O economista Guilherme Dietze é graduado pela UVV (Universidade de Vila Velha) e hoje atua como consultor econômico na FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Além disso, é membro do conselho do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo) e CEO na Econdata Consultoria e Produção de Conteúdo.

Na sessão de hoje (11) do Três Perguntas, o Hotelier News recebe Dietze para uma conversa sobre o mercado das viagens corporativas e as perspectivas para 2022. Será o ano da retomada total? Leia a entrevista na íntegra e descubra.

Três perguntas para: Guilherme Dietze

Hotelier News: No ano passado, o setor de viagens corporativas teve faturamento de R$ 48,6 bilhões, o que representa crescimento em relação a 2020. Analisando este começo de 2022, como você avalia o setor?

Guilherme Dietze: As viagens corporativas tiveram uma excelente recuperação ao longo do segundo semestre do ano passado. Agora, ainda com pandemia, Ômicron e guerra na Ucrânia, a tendência é de que ocorram menos negócios. Então, o setor vai sofrer por conta deste cenário todo. Mas temos uma demanda reprimida de setores que tinham compromissos marcados para o ano passado e que tiveram que postergar. Então, iremos concentrar, neste primeiro semestre, nessa demanda, sobretudo a partir deste mês.

São viagens que as pessoas precisam fazer para movimentar os negócios. Iremos ver uma recuperação muito forte a partir de março, mas ainda assim com um crescimento aquém do que esperávamos. Isso por conta da inflação acima de 10%, juros que encarecem o crédito, o desemprego, entre outros fatores. Então tudo isso dificulta esse movimento de retomada do setor das viagens corporativas.

HN: Você mencionou os empecilhos que o setor deve enfrentar ao longo do ano. Mudando um pouco o foco, quais devem ser os impulsionadores do movimento crescente que também vai acontecer?

GD: Além da demanda reprimida, com eventos e viagens sendo canceladas, a volta aos eventos no formato presencial deve ser um grande impulsionador. As pessoas precisam fazer as coisas acontecerem no ao vivo. Obviamente o formato virtual é importante, mas quando as empresas precisam tomar decisões, assinar contratos e analisar situações, elas precisam fazer uma viagem, pagar uma passagem, hospedagem e alimentação.

Toda essa movimentação que vai haver na recuperação da economia será necessária e importante para o setor de viagens corporativas.

HN: Considerando fatores como o aumento das tarifas aéreas, ainda pode-se dizer que 2022 será o ano da retomada? Ou essa recuperação irá esperar um pouco mais?

GD: A tendência é dada. Vai haver um crescimento este ano, em relação à base fraca que foi 2020 e 2021. A grande questão agora é saber o ritmo dessa recuperação. No fim do ano passado, acreditávamos que ela seria mais rápida, por conta da reabertura da economia e avanço da vacinação.

Mas agora começamos o ano com Ômicron e essa crise na Ucrânia. Isso tudo vai limitar os investimentos das empresas. Por exemplo, o querosene da aviação vai ficar mais caro, as companhias aéreas talvez invistam um pouco menos, e tudo isso deve levar a um crescimento menor do que esperávamos. A tendência é certa: é positiva. O ritmo que é duvidoso e tende a ficar abaixo das expectativas.

(*) Crédito da foto: Lucas Barbosa/Hotelier News