O Airbnb divulgou hoje (26) os resultados financeiros de 2020. Apesar da resiliência que o segmento short-term rental demonstrou durante a pandemia, foi impossível passar imune aos efeitos dela. A plataforma reportou prejuízo líquido de US$ 4,6 bilhões no ano fiscal, sendo boa parte (US$ 3,9 bilhões) no quarto trimestre, quando despesas relacionadas ao IPO (Initial Public Offering) representaram fatia representativa das perdas no período (US$ 2,8 bilhões).

Já a receita cedeu 30% de um ano para o outro, passando de US$ 4,8 bilhões para US$ 3,4 bilhões no período. No quarto trimestre, o faturamento foi de US$ 859 milhões, 21,9% frente igual período de 2019, o que, na avaliação de analistas, mostrou a resiliência da empresa. Já o Ebtida Ajustado (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em US$ 251 milhões, ante perdas de US$ 253 milhões um ano antes, apesar da receita US$ 1,4 bilhão menor. Por fim, o total de reservas na plataforma caiu 39%, totalizando 46,3 milhões.

No comunicado enviado ao mercado, o Airbnb disse que a “forte disciplina financeira” permitiu que diminuíssem as despesas operacionais no ano passado. E, de fato, a empresa tomou muitas decisões difíceis em 2020. Talvez a demissão de 25% dos funcionários tenha sido a mais complicada, mas a rodada de investimento que injetou US$ 1,1 bilhão na companhia foi considera à época um mau negócio.

Airbnb: foco menor em hotéis

Na primeira call com analistas e investidores após a abertura de capital, o Airbnb indicou alguns dos próximos passos. Brian Chesky, CEO da plataforma de short-term rental, deu a entender que elevar o número de hotéis na base não será mais a prioridade que foi há bem pouco tempo. Apesar da fala, o executivo disse saber exatamente o que os consumidores desejam: experiências e hospedagens únicas – e anfitriões individuais podem entregar isso.

No contato com analistas, Chesky se disse orgulhoso da aquisição da HotelTonight, em 2019, que é a maior da história da companhia. Ele acrescentou, contudo, que o único sentido em oferecer hotéis na plataforma é a oportunidade de ampliar o leque de opções aos consumidores e repetiu que estes desejam mesmo é ficar em propriedades exclusivas operadas por proprietários individuais.

Airbnb em 2020

Receita: US$ 3,4 bilhões (-30% vs 2019)
Receita 4º trimestre: US$ 859 milhões (-21,9% vs 2019)
Ebtida Ajustado: US$ 251 milhões
Total de reservas:  46,3 milhões (-39% vs 2019)
Prejuízo líquido: US$ 4,6 bilhões
IPO realizado: captação de US$ 3,5 bilhões

O CEO do Airbnb, na verdade, parece ter diminuído seu interesse pela hotelaria desde a redução do investimento no auge da pandemia. “Ainda estamos investindo em hotéis, não tanto quanto antes”, afirmou Chesky aos analistas. Ele também revelou que as prioridades este são recrutar mais anfitriões, simplificar processos na plataforma, que seriam capazes de permitir uma adesão “em apenas 10 minutos”. Outra meta é melhorar a experiência do hóspede e corrigir problemas de atendimento.

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News