De acordo com levantamento publicado pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) em parceria com a Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), o setor teve faturamento de R$ 93,6 bilhões no ano passado. A cifra representa incremento de 81,6% frente a 2021 e 4,7% abaixo de 2019.

Especificamente em dezembro, houve gasto estimado de R$ 6,5 bilhões em viagens corporativas no país, alta de 15,7% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, superando em 2,3% o nível pré-pandêmico. Vale destacar que, nesse período, o ritmo é mais intenso devido às férias.

“Esse valor inclui o transporte, meios de hospedagem, alimentação, locação de veículos, custos com agências e operadoras, transporte rodoviário, entre outros. Em 2023, temos como tendência os preços altos, porém estáveis, o que traz maior previsibilidade para as empresas elaborarem orçamentos e planejamentos, além da flexibilidade e realocação de recursos e redução da tarifa médio”, destaca Guilherme Dietze, consultor econômico da FecomercioSP.

Cenário otimista

Para Giovana Jannuzzelli, diretora executiva da Alagev, o saldo positivo de 2022 traz o termômetro do aumento das ações das empresas em eventos, reuniões e visitas, entre outros. “Acredito que 2023 tenha bons resultados como o ano anterior. Porém, o segmento pode enfrentar alguns obstáculos como, por exemplo, a escassez de mão de obra, decisões de encontros entre reuniões virtuais ou presenciais, custos elevados na cadeia de fornecedores, guerra da Ucrânia, juros altos e incertezas. Por outro lado, vejo as organizações se reinventando e investindo em eventos corporativos”, pontua.

De acordo com o estudo, 2022 foi marcado por dois momentos distintos. O primeiro, no início do ano, principalmente no primeiro bimestre, pelas consequências da variante Ômicron, que provocou cancelamentos naquele período. Dessa forma, a recuperação foi mais lenta do que o esperado.

Já o segundo momento, entre agosto e dezembro, houve baixa nas restrições impostas pela pandemia de Covid-19 e, com isso, resultando na aceleração dos planejamentos de viagens corporativas e eventos. Tanto que o setor atingiu faturamento médio superior a R$ 9 bilhões por mês, similar ao que se observava antes de 2020.

Esse faturamento na segunda metade do ano também foi creditado à escalada dos custos das viagens que as empresas tiveram que arcar, principalmente em relação às passagens aéreas. As consequências do conflito na Ucrânia foram vistas em praticamente toda a cadeia do turismo. Por outro lado, devido à maior previsibilidade para este ano, a tendência é de que as empresas sigam expandindo seus gastos com viagens e eventos.

“As viagens corporativas no Brasil tiveram resultados mais interessantes do que o esperado, o que pode ser atribuído ao desejo de realizar encontros presenciais, participar de eventos e ampliar as estratégias de recuperação das atividades pós-restrições 2020-2021. Os preços mais elevados alteraram parcialmente as dinâmicas, com concentração de demanda em destinos mais próximos e acessíveis por carro e ônibus, no caso de eventos e convenções, o que contribuiu com os bons resultados das regiões Sul e Sudeste”, diz Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP.

“Para 2023, espera-se uma acomodação entre os eventos presenciais e as ações remotas com apoio de tecnologia, caso os preços não baixem. Por outro lado, o setor de eventos tem investido em inovação e criatividade, o que pode ampliar a concorrência e aumentar a demanda”, finaliza.

O estudo pode ser consultado na íntegra no link.

(*) Crédito da capa: Unsplash