Luiz Felipe Albuquerque é casado há nove anos e é pai do pequeno Pedro, de quatro anos. Torcedor fanático do Santos Futebol Clube, o gerente de Revenue Management do Grand Hyatt São Paulo é apaixonado por videogame, churrasco e uma boa cerveja.

O executivo é graduado em Hotelaria pelo Senac e, em 2023, completa 20 anos trabalhando na hotelaria. Iniciou sua trajetória na Accor em 2003, onde trabalhou por nove anos. “Foi minha segunda escola na hotelaria e lá tive a oportunidade de ver a transição da rede que trabalhava om um tarifário flat e deu início ao trabalho com tarifas dinâmicas. Foi um processo longo e hotel por hotel fomos passando essa nova dinâmica de precificação e fazer parte disso me despertou o interesse por Revenue Management e Distribuição”, comenta.

Depois de 2012, foi trabalhar na Booking.com e, três anos depois, aceitou o desafio de liderar o departamento de Revenue Management e Distribuição da Rede Estanplaza em São Paulo. Na sequência, foi para a rede Vert, de Belo Horizonte e, após uma passagem pelo Palácio Tangará, chegou ao time do Grand Hyatt São Paulo em 2020. Convidado de hoje (21) do Hotelier News no Três perguntas para, Albuquerque fala da importância de uma boa estratégia de RM para elevar resultados. Confira.

Três perguntas para: Luiz Felipe Albuquerque

Hotelier News: Como o departamento de RM do Grand Hyatt São Paulo se articulado para elevar a receita do empreendimento?

LFA: Informação é imprescindível. Acredito que estar próximo das equipes de vendas, operação e entender o seu set competitivo, seja a chave para o crescimento da receita.

Outro ponto importante para um hotel que possui 467 apartamentos e uma área de eventos de mais de 3,6 mil metros quadrados (m²), é entender as mudanças de mix de clientes que tivemos pós pandemia para poder tomar as melhores decisões estratégicas.

No departamento, hoje somos eu e uma analista de Mercado, e com um espaço de eventos tão grande, o acompanhamento dos grupos é imprescindível. Isso vai desde a sua cotação, onde entender as necessidades de cada solicitação se torna fundamental para a realização uma melhor negociação, até o acompanhamento detalhado da gestão do inventário, permitindo assim encontrar as melhores oportunidades para crescimento de receita.

HN: Atualmente, como você analisa a importância do RM para construção de uma estratégia de receita consistente?

LFA: De maneira simplista, diria que o papel do RM se divide em duas partes. A primeira é relacionada à visão do futuro, entendendo o comportamento do mercado e como cada segmento tende a se comportar. Essa etapa ajuda o hotel no seu planejamento de custos, direcionamentos de vendas, campanhas de marketing e gerenciamento da operação.

A segunda etapa é mais focada no cumprimento da primeira e acompanhar o nível de assertividade é uma necessidade de mudança estratégica para reverter algum quadro negativo, ou até mesmo potencializar uma demanda em alguma data específica.

O foco tem que ser sempre no GOP (Gross Operating Profit). Acredito muito que ambas as etapas precisam ser muito bem comunicadas com as outras áreas, ou grande parte da estratégia não consegue ser aplicada, comprometendo assim o resultado.

HN: Uma das tendências para o RM no pós-pandemia é de que ele seria ainda mais automatizado, e isso realmente vem acontecendo. Dessa forma, maior volume de dados significa, de fato, maior eficiência neste sentido?

LFA: Acho que posso responder essa sua pergunta de maneiras diferentes, dependendo do ponto de vista. Podemos olhar pelo lado da conectividade de sistemas, incialmente. Essa automação é imprescindível e sempre vai reduzir erros, economizar tempo e agilizar a aplicação de estratégias de preço e gestão de inventário. Por esse lado acredito que quem não esteja hoje rodando desta forma está muito atrás.

Outro ponto de vista é com relação aos Sistemas de RM (RMS), que fazem sugestões de estratégia de preços e gestão de inventário de forma autônoma. Um RMS tem a capacidade de avaliar uma quantidade de dados muito maior do que qualquer ser humano, geralmente os hotéis trabalham com uma janela de venda de no mínimo um ano e isso é muita informação para olhar diariamente, mas tendemos a questionar muito as decisões dessas ferramentas.

Acredito que a pessoa por trás da máquina cada vez mais será responsável pela configuração do sistema e por calibrar fatores externos para que a ferramenta possa tomar as melhores decisões. Não acho que temos que aceitar tudo que um RMS nos oferece de estratégia, mas se não estamos aceitando a maioria das recomendações, acredito que devemos entender o porquê destas propostas e como podemos reverter para que sejamos mais eficientes.

(*) Crédito da foto: Arquivo Pessoal