Multipropriedade Summit: raio X dos profissionais da multipropriedade no Brasil

A segunda edição do estudo, que tem objetivo de mapear o perfil dos profissionais no mercado, teve seus resultados apresentados no Multipropriedade Summit. A pesquisa ouviu 715 profissionais, com margem de erro de 3%, e trouxe resultados polêmicos. Por exemplo, apenas cerca de 10% dos profissionais do mercado são proprietários de cotas de multipropriedade.

A maior parte deles têm de 25 a 39 anos e tempo de atuação profissional de 10 a 15 anos, e mais da metade são solteiros. Quanto ao modelo de contratação, a área apresenta uma grande pejotização, com 78,6% dos profissionais em modelo de contratação PJ.

Outros dados

Apesar de manter a 6ª posição na lista de itens que os profissionais consideram relevantes para a permanência no cargo, houve aumento expressivo na porcentagem de pessoas que marcaram “muito importante” para o valor do salário. A pesquisa completa pode ser conferida no site do Turismo Compartilhado.


Acesso ao mercado de capitais em debate
Logo após o painel de abertura do Multipropriedade Summit, aberto agora há pouco em São Paulo, a programação tocou em outro assunto estratégico para a indústria de vacation rentals no Brasil: funding.
Já com a notícia fresquinha da indicação de novo ciclo de queda na Selic por parte do BC, Caio Calfat, presidente do Conselho da Adit Brasil; Diego Siqueira, founder e Co-CEO da Trinus; Lucas Tortelli, Head Real Estate Brazil do GRI Club; e Bob Carline, sócio-diretor da AFS Capital, participaram do painel Quais os caminhos possíveis para acessar o mercado de capitais.
Calfat, mediador do painel, começou falando sobre os inúmeros desafios para conseguir investimentos no mercado de multipropriedade, e convidou Siqueira a falar sobre os caminhos para superá-los.

Multipropiedade Summit - Painel_Funding

O founder da Trinus mencionou um erro comum, que é o desenvolvedor perguntar “qual é o valor máximo que consigo captar no mercado para esse empreendimento?”. Para Siqueira, na verdade, o questionamento deveria ser outro.

“Qual é o mínimo de capital de terceiros que preciso para viabilizar o meu projeto?”. 

Já Tortelli diz enxergar positividade no mercado e afirma que grandes investidores internacionais estão se abrasileirando, buscando negócios por aqui, como é o caso do fundo soberano de Cingapura.

“Agora, é preciso capacitação desses players acerca da multipropriedade para atrair investidores”, avalia.

Diferenciação  

Em outro tópico relacionado ao acesso a recursos, Calfat questionou Carline sobre sobre inovação em projetos no mercado de multipropriedade e o que investidores estão olhando. Segundo o sócio-diretor da AFS, empreendimentos nichados e focados na experiência, bem como com forte apelo ESG, são atrativos.

“Para buscar essa importante etapa do funding, o empreendedor precisa se perguntar certas coisas. Por exemplo: o que estou fazendo diferente em relação à concorrência? Como me destaco? Será que não estou somente replicando as coisas que já estão sendo feitas?”, ponderou.

Para finalizar, Tortelli acrescentou que está vendo o mercado buscar novos produtos e conceitos, como resorts de vinho e de alta renda. “Agora, ao mesmo tempo, não cabe mais planilhas irreais. O setor precisa amadurecer e se profissionalizar”, finalizou.


Importância da governança corporativa abre os debates do evento

Começou agora há pouco, no Wyndham Garden Convention Nortel, em São Paulo, o Multipropriedade Summit. Organizado pelo canal Turismo Compartilhado, o evento vai abordar diversos aspectos relacionados à indústria de vacation rentals. Distratos, funding, transformação digital e gestão de pessoas são alguns dos temas que serão debatidos.

Após as boas-vindas aos participantes feita por Flávia Correia, sócia do Turismo Compartilhado, foi realizada abertura do encontro, que explorou o assunto governança corporativa.

Com o tema Como a relação com stakeholders determina a gestão de riscos da sua propriedade, o painel teve a participação de Alessandro Cunha, CEO da Aviva; Luiz Fernando Mathia, diretor de Vacation Ownership do Hot Beach Residence Club; Camila Abigail, CEO da Abissal Capitalismo Saudável; e Danilo Samezima, CEO da Oceanic Empreendimentos.

Samezima foi o mediador do painel e iniciou sua fala enfatizando a importância das consultorias para estruturar projetos no mercado de multipropriedade, propondo, na sequência, que os demais participantes falassem sobre seus respectivos empreendimentos. 

Cunha, por exemplo, destacou a estrutura de governança da Aviva. “Há mais de 30 anos, temos um conceito de administração estabelecido, com uma rotina bem definida”, afirmou. Quando questionado sobre a pandemia, ele destacou que foi a estrutura robusta de governança da empresa que garantiu sua sobrevivência. “Graças à governança, a tomada de decisão foi rápida, e isso foi fundamental”, complementou. 

Mathia, por sua vez, reforçou a fala de Cunha, destacando como a pandemia foi exigente para as empresas do setor. “Exigiu mais flexibilidade de nós. Foi necessário aprender essa habilidade, a rever procedimentos olhando para o cliente”, comentou o executivo do Hot Beach. “Sempre, claro, preocupando-se com o resultado e os stakeholders. Realmente, a palavra-chave desse período foi flexibilidade.”

Estrutura

Marco Vargas falou sobre o que ele experienciou com sua atuação em consultorias na época da crise sanitária. “Existia esperança de que, quando aquilo tudo passasse, coisas melhores viriam. Quando tudo acabar, vamos começar esses projetos. Pouco a pouco estamos retomando esse movimento com o mesmo nível do passado”, afirma.

Por fim, Camila, que atua especificamente com governança corporativa e ESG, trouxe insights sobre governança. “Desmistificando o conceito, governança é a direção a nortear a tomada de decisões. Conselhos administrativos, comitês e afins, são ferramentas da governança, não ela em si”, destacou. “Portanto, não dá para falar sobre governança sem se valer de todos os stakeholders do mercado, com ênfase nos clientes”, finalizou a CEO da Abissal. 

(*) Crédito das fotos: Hotelier News