Localizado a 100 quilômetros (km) de Manaus, o Rio Juma é um dos principais destinos de turismo ecológico do Amazonas. Situado em uma área remota e preservada, mas de fácil acesso, o afluente do Rio Madeira é, além de um atrativo turístico, o sustento de muitas famílias que vivem na região. Com a alta demanda de visitantes, em especial de pescadores, alguns hoteleiros tomaram a iniciativa de criar uma associação de preservação ambiental.

Abundante em tucunarés, peixe altamente procurado por praticantes de pesca esportiva, o Rio Juma é um prato cheio para os amantes da atividade. Entretanto, nos últimos anos os hotéis e pousadas da região perceberam um aumento significativo de pescadores — o que ligou um sinal de alerta em muitos hoteleiros.

“O principal motivo da criação da associação é justamente dar mais força para o setor e trazer órgãos governamentais para preservar a mata e as águas. É preciso ter um ordenamento na região, pois no período de pesca existe um volume muito grande de pescadores, o que está fugindo do controle”, explica Cida Ikeda, sócia-proprietária do Juma Amazon Lodge e uma das idealizadoras da entidade.

Batizada de Associação de Hoteleiros e Empreendedores do Turismo do Rio Juma, a entidade está em fase de construção e já conta com 12 associados, em sua maioria meios de hospedagens do município de Autazes. “Estamos iniciando nossos trabalhos de registro, para quando chegar o período de pesca, nossas demandas já estejam em andamento”, salienta Cida.

Rio Juma - associação de hotéis - cida ikeda

Cida é uma das idealizadoras da entidade

Falta de conscientização

Segundo a sócia do Juma Amazon Lodge – que investe em ações sustentáveis em sua operação – muitos meios de hospedagens do entorno do Rio Juma estão vendendo mais diárias do que a região comporta durante a temporada de pesca – que tem início em agosto.

“O Rio Juma é conhecido como uma área de pesca de tucunaré, com peixes de até 80 cm. É uma região de grande demanda de pescadores, mas esse volume está descontrolado. Pousadas que trabalham com pesca esportiva recebem o limite máximo de 14 pessoas por semana, enquanto outras trazem mais de 100 pessoas no mesmo período”, explica Cida.

Sabendo que a natureza em seu entorno é o bem mais precioso da hotelaria da região, os hoteleiros se movimentaram para ordenar o turismo no local. Cida lamenta que muitos pescadores que visitam o Rio Juma não têm consciência ambiental, prejudicando não apenas as águas, mas as matas da área.

“Muitos jogam lixo na mata, assam peixe na margem do rio e não apagam o fogo, além da enorme quantidade de barcos que jogam óleo e gasolina no rio. Se não cuidarmos da natureza aqui, ela vai ser degrada e os turistas vão procurar outro lugar para visitar. Lembrando que a pesca é uma atividade importante, que beneficia cerca de 500 famílias”, conclui Cida.

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian/Hotelier News