Por fatores como a diminuição dos riscos externos, um cenário cambial mais favorável e expectativas de redução nas projeções de inflação nos próximos anos, economistas vêm considerando aumento do ritmo de corte da Selic. Na próxima reunião, espera-se um novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, chegando a 11,75% ao ano. A situação internacional favorável, incluindo a queda nos juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, contribuiu para a valorização do real em relação ao dólar, conforme aponta a Folha.

A melhoria no cenário externo e o impacto positivo no câmbio podem levar a projeções de inflação mais baixas para 2024 e 2025. No entanto, alguns economistas alertam que, apesar desses fatores positivos, é necessário manter cautela. O próximo encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), que ocorre na quarta-feira (13), será crucial para sinalizar os próximos passos, e há divergências sobre a possibilidade de aceleração nos cortes de juros em 2024.

Alguns analistas sugerem que o BC (Banco Central) pode ajustar sua comunicação para indicar uma possível mudança na estratégia, talvez antecipando cortes mais significativos. No entanto, outros argumentam que é difícil acelerar o ritmo dos cortes à medida que a taxa de juros se aproxima de um nível considerado “terminal”.

Fatores de influência

Apesar das expectativas de inflação mais baixas, Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, espera que o Copom destaque que as estimativas ainda estão acima da meta central de 3%, justificando a decisão de manter os juros em um patamar contracionista, acima do nível neutro que não estimula nem desestimula a economia.

Schwartsman enfatiza que, embora a melhora no câmbio seja benéfica, ela não é suficiente para resolver todos os problemas. Os economistas destacam como “ventos favoráveis” a continuidade do processo de desinflação e a confirmação da desaceleração da atividade econômica, apesar do último dado do PIB (Produto Interno Bruto) ter surpreendido com um crescimento de apenas 0,1%.

Daniel Karp, economista sênior do Santander, critica a postura conservadora do Banco Central em relação aos riscos globais no encontro anterior e considera que houve um receio prematuro em relação à situação econômica.

Na próxima reunião, o foco do mercado estará principalmente na indicação dos próximos passos. Desde agosto, quando o BC iniciou o ciclo de queda da Selic, o Copom tem reiterado que “os membros do comitê, de forma unânime, preveem uma redução de magnitude semelhante nas próximas reuniões”.

Essa sinalização é válida para os dois encontros subsequentes. Enquanto alguns participantes do mercado esperam que a mensagem seja mantida, outros preveem uma possível mudança na comunicação, buscando antecipar ajustes no plano de ação.

Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, sugere uma abordagem para deixar a porta aberta para uma aceleração no ritmo de redução, sem causar muitos impactos, propondo a substituição do plural “próximas reuniões” pelo singular. Dessa forma, o mercado interpretaria que a indicação é específica para janeiro. Damico visualiza a possibilidade de um corte mais significativo da taxa Selic, de 0,75 ponto percentual, na segunda reunião de 2024, em março.

(*) Crédito da foto: 668902/Pixabay