Planejar viagens com muita antecedência ou buscar promoções na madrugada já não são mais estratégias eficazes para conseguir bons preços em passagens aéreas. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pegar um voo ficou até 27,4% mais caro apenas em outubro, maior variação mensal deste ano, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). No acumulado dos últimos 12 meses, a alta chegou a 40,53%, revela o Correio Braziliense.

A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) credita os bilhetes inflacionados à alta dos combustíveis. “É importante enfatizar que o preço de uma passagem aérea tem relação direta com os custos das companhias. Estes, por sua vez, são impactados por fatores externos. Um deles é a cotação do dólar em relação ao real, que indexa mais da metade dos custos do setor, pressionando itens como o combustível dos aviões, manutenção e arrendamento de aeronaves”, justifica a entidade, em nota.

Aumento

De 1º de janeiro a 1º de novembro, o querosene de aviação acumula aumento de quase 59%, segundo cálculo da Abear. A associação destaca que o item responde por cerca de 40% dos custos de uma companhia aérea. “Além disso, o combustível é precificado como se fosse importado, apesar de mais de 90% desse insumo ser produzido no país”, pontua a entidade.

Havia, ainda, expectativa de queda nos preços das passagens com a implementação da cobrança pela franquia de bagagem despachada. No entanto, a Abear afirma que a crise econômica resultou em uma escalada nas operações das empresas aéreas. “O aumento do custo com o querosene de aviação, aliado à valorização da cotação do dólar em relação ao real, nos desafia diariamente, já que a moeda americana indexa mais de 50% dos custos do setor”, salientou.

Além do preço dos combustíveis, especialistas acreditam que a demanda reprimida durante a pandemia também pode ter pressionado o preço dos bilhetes. “O que podemos observar é uma inflação muito disseminada. Tivemos três meses de deflação no índice geral e, em outubro, voltou ao patamar positivo”, afirma Mauro Rochlin, professor de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas).

“A expectativa é de que a conjuntura econômica ainda seja impactada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, com influência, sobretudo, em commodities, que entram na composição de várias cadeias produtivas”, acrescenta Rochlin, sinalizando que os preços das passagens aéreas estão longe de dar fôlego ao bolso do consumidor.

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