Três perguntas para: Raffaele Cecere
22 de abril de 2020Cecere atua no mercado de eventos desde os 22 anos
Sócio-fundador do Grupo R1, uma das empresas de audiovisual mais reconhecidas do mercado e grande parceiro do Hotelier News, Raffaele Cecere traz no Três perguntas para o olhar de quem está desde os 22 anos no ramo de eventos sobre a pandemia de coronavírus e o cenário que nos aguarda na retomada.
Apesar da formação em Psicologia, Cecere nunca exerceu a profissão e se especializou em Informática. Ao lado do primo, fundou a R1 em 2004, que até então funcionava como uma empresa de aluguel de equipamentos de audiovisual para eventos. “Nesta trajetória, passamos por muitas crises como a de 2008, 2011, 2014. Estamos tarimbados”, conta.
No ano passado, a empresa completou 15 anos com muitas novidades. A R1 passou a ser integrante da Avixa (Associação Mundial de Audiovisual e Experiências Integradas); fechou acordo com a belga beMatrix; lançou um camarote na Arena Corinthians e, recentemente, anunciou uma nova ferramenta voltada para feiras virtuais.
Cecere ainda atua como diretor Administrativo e Financeiro da Alagev (Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas), vice-presidente do Visite São Paulo e sócio proprietário do ClickOffice, plataforma de aluguéis de salas de reuniões em hotéis.
Três perguntas para: Raffaele Cecere
Hotelier News: Com os cancelamentos em massa no primeiro semestre, quais ações o mercado de eventos deve tomar para evitar o congestionamento de agendas e queda de público?
Raffaele Cecere: Audiovisual e transporte são os últimos serviços a serem contratados nos eventos. Tivemos 99% de cancelamentos. No início de março, estava empolgado, não achava que a pandemia chegaria a este ponto. O setor de eventos reúne pessoas e acredito que retomaremos lentamente entre agosto e setembro, mas isso é um palpite. Precisamos de um movimento político racional.
Na minha opinião, o setor este ano morreu, mas pode ser que isso mude. Temos consciência de que o mercado não vai voltar igual e vamos investir em formatos que proporcionem presença virtual. Acredito que a agenda do segundo semestre não ficará congestionada, visto que muitos eventos foram adiados para 2021.
HN: Muitas pessoas podem se sentir inseguras para participar de eventos com muitas pessoas após a pandemia. Como trabalhar a confiança do público e engrenar a retomada?
RC: Haverá uma mudança comportamental. Você daria a mão para alguém depois da pandemia? Abraçaria? A retomada da confiança será gradual e temos que analisar momento a momento. Os profissionais de eventos precisam mostrar ferramentas que sejam alternativas para as pessoas não ficarem expostas. Não acho que as tecnologias vão tomar o espaço dos eventos presenciais, talvez apenas em pequenas reuniões. As empresas precisam olhar custos, pensar fora da caixa e se aperfeiçoar para o momento de retomada.
HN: Quais as principais lições que o segmento Mice vai levar da crise?
RC: Vamos tirar boas lições, como pagamentos adiantados e redução de prazos, pois as empresas não têm mais fôlego para bancar custos antecipadamente. Como saímos da correria do dia a dia, estamos conseguindo pensar em novas formas de fazer eventos e de nos relacionarmos. Entendemos que o ser humano precisa do ser humano. Vamos dar mais valor às pessoas e coisas que estão no automático no nosso cotidiano. Essa crise foi uma antecipação do futuro que nos faz questionar se é isso que queremos. Acredito que a principal mudança será a social, estamos todos ansiosos para voltar a ver nossos familiares e amigos.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Grupo R1