Diárias mais altas, público-alvo fiel e perspectivas muito positivas. O mercado de luxo segue potente globalmente e a América Latina (Brasil incluído) está na rotas das principais marcas hoteleiros do segmento. Na Marriott International, por exemplo, o otimismo é grande, até por conta do pipeline de 34 propriedades em desenvolvimento na região, informa Hugo Desenzani.

Diretor de Desenvolvimento de Luxo da Marriott para América Latina e Caribe, o executivo está no Brasil para participar da ILTM Latin America, que começa amanhã (8), em São Paulo, e conversou com a reportagem do Hotelier News sobre as perspectivas e o bom momento do mercado de luxo na região. “Temos poucos hotéis no Brasil para o que realmente precisamos”, diz Desenzani, reforçando o forte interesse da Marriott pelo Brasil.

Vale destacar que, além dos hotéis cinco estrelas atualmente em operação no país, a gigante norte-americana tem importantes aberturas previstas no segmento para os próximos anos: The Westin São Paulo, em parceria com a Deville Hotéis; W São Paulo, com previsão de inauguração para outubro; W Gramado (RS), cujas vendas dos residenciais já se iniciaram; e o complexo Maraey, em Maricá (RJ), que terá três hotéis, sendo um deles o primeiro Ritz-Carlton Reserve da América do Sul.

Marriott - W_São_Paulo

W São Paulo deve abrir as portas em 1º de outubro

Para Desenzani, esse cenário promissor está em linha com a tendência de crescimento do mercado de luxo acima dos demais segmentos da hotelaria. Por que? Basicamente, porque, em meio às incertezas econômicas atuais, esse público é praticamente imune a crises. Além disso, o comportamento do consumidor vem mudando neste pós-pandemia, com as viagens e as experiências que elas proporcionam se tornando prioridade.

Em paper publicado em março, a McKinsey detalhou essa perspectiva. Segundo o estudo, a competição nesse nicho de mercado aumentará nos próximos anos. “Depois da pandemia, o padrão de consumo mudou muito e, hoje, vemos as pessoas cada vez mais buscando novas experiências, querendo explorar novos lugares. Durante a crise sanitária, elas perceberam que a vida é curta e, assim, vimos um forte crescimento do bleisure, nas viagens intergeracionais, em família”, comentou. “Acreditamos que esse comportamento não mudará, pois nossa comunicação com o cliente já está voltada para essa priorização da experiência”, acrescenta.

Desenzani explica ainda que o luxo é uma excelente alternativa para os desenvolvedores hoteleiros. Isso porque, quando a demanda aumenta nessa categoria, as tarifas podem até triplicar, diferentemente do segmento econômico, por exemplo, onde a elasticidade tarifária é muito menor. Ou seja, fazer um produto de luxo permite margens de lucro mais gordas.

Performance no Brasil

Com a volta à normalidade, o Brasil tem observado margens de crescimento mais modestas em toda hotelaria, até em função da base de comparação elevada. Então, aquela alta do RevPar em dois dígitos é uma meta mais ousada para este ano, muito embora a demanda esteja em bons níveis na maioria das praças do país (acesse o relatório Hotel Trends Stats e saiba mais). Ainda assim, o executivo da Marriott segue otimista com o segmento de luxo e mira, sim senhor, uma repetição da performance de 2023

“Neste ano, teremos o G-20, que é um evento que traz muitos negócios. Haverá também um jogo de futebol americano pela primeira vez no Brasil, o que também gera muita demanda nos hotéis. A verdade é que acreditamos na melhora da economia brasileira, porque o Brasil é um mercado muito forte em serviços, desenvolvimento, tecnologia, com grande relevância na economia latino-americana”, comenta.

Questionado sobre as diferenças de performance entre o mercado de luxo e os outros segmentos, Desenzani diz que, historicamente, o luxo tem sido resiliente, porque as pessoas que o consomem não são afetadas pelas oscilações da economia. “Cremos que neste ano teremos bases de crescimento altas, e acreditamos que será recorde para as propriedades de luxo da Marriott. Talvez não globalmente, mas no Brasil e América Latina estamos otimistas”, endossa.

Em relação ao perfil de público para os hotéis de luxo que serão abertos no Brasil, o executivo pontua que, mesmo que 80% da demanda por viagens por aqui seja doméstica, o percentual de estrangeiros nas propriedades com marcas Marriott é na casa de 70%. “Acredito que essa tendência que deve se manter, visto que os viajantes internacionais priorizam bandeiras que já conhecem quando vêm ao país”, disse.

“E ainda há poucos hotéis de luxo de marca no Brasil. Uma vez abertos, esses empreendimentos capitalizarão todo esse mercado internacional, muito fidelizado com a Marriott. Hoje, 50% dos nossos hóspedes são membros do Marriott Bonvoy no Brasil, e essa é uma tendência que vai continuar”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Alê Virgílio/Marriott International 

(**) Crédito da foto: Divulgação/Marriott International 

(***) Na capa: Hugo Desenzani