A hotelaria gaúcha vem buscando se equilibrar as duras penas com o esvaziamento das demandas de eventos e corporativas. Para Katia Soares, gerente geral do Radisson Porto Alegre, a oferta da capital do Rio Grande do Sul precisará passar por transformações significativas para sobreviver.

“Grande parte da economia, em especial a rede hoteleira porto alegrense, por ter uma parcela de sua demanda voltada ao business turism, deverá passar por uma reestruturação, seja no âmbito operacional ou na concepção de seus bens e serviços”, afirma.

Nordestina de coração, Katia Soares residiu boa parte de sua vida em Recife, onde atuou na implantação do Beach Class (atual Radisson), Beach Class Resort (Muro Alto) e Quality João Pessoa (Paraíba). À frente da unidade gaúcha desde 2017 e colaboradora da Atlantica Hotels desde 2002, a profissional atuou também como atuou como segunda vice-presidente do Convention Bureau de Porto Alegre e foi gerente geral do Quality Porto Alegre.

Com mais de 20 anos de experiência no setor, Katia é formada em Economia e Ciências Contábeis, além de possuir pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos e MBA em Finanças e Gestão Tributária. Apaixonada pelo dinamismo da hotelaria, a gerente se divide entre o trabalho e a família. Casada e mãe de dois meninos, a executiva relata sua paixão por viagens e a prática de musculação.

“Minha inspiração vem de tudo que gosto. Assim, consigo usar a criatividade, analisar e sair da área de conforto. Com o tempo, pude perceber que o mais importante é estar de bem com a vida, são nesses momentos felizes que a maioria dos insights acontecem.”

Três perguntas para: Katia Soares

Hotelier News: Diante da baixa demanda, como posicionar o produto frente à cesta competitiva? Qual a melhor estratégia para o momento? Porque?

Katia Soares: Não temos dúvidas que um dos setores que sofreu forte impacto diante à pandemia do coronavírus foi a cadeia turística. Observamos acentuado descenso em nossas demandas, já que o Radisson Porto Alegre possui grande parte de sua volumetria voltada ao turismo de negócios. No entanto, uma das premissas básicas e acredito que encantadoras desta profissão hoteleira, é poder se reinventar, transformando, de forma criativa, o tradicional no personalizado para cada um dos nossos clientes. Obviamente que seguindo todos os protocolos de segurança sanitária e cumprindo os decretos locais, contamos com uma equipe largamente preparada, ambientes totalmente sanitizados, oferecendo segurança e conforto para nossos hóspedes. Nossa prioridade está no serviço oferecido; nossa proposta é a criação de um ambiente familiar, conectando nossos hóspedes o mais próximo de suas casas.

HN: Na sua avaliação, quais os principais desafios para a hotelaria porto-alegrense nos curto e médio prazos? O que baliza sua opinião?

KS: A grande parte da economia, em especial a rede hoteleira porto alegrense, por ter uma parcela de sua demanda voltada ao business turism, deverá passar por uma reestruturação, seja no âmbito operacional ou na concepção de seus bens e serviços. Dentro desta ótica, o ramo hoteleiro vai muito além de oferecer tarifas competitivas; este seria apenas um ponto comum dentro da livre concorrência de mercado. É preciso mostrar aos nossos hóspedes que o câmbio tarifário pode ser apenas uma vantagem. É fundamental a adaptação das estruturas hoteleiras dentro das necessidades e peculiaridades de cada cliente, propiciando uma hospedagem salutar e satisfatória. Nosso desafio é criar um ambiente que transmita, além de vantagens, conexões e benefícios, fidelizando os clientes com a nossa marca e DNA, transformando-os em hóspedes habitués.

HN: O que os aprendizados do início da pandemia ajudaram na segunda onda? Foi mais fácil encará-la do que no ano passado? Por que?

KS: Penso que todo o ser humano gera em si um receio daquilo que é estranho e novo. Apenas o tempo e a oportunidade de descobrir o desconhecido nos permitem enxergar além. Neste sentido, a pandemia nos trouxe várias formas de conceber nossas percepções diante dos desafios e das incertezas nos quais passamos. Aprendemos diferentes lições as quais achávamos insustentáveis e até mesmo impossíveis de executar. E hoje, vemos que são totalmente tangíveis e viáveis; uma nova forma de proporcionar conforto, bem estar e segurança é possível, desde que estejamos preparados e adaptados para tal. O amadurecimento e a experiência de convergir situações cotidianas, associadas ao aprendizado durante o longo do tempo, nos permitiram hoje estarmos em um patamar totalmente controlável, trazendo a confiança e fidelidade de nossos hóspedes.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Radisson Porto Alegre