A história entre Rodrigo Cavalcante e a Accor vem de longa data. Atual gerente de Operações do Pullman Vila Olímpia e Grand Mercure Vila Olímpia, o executivo iniciou sua jornada na rede francesa com apenas 15 anos de idade, época em que trabalhava no departamento de lavanderia do Mercure Curitiba Batel como jovem aprendiz.

Na capital paranaense, Cavalcante ajudava com a lavagem de enxovais, atividades operacionais e organização do setor. “Nos primeiros anos tive a oportunidade de atuar nos departamentos de governança, manutenção, reservas e eventos. Aos 18 anos, passei para o contrato efetivo como mensageiro e depois fui promovido para a recepção, onde pude trabalhar nos três turnos”, relembra.

Reconhecido com alguns prêmios de colaborador destaque, Cavalcante assumiu um novo cargo, desta vez na controladoria, onde permaneceu por três anos. “Neste período, notei a necessidade de termos uma área mais voltada para pessoas, na época cada gestor operacional era responsável em recrutar, treinar, reter e engajar”, conta.

A ideia do profissional se tornou um projeto, que logo foi aceito pelo gerente geral responsável. Desta forma, o departamento de Talento e Cultura foi implementado e, com apenas seis meses de trabalho, o processo de recrutamento e seleção ganhou maior assertividade e os índices de turnover caíram.

“O projeto deu certo e meu gerente geral da época me incentivou a apresentar o trabalho para a gerente regional de Operações, a qual me aprovou para fazer o trabalho não apenas para o Mercure Batel, mas para todos os hotéis midscale de Curitiba. Então, fiquei responsável por seis unidades em todos os subsistemas de Talento e Cultura por dois anos”, salienta o executivo.

Em seguida, Cavalcante teve a oportunidade de ingressar no time da sede da Accor, em São Paulo, como business partner dos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais para as áreas de RH (Recursos Humanos) e Customer Experience.

“Após quase três anos de trabalho, recebi o convite para participar do processo para ser gerente de Talento & Cultura dos hotéis Grand Mercure e Pullman São Paulo Vila Olímpia. Atuei por cinco anos à frente da área, sempre próximo da operação. Durante o período de pandemia, tive a oportunidade de contribuir ainda mais trabalhando dentro de Alimentos e Bebidas e assumindo as áreas de Manutenção, TI, Customer Experience e Segurança. Em dezembro de 2021 recebi o convite do meu gestor e mentor para assumir a operação dos dois hotéis”, finaliza.

Três perguntas para: Rodrigo Cavalcante

Hotelier News: Quais os principais desafios de assumir a gerência de Operações de dois empreendimentos? O que se aplica a um, mas não é adotado em outro?

Rodrigo Cavalcante: O principal desafio é manter a singularidade e essência de cada marca. Para novos colaboradores, buscamos selecionar os perfis que se enquadram melhor em cada empreendimento e, desta maneira, potencializar os pontos fortes de cada um, realizando treinamentos sobre as bandeiras. O direcionamento e acompanhamento do nosso time de gerentes contribuem com este resultado. E para os clientes temos em cada elemento uma peça, que define o DNA das marcas e a interação com seu público.

O café, por exemplo, é um acolhimento típico brasileiro de boas-vindas. Temos todos os dias o ritual em nosso lobby onde a anfitriã passa o café, contando aos clientes um pouco sobre esse momento. É um show à parte, disponível apenas no Grand Mercure. Já no Pullman oferecemos a experiência make yourself a cocktail, onde o cliente, com o suporte do nosso chefe de bar, aprende a fazer seu próprio drink. Ambos são elementos e ativações, que utilizo como exemplo e ajudam a distinguir as propostas dos empreendimentos.

HN: Os hotéis operam lado a lado, porém com bandeiras diferentes. Existem diferenças substanciais de público? E como adaptar a experiência do hóspede para cada um deles?

RC: São duas marcas do segmento premium, mas com traços e propostas diferentes. Quando falamos de Grand Mercure, trata-se das riquezas regionais e exploramos o que temos de melhor em nossa cultura. Todos os elementos, desde a essência, trilha sonora, oferta de Alimentos e Bebidas e layout dos espaços potencializam e traduzem o que temos de brasilidade, na forma mais pura e clara. Já no Pullman temos uma marca enérgica, uma proposta de alto nível gastronômico e alguns eventos periódicos, incluindo o Art Battle. Exploramos de forma autêntica a essência da marca com música e arte. E ainda contamos com um bar que é o protagonista do lobby, onde a recepção passa quase despercebida. Ao entrar no Pullman fica bem evidente que a conexão, tecnologia e arte fazem parte da nossa essência.

HN: Como as unidades performaram em 2022? A retomada vem sendo desenhada de forma semelhante? E quais as expectativas para 2023?

RC: O ano de 2022 teve ainda muitos desafios, com as incertezas devido à pandemia, principalmente no primeiro trimestre, mas com resiliência e foco conseguimos passar mês a mês por todos os obstáculos e atingimos, com sucesso, bons resultados. A expectativa para 2023 é grande e estamos nos organizando internamente e redesenhando muitos processos e ofertas. Esperamos que este novo ciclo seja ainda melhor que 2022.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Accor