Nos últimos dias, um debate movimentou o turismo gaúcho: os problemas enfrentados pelo setor em Gramado. Às vésperas da temporada de inverno, o destino da Serra Gaúcha ligou um sinal de alerta com as baixas demandas de turistas e procura por reservas aquém do esperado. O centro da discussão não é nenhuma novidade tanto para players do segmento quanto para visitantes: os preços. A discussão, obviamente, chegou ao SindTur Serra Gaúcha (Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias), que rebateu críticas sobre a condução dos valores de atrativos, hotéis e restaurantes no município.

Claudio Souza, presidente da entidade, falou em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade. O executivo fez críticas aos digital influencers, que “acham que falando de Gramado irão conseguir muitos likes”. E disse não ter “um relato tão forte em relação a preços específicos”. Souza ainda defendeu que o destino atende a públicos de diversos orçamentos.

Mesmo assim, a baixa no movimento e a alta nos preços foram reconhecidas pelo presidente, que destacou o aumento na oferta de quartos na região, evidenciada pelo crescimento de 23% no número de diárias revendidas em 2023 na comparação com 2022, associado a um recuo de 3% na diária média.

Esse fenômeno também elevaria o custo da mão de obra, segundo Souza, o que se reflete no fato de que a cidade teria mais de 500 vagas de emprego abertas no momento. O presidente da SindTur Serra Gaúcha ainda revelou preocupação com a chegada do Club Med na região.

“Esta rede chegando, ela não vai gerar mais emprego, Ela vai gerar, talvez, vários problemas que vão atormentar esse custo em Gramado, porque nós temos que gerar saúde, gerar educação”, comentou Souza.

Os impostos também foram assunto da entrevista. O executivo reclamou do fato de que o setor estaria sujeito a maior carga tributária de Gramado e deu como exemplo o ISS de 5%.

Questionado se havia algum plano para atrair os turistas gaúchos, responsáveis por fatia importante do movimento da região e que tem deixado de escolher o destino, Souza estar discutindo com o poder público, especialmente em ano de eleição, projetos que possam melhorar a situação.

“Nós vamos ter que partir para esse lado para que possamos dicsutir algumas coisas que não concordamos. Nós, como entidade, assim como outras associações de Gramado, não concordamos com a forma que vem se portando a nossa administração, o nosso poder público”, comentou.

Autorreflexão

Segundo a Gaucha ZH, Guilherme Paulus, fundador da CVC, teria alertado o setor hoteleiro sobre as baixas demandas por reservas. A preocupação do empresário acendeu uma luz vermelha no turismo de Gramado, que retomou a autorreflexão sobre os custos de seus serviços e produtos.

Anteriormente, o Hotelier News já havia explorado as queixas de estabelecimentos gastronômicos do local, que relataram queda de movimento no Natal Luz de 2022. Ainda que o momento seja de debate, hoteleiros ouvidos por nossa reportagem alegam que suas propriedades estão cheias, uma vez que a hospedagem não está entre os maiores custos dos turistas no destino.

(*) Crédito da foto: Divulgação