Após alinhar um aguardado amplo plano de reestruturação do endividamento, a CVC Corp divulgou ontem à noite (14) o balanço do ano fiscal de 2022. A empresa fundada por Guilherme Paulus reportou prejuízo de R$ 96,8 milhões no quarto trimestre de 2022, queda de 33,6% frente às perdas registradas em igual período de 2021, quando o montante foi de R$ 145,8 milhões. No acumulado do ano, o prejuízo também recuou na comparação anual, mas seguiu elevado: R$ 433,4 milhões ante R$ 486,6 milhões um ano antes.

Apesar das perdas registradas no ano passado, os resultados financeiros da CVC Corp mostram sinais positivos de recuperação. O Ebitda Ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por exemplo, encerrou 2022 a R$ 166,5 milhões, revertendo um montante de R$ 235,1 milhões negativos um ano antes. Já a receita líquida avançou 47,9% na comparação anual, somando R$ 1,221 bilhão, contra um faturamento de R$ 825,9 milhões no ano fiscal anterior.

“Ao longo de 2022, as reservas e nosso resultado progrediram, demonstrando a recuperação do mercado e capacidade de execução da companhia. As reservas confirmadas e consumidas apresentaram crescimento tanto no Brasil, quanto na Argentina e, consequentemente, crescimento da receita líquida entre períodos”, destaca a empresa, em nota. “Reflexo do desempenho nas reservas consumidas, contribuindo para a melhora dos resultados operacionais”, reforça a CVC Corp.

Mais números

No quarto trimestre do ano passado, as despesas de vendas da CVC reduziram 4,2% na comparação anual, saindo de R$ 64,8 milhões para R$ 62,1 milhões. No acumulado do ano, contudo, o indicador cresceu 52,2%, totalizando R$ 243,3 milhões ante os R$ 159,8 milhões de 2021. Segundo a empresa, o aumento é “reflexo do aumento das Reservas Consumidas na Argentina e no Brasil”.

As despesas gerais e administrativas no quarto trimestre ficaram praticamente em linha quando comparadas ao mesmo período do ano anterior, saindo de R$ 249,3 milhões para R$ 254,7 milhões, queda de 2,1% no período. No acumulado dos 12 meses, a alta foi de 13,4%, quando o indicador avançou de R$ 801 milhões, em 2021, para R$ 908,4 milhões no ano passado.

“O fortalecimento de algumas áreas, como Operações e TI, contribuíram para o aumento de 13,4% nesta rubrica, além dos efeitos, ao longo do ano, de reajuste salarial no Brasil de 10% ocorrido em novembro de 2021”, diz a CVC no relatório de resultados.

Endividamento

Apesar dos bons sinais em alguns indicadores, o mercado de capitais e a indústria de viagens ainda olham com atenção especial às métricas de endividamento da CVC Corp. E há uma primeira boa notícia vinda do balanço: a CVC gerou R$ 285 milhões em caixa nos três últimos meses do ano, elevando sua posição total a R$ 687,5 milhões. Ainda assim, vale ressaltar que, no acumulado do ano, houve queima de R$ 108 milhões em recursos líquidos.

Quanto ao endividamento em si, a CVC encerrou o ano com R$ 896,7 milhões de saldo em debêntures, dos quais R$ 665 milhões têm vencimento já no segundo trimestre de 2023. Portanto, falamos de praticamente toda a posição de caixa da companhia. Há poucos dias, a empresa chegou a um acordo com os debenturistas para rever o cronograma de pagamento desses compromissos — há, no entanto, uma série de condições a serem aceitas pelos detentores desses títulos.

O plano de reorganização das dívidas ainda deve ser aprovado em assembleias gerais de debenturistas da CVC. A mais relevante, a de detentores de títulos da quarta emissão da companhia, está marcada para o dia 6 de abril.

(*) Crédito da foto: Almir Bonfim Jr./CVC Corp