Localizado em um dos destinos mais procurados do Nordeste, a pousada Vila Kalango gradualmente recupera as perdas oriundas da pandemia. Desde a reabertura, em 13 de agosto, o hotel de Jericoacoara (CE) registra índices de ocupação crescentes. O ápice ocorreu na reta final do ano, em movimento que deve se estender até o Carnaval.

A tendência de alta, na verdade, segue a trajetória do próprio destino. Jericoacoara vem lotando desde a retomada dos voos regulares para o aeroporto local. Turistas de várias partes do país, além do regional, lotam o destino cearense desde o final do ano passado. Um dos principais empreendimentos da cidade, a Vila Kalango naturalmente surfa esse bom momento, fechando dezembro com 80% de ocupação – no Réveillon foi 100%.

Samara Melo, líder de Recepção e Eventos da Vila Kalango, conta que as boas taxas de ocupação trouxeram outro fator positivo, além de uma “preocupação”. “Como a vila de Jeri está muito cheia, os nossos hóspedes não estão conseguindo jantar nos restaurantes locais. Isso tem feito girar bastante nossa área de A&B (Alimentos & Bebidas), pois os clientes estão fazendo suas refeições por aqui mesmo”, explica.

“Ao mesmo tempo, isso exige mais atenção da nossa equipe para evitar aglomerações e seguir nossos protocolos de distanciamento. Além disso, em algumas ocasiões, tivemos que fechar o restaurante do hotel para o público externo pelo mesmo motivo. Foi necessário privilegiar nossos hóspedes”, completa.

Apesar de alta demanda, a pousada conseguiu fazer uma boa gestão do inventário e evitar lotação (e aglomeração). “Quando reabrimos, nossas expectativas não eram tão elevadas. Realmente, a demanda superou o que projetamos. Achamos que as pessoas teriam medo de viajar, mas a vila de Jeri lotou”, conta Samara. “Nossa meta era trabalhar sempre com 80% de capacidade, mas houve datas em que, por conta de remarcações do início de 2020, operamos com 100%”, acrescenta.

Vila Kalango - fim de ano positivo_palafita

Palafita é um dos três tipos de acomodação da pousada, que segue uma decoração típica da região

Vila Kalango: mudança de público

Com 24 acomodações, entre bangalôs, apartamentos e palafitas, a Vila Kalango tem uma decoração que simula as casas mais simples da região. Por isso, segundo Samara, o período de fechamento temporário serviu para fazer pequenas intervenções na pousada. Já as diárias, neste final de ano, variaram de R$ 1310 a R$ 1760 para duas pessoas.

“Anualmente fechamos em maio para fazer manutenções e reparos em função das características típicas da região em nossa infraestrutura e arquitetura. Refiro-me à reposição de palha nos bangalôs e nas palafitas, assim como pintura, manutenção dos quartos e no deque da piscina”, explica. “Pretendemos fechar por 45 dias para realizar esses reparos, a partir de 25 de abril.”

Com o fechamento das fronteiras aéreas durante boa parte do ano passado, o público internacional (tradicionalmente 60% da clientela da pousada), reduziu drasticamente. “Desde a reabertura, o público nacional passou a representar 90% da ocupação. Os principais mercados emissores foram São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Houve um aumento do público regional também”, informa. “Tradicionalmente, hospedamos muitas famílias e praticantes de kitesurfe e windsurfe, mas tivemos aumento de procura por casais”

Para 2021, e com a vacinação ocorrendo mundo afora, Samara espera a volta do público internacional. “Na verdade, isso já está ocorrendo. Muitas remarcações do ano passado foram feitas para o segundo semestre. Muitos deles são de hóspedes fiéis, que ficam até 20 dias conosco. Nosso feeling é que, em 2021, teremos de volta o perfil do público do período pré-pandemia”, avalia.

Entre os aprendizados gerados pela pandemia na operação, Samara diz que deve manter muitos deles. “Mesmo com vacina, vamos manter alguns protocolos e processos adotados. Um exemplo mais cristalino é o uso do WhatsApp na comunicação com o hóspede. Sentimos que gostaram bastante dessa iniciativa, por exemplo”, finaliza.

Vila Kalango - fim de ano positivo_A&B

A&B da Vila Kalango ficou movimentado no final do ano: aqui um delicioso tartar de atum

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News