O show de encerramento da turnê da diva pop Madonna, no Rio de Janeiro, não apenas atraiu 1,6 milhão de pessoas para a praia de Copacabana, mas também alavancou o faturamento do turismo carioca. De acordo com estudo realizado pela Cielo, houve aumento de 12,1% nas vendas do setor entre os dias 2 e 5 de maio, na comparação com o mesmo período do ano anterior, aponta O Globo.

O número é calculado de acordo com o ICVA (Índice Cielo de Varejo Ampliado), que acompanha 18 setores do varejo, entre eles bares e restaurantes, turismo e transporte. A dinâmica do consumo é estimada por meio das vendas de 870 mil clientes credenciados. Dados da Setur-RJ (Secretaria de Turismo do Estado do Rio de Janeiro) mostram que o show recebeu cerca de 150 mil turistas e a estimativa de retorno para a economia é de R$ 300 milhões.

Segundo a Cielo, o aumento no faturamento do turismo carioca foi impulsionado pelo transporte e hotelaria, que acumularam, respectivamente, crescimento de 16,7% e 10,6%. Além disso, a receita do setor Supermercados e Hipermercados subiu 6,9%. Bares e Restaurantes viram o movimento contrário, com queda de 4,4% nas vendas.

No grupo Varejo Alimentício Especializado, houve aumento de 1,7%, influenciado principalmente pelas lojas de bebidas, nas quais o faturamento cresceu 19%. O setor de varejo como um todo registrou aumento de 3,3% nas vendas. O show de Madonna aconteceu no sábado (4) e foi o encerramento da Celebration Tour, que comemora os 40 anos de carreira da cantora.

” Era natural que o evento, que reuniu uma quantidade enorme de pessoas, aquecesse o Varejo, em especial aqueles segmentos ligados ao turismo”, diz Carlos Alves, vice-presidente de Tecnologia e Negócios da Cielo.

Impactos em cadeia

André Coelho, especialista em Turismo da FGV (Fundação Getulio Vargas) Projetos, explica que os impactos econômicos de eventos como esse show chegam, em primeiro lugar, à cadeia do setor. Assim, hotéis e restaurantes ampliam contratações, pagam mais hora extra aos seus colaboradores e expandem estoques de produtos e alimentos, reforçando indiretamente os caixas das empresas fornecedoras.

“Um hotel com apenas metade dos quartos ocupados, por exemplo, manteria uma quantidade mínima de funcionários e não compraria tantos insumos, por conta da baixa demanda. Em eventos como esse, os quartos lotam, precisa de mais gente trabalhando, o empregador contrata reformas, aumenta o estoque do restaurante”, diz.

Ele pontua que a chegada de tanta gente ao Rio aumenta o pagamento de impostos. Além disso, a indústria criativa normalmente gera empregos em diferentes níveis de remuneração. “Foi um momento importante para mostrar como, unindo forças das equipes de segurança, urbanismo, saúde e gestão da cidade, é possível fazer um show desses. A cidade concentra uma fama (negativa) grande, sobretudo por conta das redes sociais, em que as notícias ruins se viralizam facilmente”, afirma Coelho.

Hotelaria

De acordo com pesquisa divulgada hoje (7) pelo HotéisRIO (Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro), durante o período do show, a ocupação média esperada nos hotéis era de 83,72%. Os números indicavam a região de Copacabana/Leme com 95,55%, seguida por Ipanema/Leblon (82,40%), Centro (76,69%), Barra/Recreio (73,02%) e Flamengo/Botafogo (69,91%).

Por outro lado, a ocupação consolidada, segundo a Cielo, ficou em 96%. Para Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO, a realização do show na praia de Copacabana, com o maior público da carreira da artista, mostra que a cidade reúne todas as condições de realizar eventos de classe mundial.

“E não apenas nos aspectos logísticos e de segurança. O bom resultado do show mostra que a marca Rio de Janeiro é muito forte, o que certamente contribui para desenvolver ainda mais nosso segmento turístico”, diz.

(*) Crédito da foto: Fabio Motta/Prefeitura do Rio