A economia brasileira fechou 2022 com crescimento acumulado de 2,9%, de acordo com dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados hoje (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 3%, aponta a Folha de S Paulo. O crescimento é creditado, entre outros fatores, à alta de 4,2% do setor de serviços e consequente recuperação do turismo, cujas atividades foram severamente prejudicadas pela pandemia e agora estão consolidando a retomada.

“Com certeza, o turismo foi um dos destaques de 2022, pois tivemos a reabertura plena da economia”, afirma a economista Silvia Matos, coordenadora do Monitor do PIB da FGV (Fundação Getulio Vargas), em entrevista ao G1. Dados específicos do setor não estão entre aqueles monitorados para o cálculo do indicador. Alojamento e alimentação, por exemplo, estão relacionados entre os serviços prestados às famílias. Mas a Pesquisa Mensal de Serviços, também realizada pelo IBGE, aponta crescimento de 24% das atividades do setor em 2022.

“No PIB, tudo isso está dentro de uma grande atividade de ‘outros serviços’. Segundo estimativas do Boletim Macro, ela cresceu 11,5% em 2022. E os serviços prestados às famílias são um dos grandes destaques do ano. Isso era esperado com o fim da pandemia”, enfatiza Silvia. No recorte do quarto trimestre do ano passado, o PIB recuou 0,2% em relação aos três meses anteriores, aponta o Instituto.

Além disso, o ano passado foi marcado pelo fim das restrições da pandemia de Covid-19, o que estimulou a circulação de pessoas, consumo de serviços e a retomada do mercado de trabalho. Entretanto, a elevação dos juros para conter a inflação criou uma barreira para esse crescimento econômico, sobretudo no segundo semestre, visto que o crédito ficou mais caro para as famílias e empresas.

Perspectivas

Neste cenário, analistas passaram a prever uma desaceleração do PIB a partir da reta final do ano passado, e que deve prosseguir ao longo de 2023. Além dos juros elevados, o menor fôlego da economia global e a inflação persistente são apontados como questões que devem inibir a atividade.

No acumulado para este ano, a alta esperada para a economia brasileira é de 0,84%, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo Banco Central. Em fevereiro, a instituição decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%, o que pode comprometer os investimentos em desenvolvimento do setor hoteleiro e evidenciando a relação existente entre os dados macroeconômicos e a recuperação do setor.

Crescimento do PIB e impacto na hotelaria

O incremento do PIB teve impacto direto no setor hoteleiro em 2022. Principal polo turístico do Brasil, o Rio de Janeiro voltou a ver os índices crescendo nos hotéis no ano passado. Ao final do ano, a ocupação dos empreendimentos, a mão de obra empregada e o faturamento da hotelaria como um todo superaram os patamares pré-pandemia.

“O balanço do ano mostra que o setor hoteleiro no Rio de Janeiro voltou a faturar, a contratar pessoal, pagar impostos e gerar riqueza econômica”, enfatiza Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO (Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro).

De acordo com ele, o grande destaque foi a recuperação da diária média. “Em alguns casos, houve reajuste de mais de 20% nas tarifas”, aponta. A ocupação, por sua vez, cresceu cerca de 15% na comparação com 2021, o que também impactou no mercado de trabalho, com a reabertura de vagas de emprego extintas com a demissão de trabalhadores no primeiro ano de pandemia. O aumento também foi estimulado pela realização de grandes eventos, como o Rock In Rio, que atraiu milhares de turistas para a Cidade Maravilhosa.

(*) Crédito da capa: joaogbjunior/Pixabay