Com a pandemia e seus impactos deletérios na indústria de viagens, várias empresas – não importa o porte – passaram dificuldades. Dessa forma, alguns grupos aproveitaram a situação para sair às compras, até em função da retomada do setor já ter começado e a possibilidade de recuperação do investimento mais rápida. Depois da Zarpo e GJP Hotels & Resorts, chegou a vez de um grande grupo ser vendido. Hoje (20), segundo informações do Brazil Journal, o empresário Marcelo Cohen, da Belvitur, anunciou a compra da Flytour. O valor do negócio não foi divulgado.

Na prática, uma agência que movimentou R$ 800 milhões em 2019 está adquirindo uma empresa que fatura oito vezes mais. A aquisição, na verdade, integra uma estratégia mais ampla de Cohen, um veterano do setor. Ele pretende erguer uma holding diversificada, mirando abrir capital na Bolsa em pouco tempo. Ao Brazil Journal, o empresário confirmou estar negociando a compra de outros cinco negócios, incluindo na hotelaria.

De olho na digitalização do setor e na grande base de dados criada pela Flytour ao longo do tempo, Cohen disse que “plugará” na empresa oito startups que a Belvitur adquiriu durante a pandemia. Entre elas, estão uma uma traveltech que digitaliza processo de vendas e uma online booking tool.

Como citado, a construção desse ecossistema do setor de viagens inclui ainda aquisições de hotéis. Há dois meses, Cohen se associou ao Banco Master para comparar o Botanique, em Campos do Jordão, atualmente operado pela Six Senses. Vale destacar que a Belvitur já era proprietária do TRYP Guarulhos, que fica no Terminal 3 do terminal internacional paulista.

Flytour: situação

Pelo que aponta a reportagem do Brazil Journal, Eloi D’Ávila, fundador da Flytour, continuará na companhia como executivo, além de ganhar um assento no conselho. Bastante afetada pela pandemia, a tradicional operadora entrou com um pedido de recuperação extrajudicial em função de dívidas bancárias de R$ 142 milhões. Em 2019, antes da crise sanitária, a empresa vendia 700 mil passagens aéreas e 1 milhão de diárias hoteleiras mensalmente.

A troca de comando ocorre em um momento em que a Flytour já conseguiu adesão de credores (80% da dívida) ao plano de recuperação. Desenhado pela Alvarez & Marsal, o plano prevê pagamento em seis meses, com os credores aceitando deságio de 80% – ou receber 100% em 16 anos, com dois de carência.

A Flytour fez um GVM de R$ 6,2 bilhões em 2019. Segundo Cohen, o volume transacionado este ano deve chegar a R$ 3 bilhões, com projeção de chegar a R$ 10 bilhões em 2023. “Essa empresa estava à venda por 18 meses”, comentou Cohen ao Brazil Journal. “Todo mundo achava pequena, ou achava caro, ou via algum problema nela. Agora que comprei, está todo mundo de ligando”, completa o empresário mineiro, que teve o Banco Master como assessor no negócio.

(*) Crédito da foto: geralt/Pixabay