A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), encerrou o ano de 2023 em 4,62%, de acordo com dados divulgados hoje (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar de 0,16% acima do inicialmente projetado, o resultado marca uma reversão em relação aos dois anos anteriores, nos quais o índice ultrapassou o limite da meta, informa a Folha.

No âmbito mensal, o IPCA apresentou uma aceleração de 0,28% em novembro para 0,56% em dezembro, segundo o IBGE, ficando acima da previsão de 0,50% dos analistas consultados pela Bloomberg.

Ao longo do ano passado, a inflação desacelerou devido à estabilização nos preços dos alimentos, que foram impactados pela pandemia, pela Guerra da Ucrânia e por choques climáticos. A oferta ampliada de mercadorias, especialmente devido ao aumento da safra agrícola, contribuiu para conter os preços dos alimentos, como carne e leite.

O economista André Braz, do FGV Ibre, destaca que a safra robusta de 2023 e a influência dos juros elevados, que desestimularam a demanda por bens duráveis, foram fatores-chave na moderação da inflação. Bens duráveis, associados a financiamentos, tiveram seus preços contidos devido à menor procura.

Apesar da desaceleração em vários setores, os preços administrados, incluindo gasolina e energia elétrica, impediram uma redução mais expressiva no índice de inflação, devido à retomada da cobrança de tributos congelados pelo governo anterior.

Projeção para 2024

Olhando para o cenário futuro em 2024, os analistas projetam uma desaceleração adicional do IPCA para 3,90% no acumulado do ano. A meta central para 2024 é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais (4,50%) ou menos (1,50%).

Espera-se que os preços dos alimentos voltem a subir em 2024, principalmente devido ao fenômeno climático El Niño, que pode afetar a produção agrícola e resultar em repasses para os consumidores.

(*) Crédito da foto: Ikzmiranda/Pixabay