Em evento realizado agora há pouco no Cubo, em São Paulo, foi inaugurado oficialmente o Turistech Hub. A inciativa, idealizada e liderada pela consultoria Numerik, tem participação direta de algumas das principais associações da indústria de viagens, casos da Resorts Brasil, Alagev, Braztoa e Adit Brasil, que também são mantenedoras do ecossistema de inovação. Empresas como a BeFly também compõe o quadro de parceiros estratégicos, assim como o Hotelier News, que divulga e apoia a iniciativa desde o começo. O encontro foi marcado ainda por uma grande novidade, que será detalhada no final do texto.

O objetivo principal do Turistech Hub, lançado oficialmente durante a edição deste ano do Lacte, é criar um ecossistema de inovação no qual associações do turismo, empresas mantenedoras, parceiros estratégicos e startups atuam em colaboração para a identificação de dores e, em consequência, de futuras oportunidades de desenvolvimento de inovações destinadas à indústria de viagens.

“Um dia muito importante para todos desta sala, porque finalmente um sonho de três anos se materializa”, disse Eduardo Lorea, CEO e fundador da Numerik. “Passamos por trocas de governos federal e estadual, pandemia e muitos outros desafios até chegar aqui. Então, queria agradecer a todos os presentes, pois só chegamos até aqui em função de vocês”, completa.

O evento marcou não só a abertura oficial do espaço onde startups atuarão e serão aceleradas (e que terá o próprio Cubo como sede), mas também contou com um ciclo de debates sobre desafios de inovação na indústria de viagens. O primeiro painel, por exemplo, teve participação de dirigentes das entidades que integram o hub, casos de Ana Biselli (Resorts Brasil), Roberto Nedelciu (Braztoa), Sandra Veloso (Alagev) e Rony Stefano (Adit Brasil).

Dirigentes das entidades conversam no evento

“O desafio da competitividade não é o único do turismo. Isso porque há também uma agenda altamente relevante para indústria, que é o da sustentabilidade. Há, portanto, muitos assuntos que o setor precisa avançar e o hub será um importante local para identificá-los, debatê-los e ajudar a solucioná-los”, introduziu Lorea.

Em sua fala, por exemplo, Ana Biselli destacou que a inovação não acontece do dia para a noite. “E não basta só investimento, existe também a necessidade de criar processos para que ela ocorra. Em meio a isso, há mais ou menos nove meses, começamos a sonhar juntamente com o Eduardo, o Roland Bonadona e a Gabriela Schwan em criar esse ambiente colaborativo. E, de fato, esse foi o maior desafio: gerar essa colaboração entre os diferentes players do setor para que essa jornada aconteça”, comentou.

Já Nedelciu, da Braztoa, destacou que as operadoras atuam de forma muito transversal, o que, portanto, implica na existência de diferentes dores para o setor. “Vendemos resorts, alugamos carro, elaboramos viagens… Então, falar de desafios é até engraçado, pois temos dezenas deles mesmo antes da pandemia. Agora, o curioso que a crise sanitária mostrou que há ainda muito espaço para as operadoras.”

“Então, temos muitas frentes para explorar, com novas ferramentas tecnológicas abrindo múltiplas possibilidades, caso do ChatGPT. Por exemplo, como as operadoras podem usá-lo?” indagou. “Então, acredito que estamos numa bifurcação em que precisamos entender como a tecnologia pode nos auxiliar a melhorar processos e a avançar”, completou Nedelciu.

Inovação

Na sequência, Silvio Ferraz deu uma visão sobre o ecossistema de negócios montada ao redor da BeFly. Para o vice-presidente de Produtos e Novos Negócios da empresa, a criação desse hub de startups ao redor da empresa surgiu das necessidades que as diferentes marcas do grupo tinham em sua operação.

Hoje, esse ambiente é formado por 33 empresas de diferentes segmentos de negócio, como montadoras de eventos, serviços financeiros, locadoras de veículos e transporte rodoviário, entre outros, além de uma academia e de uma incubadora. “Então, hoje, essas empresas nos abastecem de tecnologias que nos ajudam encontrar soluções e melhorarias para nossos processos internos”, comentou.

Em relação ao Turistech Hub, Ferraz – executivo com passagem pela CVC durante muitos anos – disse que a participação da BeFly faz todo sentido. “Com o hub, nossa expectativa é grande para tornar o ambiente mais aberto e com oportunidade de integração entre seus participantes. Temos um amplo ecossistema de marcas e queremos ajudar a criar um ambiente acolhedor para desenvolvimento de iniciativas que possam gerar avanços para o turismo”, afirmou.

Mais um integrante

O final do encontro, que teve ainda um tour pelas instalações onde o hub funcionará na prática, teve um anúncio relevante. Embora o ecossistema tenha sido idealizado e desenhado para a participação da inciativa privada, o interesse de uma agência governamental em integrá-lo não poderia ser ignorado. Por isso, durante o evento, Eduardo Lorea anunciou a Embratur como nova mantenedora.

Por meio de videoconferência, Edivaldo Júnior explicou que inovação é uma pauta central para a agência de promoção. “E, dentro das muitas possibilidades nas quais a inovação pode auxiliar nossa atuação, decidimos apostar na experiência do turista”, comentou o gerente de Inovação da Embratur.

“Dessa forma, criamos o projeto Embratur Lab com o objetivo de criar experimentações inovadoras para a promoção turística do Brasil. O objetivo é identificar dores dos turistas para buscar soluções que ajudem a mitigá-las para, em uma etapa posterior, testá-las e implementá-las”, acrescentou.

“Por fim, para criar essas soluções, temos que nos integrar a um ecossistema de inovação. Então, a parceria com o Turistech Hub torna-se muito estratégica para a Embratur”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News