Após três meses consecutivos de expansão, o setor de serviços no Brasil apresentou contração em fevereiro, frustrando as expectativas e interrompendo a sequência positiva de crescimento. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou dados nesta hoje (12), indicando um recuo de 0,9% no volume de serviços no segundo mês do ano em comparação com janeiro, revela a Folha de São Paulo.

A expectativa de um avanço de 0,2%, conforme apontado em pesquisa da Reuters, contrasta fortemente com o resultado do mês, evidenciando desempenho aquém do esperado. Esta retração ocorre após um período de crescimento de três meses consecutivos, no qual o setor de serviços registrou expansão de 1,5%, refletindo um contexto de mercado de trabalho aquecido e inflação controlada. Entretanto, analistas preveem desaceleração ao longo deste ano, em linha com a acomodação da atividade econômica nacional.

Desafios e perspectivas

Os dados do IBGE revelam que, na comparação com o mesmo período do ano anterior, o volume de serviços apresentou crescimento de 2,5%, abaixo da expectativa de 4,5%, sinalizando um cenário de desafios e perspectivas cautelosas. O Banco Central, atento ao desempenho dos serviços e à inflação do setor, mantém seu ciclo de afrouxamento monetário, com a taxa básica de juros atualmente em 10,75%. No mês de fevereiro, quatro das cinco atividades pesquisadas registraram queda no volume de serviços, evidenciando um movimento de reversão após meses de crescimento.

Luiz Almeida, analista do IBGE, destaca que este padrão é particularmente observável na atividade de serviços profissionais, administrativos e complementares, que apresentou queda de 1,9% em fevereiro, após aumento de 1,0% no mês anterior.

Tendências emergentes

A análise detalhada revela retração de 1,5% no setor de informação e comunicação, compensando parcialmente o ganho de 3,6% dos últimos quatro meses. Esse declínio é atribuído principalmente a portais, provedores de conteúdo e serviços de informação na internet.

Além disso, o segmento de serviços prestados às famílias registrou aumento de 0,4%, embora não tenha sido suficiente para recuperar a queda de 2,9% em janeiro. O índice de atividades turísticas, por sua vez, também apresentou queda de 0,8% em fevereiro em relação ao mês anterior, marcando o segundo declínio consecutivo, o que reflete desafios contínuos para o setor diante de um contexto econômico em evolução.

A situação atual do setor de serviços no Brasil sugere a necessidade de uma análise cuidadosa das tendências emergentes e dos desafios a serem superados para garantir uma recuperação sustentável e resiliente.

(*) Crédito da foto: Unsplash