De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o Carnaval de 2023 deve movimentar R$ 8,18 bilhões em receita para o turismo. O valor é 26,9% maior que o do ano passado, mas 3,3% abaixo do observado em 2020, o último antes da pandemia de Covid-19.

O estudo mostra que 85% do montante devem ser gerados por três segmentos: bares e restaurantes (R$ 3,63 bilhões), transporte de passageiros (R$ 2,35 bilhões) e serviços de hotelaria e hospedagem (R$ 890 milhões). Os demais 15% se dividem entre empresas de lazer e cultura (R$ 780 milhões) e segmentos como aluguel de veículos e agências de viagem (R$ 530 milhões).

José Roberto Tadros, presidente da CNC, diz que o principal obstáculo ao restabelecimento das receitas ao nível pré-pandemia é o atual contexto econômico menos favorável. “Os reajustes de preços de praticamente todos os segmentos, o aumento significativo da taxa de juros e o alto comprometimento da renda com dívidas fazem com que os gastos com lazer sejam comedidos, mas ainda assim consideravelmente maiores do que em 2021”, pontua.

Passagens aéreas

Além do contexto econômico, o alto preço das passagens aéreas também tem dificultado o movimento de retomada. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou acréscimo de 23,53% nas tarifas no ano passado. No mesmo sentido, a hospedagem aumentou 18,21% e os pacotes turísticos ficaram 17,16% mais caros. As três variações se projetaram acima do nível geral de preços, que subiu 5,79%.

“Esses serviços são, na maioria das vezes, comprados mediante parcelamento, o que, com o crédito mais caro, explica a dificuldade do setor de turismo em ultrapassar o nível pré-pandemia”, avalia Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela pesquisa.

A taxa média de juros dos empréstimos e financiamentos livremente obtidos por pessoas físicas atingiu 59% ao ano, maior patamar desde agosto de 2017, quando o índice era de 62,3%.

Mercado de trabalho

A demanda por serviços turísticos deve gerar oferta de 24,6 mil vagas temporárias no Carnaval deste ano. A expectativa, segundo a CNC, é de que sejam contratados 4,4 mil cozinheiros, 3,45 mil ajudantes de cozinha e 2,21 mil profissionais de limpeza. São 9,4 mil postos a mais em comparação a 2021, mas 1,5 mil a menos frente ao último carnaval antes da pandemia.

A maior quantidade de vagas temporárias para a festividade ocorreu em 2014, segundo a entidade, quando a proximidade entre o evento e a Copa do Mundo no Brasil estimulou a contratação de 55,6 mil profissionais.

Outros carnavais

O último Carnaval antes da crise sanitária, em 2020, teve volume financeiro de R$ 8,47 bilhões. Em 2021, devido às medidas de restrição à circulação de pessoas e suspensão de atividades de lazer, houve decréscimo de 43% nas receitas, contabilizando R$ 4,82 bilhões. No ano passado, quando já havia retomada parcial da movimentação em virtude da vacinação, o faturamento foi de R$ 6,45 bilhões, 24% abaixo do patamar de 2020.

A entrada de turistas estrangeiros no país também é outro termômetro importante do nível da atividade do turismo. Em 2020, 672 mil visitantes de outros países estiveram no Carnaval do Brasil. Em 2021 foram 36 mil e no ano passado, 254 mil. Os gastos foram, respectivamente, de US$ 478 milhões, US$ 211 milhões e US$ 359 milhões.

(*) Crédito da foto: Rafael Moraes/VEJA.com