A mesa redonda A hotelaria e as possíveis oportunidades de investimento fechou a programação do terceiro e último dia do Conotel (Congresso Nacional de Hotéis), e contou com a presença de Pedro Bruno, superintendente de Governo e Relacionamento Institucional do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento); Bruno Pena, diretor de Planejamento do Banco do Nordeste do Brasil; Alberto Martinhago, superintendente de Pessoa Jurídica do Banco do Brasil; Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos; e Pedro Cypriano, sócio-diretor da HotelInvest.

No último painel do Conotel, mediado por José Odécio Rodrigues Júnior, diretor da ABIH Nacional (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Bruno falou sobre as estratégias do BNDES de apoio ao turismo, através de uma agenda de diversos projetos, principalmente nos parques nacionais.

“A gente vê crescimento exponencial neste sentido, e estamos com 55 projetos que dizem respeito ao turismo de natureza. Com as restrições às viagens internacionais e a alta do dólar, o brasileiro tem voltado suas atenções para os destinos domésticos”, afirmou.

Ele afirmou ainda que, segundo pesquisa, 20% dos turistas brasileiros têm preferido destinos ao ar livre, o que reforça a importância dos projetos. “O BNDES desenhou um programa de concessão de unidades de conservação, com três pilares principais: preservação ambiental, fomento ao turismo sustentável e desenvolvimento de renda e turismo regional, fomentando a entrada de novos investidores. Hoje, temos uma carteira de 43 unidades de conservação e projetos ESG, com estratégias ligadas principalmente à geração de energia renovável.”, destacou.

Martinhago, durante sua fala, afirmou que o setor de serviços foi o mais impactado pela pandemia, ao mesmo tempo em que reforçou as boas perspectivas para o turismo em 2022, principalmente o de lazer, além de mencionar as possibilidades de investimento oferecidas pelo banco. “Nós temos algumas linhas de financiamento que dizem respeito não à construção de empreendimentos propriamente dita, mas sim à manutenção deles, o que de certa forma também traz benefícios exponenciais para o setor”, disse.

Dando continuidade ao momento, Pena fez considerações sobre o panorama do turismo no Brasil. “O setor já dá sinais de recuperação, o que é muito importante. Além disso, também trazemos diversas possibilidades, entre elas o apoio ao Fungetur, uma linha bastante interessante, para a qual temos orçamento inicial de R$ 500 milhões”, afirmou.

Em sua fala no Conotel, Cypriano analisou o cenário de recuperação gradual da hotelaria, com alta nas taxas de ocupação e diária média. “Os empreendimentos estão com performance muito melhor. Nossa expectativa é que, ao longo de 2022 tenhamos um momento histórico no setor, porque vemos investimentos saindo da gaveta de novo, principalmente os de multipropriedade, que têm se popularizado cada vez mais, com tickets acessíveis, permitindo acesso mais fácil por parte da população a esse tipo de investimento”, ressaltou.

“Do ponto de vista corporativo, dos 26 mercados do Brasil, 21 atingiram 50% de ocupação, o que é um ótimo percentual, considerando o atual cenário”, disse Cypriano, que reafirmou a importância da recuperação das diárias para alavancar a retomada.

Recuperação total deve acontecer nos próximos anos

Margato, por sua vez, endossou o raciocínio dos demais participantes, afirmando que a recuperação está acontecendo de forma gradual, o que inclui o setor de serviços. “Quem está sustentando o crescimento do PIB neste segundo semestre de 2021 é o setor de serviços. Existem cada vez mais sinais apontando para esta recuperação, que deve acontecer entre o segundo semestre de 2022 e o começo de 2023″, avaliou.

Por outro lado, ele apontou fatores macroeconômicos que podem ser empecilhos neste processo, entre eles a alta da inflação. “Em alguns momentos, ela pode desacelerar esse crescimento em algumas regiões, mas por outro lado temos demanda represada em muitos segmentos, inclusive no turismo doméstico, que passou a receber maior atenção devido às restrições impostas pela pandemia às viagens internacionais”, acrescentou durante sua participação no Conotel.

Além disso, Margato pontuou que o Brasil ainda é um país com capacidade de atrair, a médio e longo prazos, investimentos vindos de outros países, outro fator que contribuirá de forma exponencial para a recuperação econômica.

(*) Crédito da foto: Lucas Barbosa/Hotelier News