O WhatsApp passou a permitir, desde ontem (11), que os usuários no Brasil comprem produtos e serviços pelo aplicativo de mensagens. Com a novidade, já anunciada anteriormente, os pagamentos serão feitos via chat após o cadastro de dados bancários, revela a Folha de S. Paulo. O recurso beneficiará diversos setores, como a hotelaria, que poderá utilizá-lo para otimizar a jornada do cliente.

O serviço, que ficou anos no aguardo de aval regulatório, focará primeiramente em pequenos comerciantes e terá implementação gradual, de acordo com o WhatsApp, que afirma que 99% dos smartphones no Brasil possuem o aplicativo instalado. A funcionalidade para transferências de recursos entre indivíduos e em seguida para pagamentos foi anunciada pela Meta em meados de 2020, quando o grupo controlador ainda era o Facebook.

A ferramenta, porém, foi bloqueada pelo BC (Banco Central) e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). As autarquias justificaram a decisão alegando impactos no sistema de pagamentos do país em termos de concorrência, eficiência e privacidade de dados, bem como a necessidade de licenças regulatórias.

Dias depois, o Cade retirou a suspensão, enquanto o BC liberou a transferência entre indivíduos somente no primeiro semestre de 2021 e a modalidade de pagamentos apenas no mês passado. Nesse meio tempo, o Pix foi lançado e se consolidou no Brasil, também ofertando transferência gratuita de recursos entre indivíduos e ferramenta de pagamentos.

Como funciona

Guilherme Horn, chefe do WhatsaApp na América Latina, disse à Reuters que o pagamento pelo aplicativo é complementar ao Pix, e que a ferramenta pretende incluir a modalidade do BC em seu sistema futuramente. Inicialmente, o app aceitará cartão de débito, crédito e pré-pago.

Para comprar no WhatsApp, será necessário fazer cadastro dados bancários na aba Pagamentos do aplicativo, com o portfólio inicial envolvendo cerca de 15 bancos. Depois, o pagamento poderá ser realizado no próprio chat com a empresa.

Sobre a segurança da modalidade, Horn destaca que as bandeiras Visa e Mastercard, parceiras do WhatsApp no negócio, realizarão a tokenização dos cartões, ou seja, uma representação digital que será armazenada. Caso ocorra alguma mudança no celular, como troca de números ou chip, o processo terá que ser refeito.

Início gradual

No período inicial, as vendas via WhatsApp estarão disponíveis apenas para alguns empreendimentos que usam a versão Business do aplicativo, voltada exclusivamente para negócios. O serviço de mensagem conta também com o WhatsApp Business API, uma versão mais robusta e paga, voltada para empresas maiores, mas que ficará fora da modalidade de pagamentos por ora.

O foco em pequenos empresários é uma estratégia do WhatsApp para o lançamento do produto, visto que o BC não instituiu limites neste sentido. Os comerciantes precisarão estar cadastrados junto à Cielo, Mercado Pago ou à Rede, do Itaú Unibanco.

O chefe do WhatsApp na América Latina afirmou que não haverá limitação de valor dos pagamentos em determinado período de tempo, processo que será regulado pelos bancos e adquirentes conforme transações de cartões comuns.

A entrada dos pagamentos pelo aplicativo no Brasil ocorre após a empresa lançar, em 2022, uma função para procura dos contatos do comércio. “Vimos cada vez mais as jornadas de compra irem para dentro do WhatsApp”, afirma Horn.

Para ele, o principal ganho financeiro com a ferramenta de pagamentos será a potencialização das receitas de outros negócios. Por exemplo, anunciantes no Facebook e Instagram conseguem, atualmente, levar o consumidor ao WhatsApp por meio de links, mas agora essa interação pode terminar em uma compra.

Questionado se há intenção de expandir os serviços financeiros do WhatsApp para outros países, em especial da América Latina, Horn confirmou que faz parte dos planos, mas não detalhou quando. “Essa é uma funcionalidade de regulamentação local, não é uma que você expande para outros países”, lembrando da necessidade das aprovações regulatórias em cada nação.

(*) Crédito da capa: LoboStudioHamburg/Pixabay