Diretor da Protel Administração Hoteleira, empresa onde atua desde 1983, Alfredo Lopes é mais conhecido e reconhecido por outra ocupação. Por duas décadas, presidiu a ABIH-RJ (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro). Hoje, mesmo como presidente do conselho da associação, continua com voz ativa na entidade, sendo ainda seu principal porta-voz.

Convidado de hoje (30) na sessão, Lopes foi questionado sobre um tema que deu o que falar nas últimas semanas. “Não temos nenhuma previsão de acordo formal com a plataforma Airbnb no Rio de Janeiro”, respondeu de prontidão. Ele é graduado em Administração e Engenharia Civil pela Universidade Gama Filho. O dirigente possui ainda pós-graduação em Engenharia Sanitária e de Segurança do Trabalho.

Sua atuação como dirigente ainda inclui outras entidades. É presidente do Conselho Curador do Rio CVB (Rio Convention & Visitors Bureau) e membro do Conselho Empresarial de Turismo da ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro). Além disso, é diretor da Ademi (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário). Na vida pessoal, as horas vagas são dedicadas à família, andar à cavalo e ouvir bossa nova, além de viajar.

Três perguntas para: Alfredo Lopes

Hotelier News: A ABIH-SP firmou uma parceria com o Airbnb visando, entre outras coisas, compartilhamento de dados e mais um canal de distribuição para os associados. A ABIH-RJ visa firmar um acordo parecido?

Alfredo Lopes: Não temos nenhuma previsão de acordo formal com a plataforma Airbnb no Rio de Janeiro. Em nosso estado, a hotelaria formal está plenamente estruturada, dispomos de mais de 300 meios de hospedagens na capital e quase 50 mil quartos. Especialmente neste cenário pós-pandemia, quando diversos hotéis fecharam as portas e quase 20 mil empregos do setor estão suspensos, seria um desserviço para a cidade uma parceria deste tipo, visto que a hotelaria formal gera emprego e renda para milhares de família, é grande pagadora de impostos e movimenta toda a cadeia produtiva do turismo, portando deve ser reconhecida e priorizada. Muito pelo contrário, defendemos que as plataformas de hospedagens tenham as mesmas responsabilidades fiscais, passem pelas mesmas exigências em termos de legislação às quais a hotelaria está sujeita antes de se serem liberadas a apresentarem no mercado em concorrência à hotelaria formal. É uma concorrência desleal que, inclusive, pode colocar em risco os visitantes e os moradores de condomínios onde esta prática é permitida.

HN: No Rio de Janeiro houve uma tentativa de diálogo com as OTAs, alguma se mostraram mais abertas do que outras. Como está a relação hoje e quais foram as conquistas dessas negociações?

AL: Uma comissão formada por hoteleiros representantes do Hotéis Rio e ABIH-RJ sentou para dialogar com os principais players deste mercado de agências de reservas online e algumas foram mais abertas a negociar condições exclusivas para a hotelaria, como é o caso da Hotel Urbano e da Expedia. As conquistas foram tímidas, mas estamos trabalhando nisso e, em breve, lançaremos no mercado do estado do Rio de Janeiro novidades em relação às OTA’s.

HN: Quais as projeções para alta temporada de 2021, tendo em vista que há ainda incertezas para o carnaval e o corporativo ainda está em lento processo de retomada?

AL: A retomada do setor turístico tem sido lenta, gradual, e, como prevíamos, bastante focada no mercado nacional. Atualmente, a taxa de ocupação tem registrado 38% nos dias de semana e 45% nos finais de semana. Neste mês de outubro fizemos uma grande campanha, a Mais Rio por Menos, com foco nos principais mercados emissores nacionais (São Paulo e Minas Gerais) e esperamos um resultado rápido ainda neste último trimestre do ano. Portanto, as expectativas para a alta temporada são positivas, considerando-se a realidade do momento. A certeza é de que será uma temporada prioritariamente do público nacional.

(*) Crédito da foto: Divulgação/ABIH-RJ