes, independente da época que venham nos visitar.

Posso dizer tranquilamente que a hotelaria de Porto de Galinhas é uma das que mais se renova no país. Temos um trabalho em conjunto muito forte, o que sempre nos faz estarmos presentes em diversas ações comerciais. Internamente, temos uma concorrência muito saudável, em que cada hotel cria alguma novidade (em estrutura ou serviços) ano a ano. Então, um cliente que vem a um empreendimento em Porto de Galinhas em um ano já vai encontrar alguma novidade no mesmo hotel no ano seguinte. Certamente isso faz com que a experiência seja muito positiva em qualquer época do ano, independente se é feriado ou não.

HN: Quais serão as prioridades de gestão do Porto de Galinhas CVB em 2022? Quais as expectativas para o período?

ET: O Porto de Galinhas CVB sempre teve um trabalho muito proativo e, durante a pandemia, ficamos ainda mais atentos a nos comunicar com os clientes, além de capacitar e fazer ações com os parceiros do trade (agentes de viagens, operadores de turismo, cias aéreas e etc). Em cada momento da crise fomos entendendo o “timing” correto das ações. Lá em 2020, no auge da pandemia, nosso trabalho foi de manter a chama das viagens acesa.

Logo depois, toda a hotelaria firmou seus protocolos com o hospital Portugues de Recife e com o departamento de hotelaria e turismo da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), entendendo que naquele momento era isto que os passageiros buscavam – saber como seria a segurança nas nossas ações. Organizamos o SOU Porto de Galinhas, em novembro, e a feira Visit, onde o foco foi trazer operadoras de turismo que trabalhavam muito o internacional para nos conhecer, já que viagens para o exterior seriam ainda muito inconstantes em 2021.

No ano passado, fizemos a campanha de vendas “21.000 Motivos para amar Porto de Galinhas”, com capacitação e premiações de vendas para os agentes de viagens que tanto sofreram na pandemia. Finalizamos o segundo semestre capacitando presencialmente centenas de agentes de viagens em 23 cidades mapeadas como pólos emissores importantes para o destino. Posteriormente, premiamos os maiores vendedores do destino durante o SOU.

Nossa meta para 2022 é capacitarmos as cidades que não foram visitadas no ano passado e, sobretudo para o segundo semestre, recomeçarmos o trabalho nos mercados internacionais, focado no sul-americano, que no pré pandemia representava entre 20% a 25% das nossas ocupações.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Porto de Galinhas CVB