A 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Santa Cruz, no Rio de Janeiro, determinou a instauração de inquérito policial para apurar possíveis crimes cometidos pelo Hurb. A investigação contra a empresa, que vem de uma longa crise, corre na 36ª Delegacia de Polícia do Rio.

O inquérito decorre de uma denúncia feita em setembro de 2022 pelo advogado João Francisco Raposo Soares ao Ministério Público Federal, que encaminhou para o Ministério Público do Rio de Janeiro, onde a empresa está sediada. Raposo é alvo de uma ação movida pelo Hurb após o advogado postar um vídeo alertando consumidores sobre os riscos de comprar pacotes na OTA.

A companhia tentou tirar a postagem do ar, mas não obteve sucesso no pedido liminar, aponta O Globo. “O Hurb é uma agência de turismo virtual que vende pacotes com preço muitíssimo abaixo de todas as outras empresas do Brasil e do mundo. Embora não seja nem mesmo uma das dez maiores agências do Brasil, trata-se da única empresa do mundo que vende os seus pacotes turísticos (hotel + passagens) a um preço no mínimo três vezes mais barato que os menores preços de todos os seus concorrentes no mundo inteiro”, escreveu Raposo no pedido de abertura do inquérito.

O outro lado

O Hurb afirmou que não foi notificado de qualquer ação ligada ao Ministério Público. Desde o dia 29 de maio, a empresa está proibida de vender pacotes flexíveis ou a descoberto, ou seja, sem data fixa para embarque. A medida foi aplicada pela Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) após aumento de reclamações de consumidores que compraram pacotes e não conseguiram viajar. A OTA recorreu da decisão, mas a demanda ainda segue sob análise.

Segundo a Senacon, a suspensão de venda dos pacotes foi adotada como uma forma de proteção aos consumidores e tem o objetivo de garantir a resolução das reclamações já existentes antes que novas vendas sejam realizadas.

A crise do Hurb começou logo após o fim da pandemia. Enquanto o turismo mundial estava sob restrição, a empresa vendeu R$ 3 milhões em pacotes flexíveis a preços considerados super agressivos. Com a retomada do setor, os preços dispararam e a empresa ficou sem recursos para honrar as viagens. A situação saiu do controle quando o CEO João Ricardo Mendes xingou um cliente e exibiu dados confidenciais em um grupo aberto de WhatsApp. Após o episódio, o executivo anunciou afastamento do cargo, mas retornou ao comando da empresa meses depois.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Hurb